sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Construtoras e incorporadoras respondem à demanda e ampliam práticas ESG, FSP

 Ana Paula Branco

SÃO PAULO

O estudo ESG na Prática, elaborado pelo CTE (Centro de Tecnologia de Edificações) em parceria com a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), aponta forte crescimento da aplicação do conceito ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança corporativa).

Segundo o levantamento com 27 empresas do setor, 71% delas já cumprem diversas ações de ESG e outras 29% estão em fase inicial de implementação.

Empresa adota ecotapume de plástico 100% reciclado em suas obras - Tegra/Divulgação

A mobilização é uma resposta à pressão da sociedade por iniciativas que minimizem os impactos socioambientais de um setor que responde por 38% das emissões de CO2 relacionadas à energia e tem mão de obra com menos especialização.

"O ESG é um caminho sem volta", diz Luiz França, presidente da Abrainc. "Há uma demanda crescente, consumidores mais jovens, entre 25 anos e 35 anos, que nasceram consumindo esses valores e abandonam as marcas que não os aplicam", afirma.

Dos entrevistados que responderam ter algum tipo de conhecimento sobre ESG (94%), cerca de 64% levaram em consideração os critérios ESG na escolha dos seus investimentos.

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A não adesão aos investimentos ESG está relacionada, principalmente, com a falta de confiança e a dificuldade dos investidores em analisar e comparar as informações divulgadas.

Obstáculo que tende a diminuir a partir de 2023, quando a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) passa a exigir mais informações ESG das companhias.

Para atender aos critérios ambientais do conceito, as empresas precisam ter iniciativas para proteger os recursos naturais, reduzir a emissão de poluentes e impactar positivamente o meio ambiente.

"Uma das boas práticas é fonte de energia solar. Se conseguir instalar para as áreas coletivas dos empreendimentos, barateia inclusive para quem vai morar", afirma França.

Há também uma busca cada vez maior pela obtenção da certificação NBR ISO 14.000, que garante às empresas do setor a redução dos custos de produção, melhora da imagem pública e aumento na eficiência dos serviços.

As propostas sociais do ESG incluem engajamento das empresas em relação às políticas de diversidade para o ambiente de trabalho e projetos para reduzir a desigualdade na sociedade, por exemplo. Pelo estudo, no Brasil, 81% das empresas atuam para cumprir estes compromissos.

"O setor da construção civil é muito masculino. Por isso, nós aumentamos o número de mulheres nos canteiros de nossas obras", afirma Angel Ibañez, diretor de ESG da Tegra, incorporadora premiada no Master Imobiliário 2022 por Melhores Práticas em ESG e Segurança do Trabalho.

E a governança, a letra G da sigla, pede transparência dos processos corporativos, como investimento em mecanismos para impedir casos de corrupção, discriminação e assédio.

França afirma que a adequação ao ESG "vem se tornando um ponto crucial na visão de investidores e dos principais players da incorporação".

Ibañez relata crescimento no número comercial da Tegra desde o início das práticas ESG pela incorporadora, em 2016, com multinacionais demandando a aplicação do ESG na construção de seus escritórios.


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