sexta-feira, 29 de abril de 2011

Médico alerta para excesso de diagnósticos e exames preventivos

20/03/2011 - 17h19


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DÉBORA MISMETTI
EDITORA ASSISTENTE DE SAÚDE
Doenças devem ser detectadas o quanto antes, para que haja sucesso no tratamento, certo?
Não, segundo o médico americano H. Gilbert Welch. O especialista em clínica médica é autor de "Overdiagnosed", recém-lançado nos Estados Unidos.
No livro, Welch, pesquisador da Universidade Dartmouth, afirma que a epidemia de exames preventivos, ou "screening", como são chamados nos EUA, coloca a população em perigo mais do que salva vidas.
Citando pesquisas, ele mostra evidências de que muita gente está recebendo "sobrediagnóstico": são tratadas por doenças que nunca chegariam a incomodá-las, mas que são detectadas nos testes preventivos.
"O jeito mais rápido de ter câncer? Fazendo exame para detectar câncer, disse ele à Folha*, por telefone.
Divulgação
O médico americano H. Gilbert Welch, autor do livro "Overdiagnosed"
O médico americano H. Gilbert Welch, autor do livro "Overdiagnosed"
*
Folha - Como exames preventivos podem fazer mal?
H. Gilbert Welch - A prevenção tem dois lados. Um é a promoção da saúde. É o que sua avó dizia: "Vá brincar lá fora, coma frutas, não fume". Mas a prevenção entrou no modelo médico, virou procurar coisas erradas em gente saudável, virou detecção precoce de doenças. Isso faz mal. Não estou dizendo que as pessoas nunca devem ir ao médico quando estão bem. Mas a detecção precoce também pode causar danos.
De que maneira isso ocorre?
Quando procuramos muito algo de errado, vamos acabar achando, porque quase todos temos algo errado. Os médicos não sabem quais anormalidades vão ter consequências sérias, então tratam todas. E todo tratamento tem efeitos colaterais.
Há um conjunto de males que podem decorrer de um diagnóstico: ansiedade por ouvir que há algo errado, chateação de ter que ir de novo ao médico, fazer mais exames, lidar com convênio, efeitos colaterais de remédios, complicações cirúrgicas e até a morte.
Para quem está doente, esses problemas não são nada perto dos benefícios do tratamento. Mas é muito difícil para um médico fazer uma pessoa sadia se sentir melhor. No entanto, não é difícil fazê-la se sentir pior.
Os médicos dizem que a detecção precoce é essencial no caso do câncer. Mas você diz que é perigoso. Não se deve tratar qualquer tumor inicial?
Não. Se formos tratar todos os cânceres quando estão começando, vamos tratar todo o mundo. Todos nós, conforme envelhecemos, abrigamos formas iniciais de câncer. Se investigarmos exaustivamente vamos achar câncer de tireoide, mama e próstata em quase todos. A resposta não pode ser tratar todos e nem tratar todo mundo. Ninguém mais ia ter tireoide, mamas ou próstata. Câncer de próstata é o símbolo dessa questão.
Por quê?
Há 20 anos, um teste de sangue foi introduzido para detectar câncer de próstata. Vinte anos depois, 1 milhão de americanos foram tratados por causa de um tumor que nunca chegaria a incomodá-los. Esse teste é o PSA [antígeno prostático específico]. Muitos homens têm números anormais de PSA. Eles fazem biópsias e muitos têm cânceres microscópicos e fazem tratamento, o que não é mero detalhe. Pode ser retirada da próstata ou radioterapia. Isso leva, em um terço dos homens, a problemas sexuais, urinários ou intestinais. Alguns até morrem na operação. Não podemos continuar supondo que buscar a saúde é procurar doenças.
Qual é o impacto desses testes de próstata na população?
Um estudo europeu mostrou que é necessário fazer exames preventivos de PSA em mil homens entre os 50 e 70 anos, por dez anos, para evitar a morte por câncer de uma pessoa. É bom ajudar uma pessoa. Mas precisamos prestar atenção às outras 999. Por causa desses exames, de 30 a 100 homens são tratados sem necessidade.
As pessoas precisam refletir. Cada mulher pode decidir se quer fazer mamografia todo ano. Mas temo que estejamos coagindo, assustando e incutindo culpa nelas, para que façam mamografias.
Mas a detecção precoce não é o fator que mais reduz a mortalidade de câncer de mama?
Na verdade, não. Os esforços mais relevantes no câncer de mama vêm de tratamentos melhores, como quimioterapia e hormônios. Os avanços no tratamento nos últimos 20 anos reduziram a mortalidade em 50%.
O problema é se adiantar aos sintomas. Não há dúvida de que uma mulher que percebe um caroço deva fazer uma mamografia. Isso não é teste preventivo, é exame diagnóstico. Claro que os médicos preferem ver uma mulher com um pequeno nódulo no seio do que esperar até que ela desenvolva uma grande massa. A questão não é entre atendimento cedo ou tarde, mas entre buscar atendimento logo que você fica doente e procurar doenças em quem não tem nada.
Critérios usados em exames como de pressão e diabetes estão mais rígidos. Estão deixando todo mundo "doente"?
Sim. Somos muito tirânicos sobre saúde. O que é saúde? Se formos medicalizar a definição de saúde, seria: "Não conseguimos achar nada errado". A pressão está abaixo de 12 por 8, o colesterol está abaixo de tal valor, fizemos uma tomografia e não há nada de errado. Se essa virar a definição de saúde, pouquíssimas pessoas serão saudáveis. É certo tachar a maioria como doente? Saúde é muito mais do que a ausência de anormalidades físicas.
Por que essa conduta está se tornando dominante?
Os médicos recebem mais para fazer mais, o que ajuda a alimentar o círculo vicioso da detecção precoce. É um bom jeito de recrutar mais pacientes, de vender mais remédios ou exames. Nos EUA, há os problemas de ordem legal. Os advogados processam os médicos por falta de diagnóstico, mas não há punições para sobrediagnóstico.
E tem quem creia realmente na detecção precoce. Nunca se diz que há perigo nisso. Pacientes diagnosticados com câncer de próstata e mama por detecção precoce têm muito mais risco de serem sobrediagnosticados do que ajudados pelo teste. Quando você ouve histórias de sobreviventes de câncer, na maioria das vezes o paciente acha que sua vida foi salva porque ele fez um exame preventivo.
E isso não é verdade?
Ele tem mais chance de ter sido tratado sem necessidade. Histórias de sobreviventes geram mais entusiasmo por testes e levam mais pessoas a procurar doenças, gerando sobrediagnóstico.
O que fazer para evitar isso?
Um paciente nunca vai saber se recebeu um sobrediagnóstico. Nem o médico sabe. Não é preciso decidir para sempre se você vai ou não fazer exames. Mas todos os dias novos testes são criados. É preciso ter um ceticismo saudável sobre isso.
*
CÂNCER E DIAGNÓSTICO
250 mil mulheres americanas são diagnosticadas com câncer de mama por ano; 40 mil morrem
24% das mulheres têm ao menos um resultado falso-positivo em mamografias, mostra pesquisa feita por 10 anos
186 mil homens são diagnosticados com câncer de próstata ao ano nos EUA; 29 mil morrem
Nenhuma morte por câncer de próstata foi evitada após 10 anos de exames preventivos
Fontes: "New England Journal of Medicine" e National Cancer Institute
*
RAIO-X
NOME E IDADE
H. Gilbert Welch, 55
FORMAÇÃO E ATUAÇÃO
Especialista em clínica médica, pela Universidade de Washington, professor e pesquisador da área de detecção precoce de doenças na Universidade Dartmouth
LIVROS
"Should I Be Tested for Cancer?" (UC Press 2004) e "Overdiagnosed", com Lisa Schwartz e Steven Woloshin (Beacon, 2011), US$ 14,70, (R$ 24,55), na Amazon

O projeto Serra de implodir o PSDB


Coluna Econômica - 29/04/2011 blog do Luís Nassif

Em 2008, quando abandonou o candidato natural do partido a prefeito, Geraldo Alckmin, para apoiar a candidatura de Gilberto Kassab, a suposta habilidade de Jose Serra foi enaltecida pela bancada da mídia.
Era um engano nítido, que rachava o partido sem nada agregar.
No plano nacional, a aliança com o DEM era sólida, não dependia da aliança paulista. No plano estadual, o DEM era um partido inexpressivo.
***
Não havia lógica partidária nem eleitoral que justificasse aquele movimento. Ao se definir por Kassab, o único objetivo de Serra foi o de tentar destruir a liderança de Alckmin no PSDB paulista.
Simultaneamente, os secretários mais ligados a Serra passaram como um trator por cima dos correligionários de Alckmin.
***
Assim como no xadrez, na política jogadas erradas comprometem o restante do jogo
Ao relento, Alckmin ficou exposto ao assédio do governador mineiro Aécio Neves. Para impedir a consumação aliança entre ambos, Serra se viu compelido a convidar Alckmin para assumir a Agencia Paulista de Desenvolvimento.
Foi uma jogada tática, de quem não consegue enxergar mais que uma semana na frente, um erro para corrigir o erro inicial e que não apagou as mágoas recíprocas. Alckmin preservava a amizade e lealdade dos prefeitos do partido, enquanto dia a dia Serra criava conflitos por sua grosseria e falta de atenção aos correligionários.
***
Na pré-eleição foi a vez de Serra implodir com a candidatura de Aécio Neves, ao impedir as prévias eleitorais.
Durante a campanha eleitoral, Alckmin foi o mais fiel dos cabos eleitorais de Serra. Em todos os momentos defendeu o legado de FHC, percorreu o estado com Serra, dentro das normas de lealdade partidária que cimentam os partidos.
Terminadas as eleições, tratou de passar como um trator sobre os quadros serristas remanescentes na administração estadual.
De seu lado, no plano nacional Serra foi colecionando enorme lista de desafetos no PSDB (Sérgio Guerra), no DEM (Rodrigo Maia, João Alves). Hoje em dia, o DEM caminha para os braços de Aécio e os seguidores de Serra no Congresso Nacional se resumem a dois ou três deputados.
***
Perdendo o controle do PSDB nacional, sem chances junto ao PSDB estadual, a saída encontrada por Serra foi ajudar a implodir o partido, dando gás à aventura do prefeito paulistano Gilberto Kassab, de fundar o PSD.
Qual a lógica política que move Serra? Novamente nenhuma. O PSD vai sangrar o PSDB e o DEM de políticos ansiosos por engrossar a base de apoio do governo federal. Vai minguar ainda mais a oposição, peça essencial em qualquer jogo democrático.
Enquanto Fernando Henrique Cardoso tenta de todos os modos manter a unidade partidária, Serra se compraz com os problemas que trouxe para seus adversários dentro do partido – ainda que à custa do próprio sacrifício do PSDB e do enfraquecimento da oposição.
***
Durante as eleições era mais difícil identificar o verdadeiro perfil de Serra. Passado o período de guerra, consolida-se como o mais deletério personagem da história política contemporânea.
Tenta implodir o PSDB quando o partido poderia renascer sob nova direção.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Um barco a vagar


28 de abril de 2011 
Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
Voz isolada no apelo público à solução da crise interna que assola a seção paulista do PSDB, em meio ao silêncio sepulcral das principais lideranças do partido, Fernando Henrique Cardoso ouviu dias atrás de um experiente político - hoje com atuação restrita aos bastidores - uma pergunta que traduz bem a dimensão das agruras dos tucanos.
O tema principal da conversa era a natimorta ideia de fusão entre PSDB e DEM, e a certa altura enveredou pelo recente e polêmico artigo de FH sobre o papel da oposição. O interlocutor perguntou quem poderia executar a receita proposta por ele.
Enunciou da seguinte forma o problema: "Serra é inteligente, preparado, mas desagregador; Aécio é habilidoso, mas imaturo e desprovido de espírito público como demonstrou na fracassada tentativa de formação de uma chapa presidencial puro-sangue; Alckmin não tem o talento nem a inteligência de nenhum dos dois. Quem, então, seria o condutor da recuperação do projeto desse campo político, o senhor?".
Aludindo aos seus 81 anos de idade e a interesses pessoais mais ligados à reflexão que à estiva da política, o ex-presidente declinou. E aqui termina a narrativa de quem ouviu o episódio do autor da análise sem revelar se Fernando Henrique discordou e apontou um dos três como piloto habilitado à tarefa ou se deixou em aberto essa questão essencial.
Tão mais grave se notarmos que o presidente do partido, Sérgio Guerra, sequer figurava na lista dos políticos citados. Isso diz muito a respeito da ausência de comando reinante num partido que há seis meses obteve 44 milhões de votos na eleição presidencial da qual saiu fazendo exatamente o oposto do que propôs Tancredo Neves logo após ser eleito presidente pelo Congresso em 1985: "Não vamos nos dispersar".
Ao contrário do que os tucanos pretendem dar a entender, a crise em São Paulo não é um fato isolado, mas a parte visível do desequilíbrio geral reinante no PSDB.
Só um partido sem projeto claro permite que brigas de hegemonia prosperem sem que os litigantes se sintam minimamente responsáveis pela sobrevivência do conjunto. Só num partido sem eixo a direção nacional silencia ante a crise nascida em São Paulo com ninguém menos que o governador ao centro.
O PSDB hoje gravita em torno da possível candidatura presidencial de Aécio Neves em 2014, assim como gravitou em torno da esperança de eleger José Serra presidente, durante todo o governo Lula.
Durante os oito anos permaneceu parado adiando a resolução de embates, administrando os problemas de maneira perfunctória, recuando quando era preciso avançar, acreditando que a lei da gravidade lhe seria madrinha.
O PT repetiu equívocos por mais de dez anos, mas nesse meio tempo foi trabalhando adaptações, construindo uma identidade que seria decisiva na conquista da Presidência.
A disputa eleitoral é a meta de todos os partidos. Mas só chegam lá em boas condições os que compreendem que a política é a construção cotidiana de uma obra coletiva que acomode os interesses internos sem perder de vista a necessidade de despertar o interesse do público.
Razão e sensibilidade. O projeto de concessão dos aeroportos à iniciativa privada contraria o discurso estatizante do PT, põe o partido em franca contradição com tudo o que foi dito durante a última campanha eleitoral e vai de encontro ao pensamento da presidente Dilma Rousseff que, como chefe da Casa Civil, representou poderoso entrave à execução da proposta.
E por que o projeto anda agora, depois de oito anos no aguardo de uma decisão?
Porque é chegada a hora de conquistar eleitoralmente a classe média, público alvo da privatização com vistas à melhoria dos serviços no setor aéreo.
Elefante branco. A mudança do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social da alçada das Relações Institucionais para a jurisdição de Assuntos Estratégicos não altera sua condição de irrelevância mor da República. 


Mais concessões para portos

Alberto Tamer - O Estado de S.Paulo
As obras e a privatização dos aeroportos estão atrasadas. O governo tem urgência.. Mas a questão mais importante não foi ainda atacada com a intensidade que o crescimento do comércio exterior brasileiro exige: os portos, onde as cargas aumentam a cada ano e as obras não seguem o mesmo ritmo.
Já tratei desse tema, mas há fatos novos e agravantes. Fontes ligadas à área de transporte portuário informam que é preciso mais dinamismo nas concessões para o setor privado.
Nada de novidades. As empresas concessionárias de terminais portuários dizem que não é preciso discutir uma nova lei de privatização. A lei de 1993 é boa. O modelo aplicado no Brasil é o mesmo da maioria dos outros países. A estabilidade das regras aplicadas aqui atraiu investimentos privados em equipamentos, construção e ampliação que permitiu movimentar, entre importação e exportação, US$ 383 bilhões em 2010. A maior parte dos investimentos se concentrou em Santos, por onde passaram 90 milhões de toneladas em 2010 - 15% a mais que no ano anterior.
O movimento de contêineres - 1,7 milhão de unidades apenas no Porto de Santos em 2010 - ainda consegue operar a contento, mas enfrenta problemas crescentes. Este ano vai aumentar cerca de 20%, pois as importações aumentam e as exportações também.
No Porto de Santos, o maior da América Latina e 41.º do mundo, nos últimos dez anos, o movimento de carga aumentou 128%! Passou de 43 milhões em 2000 para 98 milhões no ano passado.
O que falta. O governo fez muito, mas reconhece que é pouco. É preciso mais para que o Brasil deixe de representar pouco mais de 1% do comércio mundial. Admite que precisa do investimento privado, que respondeu à altura até agora. O que falta? Técnicos do setor apontam algumas soluções:
1 - Maior agilidade e estímulo na concessão, para que as empresas privadas ampliem suas áreas portuárias. Fato importantíssimo: para obter uma concessão leva-se hoje no mínimo seis meses. Para concluir as obras de ampliação, de dois a quatro anos, quando não seis.
2 - Mais transporte ferroviário. Aqui, os números são ridículos. Em Santos, apenas 30% da carga a granel e 6% dos contêineres são escoados por ferrovia. Tudo o mais é pelo já saturado sistema rodoviário. É o oposto da China. Algumas empresas têm projetos em andamento, mas dependem da criação de um anel ferroviário em São Paulo, prometido pelo governo.
3 - O governo deve continuar investindo em portos de águas profundas, com mais de 15 metros de calado, como Rio de Janeiro, Santos, Sepetiba e Suape. Disso depende a operação de navios grandes e a redução do custo da carga exportada.
Ajuda, mas está difícil. Um fato positivo é que o esforço do setor privado permitiu que o Brasil continuasse importando mais os produtos que o mercado interno demanda e exportando mais commodities. Sem isso, seria impossível chegar ao nível atual de movimento de carga. Mas o que preocupa é que as novas concessões demoram. Às vezes, chegam tarde e o Brasil está perdendo mercado para outros países.
Se não se fizer nada agora, já este ano, o Brasil não poderá vender e exportar tudo que produzir. Ainda há tempo, mas isso exige uma ação urgente e imediata. Não amanhã, já. Que tal o governo declarar também 2011 como o Ano dos Portos? 

Águas futuras

28/04/2011 - 07h08


Na última terça-feira foi o Rio que ficou debaixo d'água. As imagens logo remeteram às enchentes do início do ano. Sabíamos que, passadas as águas de março, o tema vai para gaveta, e retorna no verão seguinte. Todos aqueles planos, promessas, propostas, aqueles pedidos de liberação de verbas para emergências, que inundaram as telas da TV se calam, em um clique de botão, e a sociedade, conformada, espera, a repetição.
Todavia as chuvas não mais respeitam estação. E o Rio, submergiu.Na cobertura, surge o secretário que assume não ter conseguido realizar a previsão a tempo de avisar o povo. Tudo por água abaixo.
Parece aqueles filmes épicos que se repetem nos feriados de Páscoa e Natal; Ben-Hur, com a corrida de bigas; Charleston Heston, pela enésima vez. E as reportagens de feriadões, do Carnaval, com as mesmas filas, imagens e declarações.
Mas há solução sim. Nada que seja panaceia nem bala de prata que, em passe de mágica, resolva tudo. Primeiro, é questão mesmo de atitude, de cobrar, de perseverar, de não se conformar e de agir. Cada um fazer a sua parte e não ficar no comodismo da reclamação como se houvesse um semideus de plantão a resolver tudo. E há ideias, algumas já apresentadas por várias frentes que ficam sem resposta, sem a gente saber por que não são implantadas.
O exercício de acolher as sugestões, aplicá-las, avaliá-las não só atinge os resultados que elas proporcionam, como criam corrente positiva de soluções, interação com a sociedade, um clima a favor. Para não restarmos só a lamentar.
Podem ser pequenas coisas, mas que mudem hábitos. Podem ser projetos médios que, uma vez feitos, suscitem a vinda de outros formando uma cadeia regeneradora e criativa.
Hoje, destaco as calçadas verdes (sugestão enviada por Edson Martins e Fernando Nassif, por e-mail).
Luiz Carlos Murauskas - 31.mar.2011/Folhapress
Calçada verde na rua Manuel Pinto de Carvalho, no bairro do Limão, na zona norte de SP
Calçada verde na rua Manuel Pinto de Carvalho, no bairro do Limão, na zona norte de São Paulo
CALÇADAS VERDES
Foram introduzidas, segundo consta, no início do século 20, pela Cia. City, nos loteamentos do Jardim América, Pacaembu e City Lapa. Eram obrigatórias. Durante décadas, constituíram-se em paisagem fantástica, conforme documento Calçadas Verdes e Acessíveis de Gilmar Altamirano, José Roberto Andrade Amaral e Paulo Sérgio Silva --iniciativa da APPA (Associação Pompeia de Preservação Ambiental) com apoio da Secretária Municipal do Verde e do Meio Ambiente e Universidade da Água. Mas, limitaram-se ao setor rico da cidade. Por que a periferia não pode tê-las também?
Em 1972, a Lei do Zoneamento de São Paulo acabou com a obrigatoriedade nesses locais.
Em vez de estender aos mais pobres, nivelou-se pelo negativo: nem para pobres nem para ricos. Sem calçadas verdes,que hoje são exceções. Temos um bom exemplo na rua Mercedes, na Lapa, e em pequeno trecho na Faria Lima, perto do cruzamento com a Juscelino, sentido Pinheiros-Itaim. Além de mais bonitas, ajudam significativamente na drenagem da água da chuva. Não resolvem enchentes, porém minimizam seus efeitos. E é assim que se vai avançando.
Os canteiros centrais de várias avenidas também poderiam ser gramados. O projeto original da arquiteta Rosa Kliass, na Paulista, era gramado. Um radialista, segundo a história contada pelo documento citado, passou a protestar porque a travessia o levava a pisar na lama!!!
Óbvio que ele estava atravessando fora da faixa de pedestres, de forma anárquica. E venceu. Pavimentaram o canteiro. É o tipo de postura que muda a cidade para pior. E é absorvido sem a gente saber o motivo.
Calçadas verdes não são panaceia, como disse. Mas embelezariam a cidade, principalmente a periferia, que é tão inóspita, e ajudariam na drenagem. Melhor que o mar de asfalto. E podem ser feitas pela própria população, responsável pelos passeios em frente das residências.
É só seguir a cartilha da Prefeitura de São Paulo, estar atento à Lei 13.646, de 2003. Está lá como fazer.
Editoria de Arte/Folhapress
CONCEITO
Plantar árvores, arbustos, forração vertical (hera e unha-de-gato, por exemplo) e grama de forma organizada, gera o que o arquiteto-paisagista Benedito Abbud denomina de calçada verde.
A copa das grandes árvores minimiza a massa construída descontínua da cidade de São Paulo e propicia sombreamento (ambientes mais frescos).
Os arbustos e trepadeiras plantados em muros, viadutos e arrimos propiciam uma maior sensação de verde.
O conjunto melhora a qualidade ambiental, retendo o calor durante o dia e amortecendo o calor durante a noite.
As calçadas verdes contribuem para uma variação de temperatura menor e consequentemente uma população mais saudável.
Matuiti Mayezo - 19.dez.2007/Folhapress
Trecho de calçada da rua Tucuna, na Pompeia, zona oeste de SP, com faixa de grama que absorve água
Trecho de calçada da rua Tucuna, na Pompeia, zona oeste de SP, com faixa de grama que absorve água
Referências - Textos e Publicações
"Calçadas Verdes e Acessíveis", APPA (Associação Pompeia de Preservação Ambiental) com apoio da Secretária Municipal do Verde e do Meio Ambiente e Universidade da Água.
"Novo Conceito de Calçada para São Paulo", de Benedito Abbud, 2006
"Calçadas Verdes - Superfícies Construídas x Superfícies Verdes", de José Roberto Andrade Amaral, 2001
"Cartilha Cidadã - Como Tornar seu Bairro um Lugar Melhor para Viver", de Gilmar Altamirano. Universidade da Água, 2007
José Luiz Portella
José Luiz Portella Pereira, 58, é engenheiro civil especializado em gerenciamento de projetos, orçamento público, transportes e tráfego. Foi secretário-executivo dos Ministérios do Esporte e dos Transportes, secretário estadual dos Transportes Metropolitanos e de Serviços e Obras da Prefeitura de São Paulo e presidente da Fundação de Assistência ao Estudante. Formulou e im

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Mídia adora o mafuá partidário




por Alberto Dines, do Observatório da Imprensa
1271 287x300 Mídia adora o mafuá partidárioUm país sem partidos, sem convicções, sem debates, fragmentado pelas ambições pessoais. Neste cenário desolador foi criada no início do ano, no Senado, uma Comissão Especial de Reforma Política que num prazo recorde (45 dias, encerrados em 7 de abril) apresentou 12 propostas que serão convertidas em projetos de lei, emendas constitucionais e encaminhadas à tramitação.
A imprensa acompanhou os trabalhos. Sem grande entusiasmo, diga-se, ainda entregue à modorra do verão, às revoltas no mundo árabe e, em seguida, à catástrofe japonesa.
Como é óbvio, a questão que mais absorveu a atenção dos doutos senadores relacionou-se com o fortalecimento dos partidos: decidiu-se pelo sistema de votação proporcional com listas fechadas e o fim das coligações, exceto para cargos majoritários, financiamento público e fidelidade partidária.
Mais atenção mereceu o mafuá partidário instalado simultaneamente pelo prefeito paulistano Gilberto Kassab (DEM). O burgomestre da Paulicéia Desvairada – que na melhor das hipóteses poderia ser classificado como vagamente liberal em matéria econômica – primeiro tentou uma aproximação com o esquerdista PSB. Não poderia dar certo: o mais antigo e mais coerente partido brasileiro, fundado em seguida à redemocratização (em 1945, primeiro com o nome de Esquerda Democrática, depois com a atual designação), não trocaria a sua história por uma alquimia oportunista.
Cobertura acrítica
Kassab partiu para um novo mix: ouviu falar que a sigla PSD estava livre, malandramente abocanhou-a e criou um arremedo de social-democracia “que não será de esquerda, de direita ou de centro”.
A criatura será a cara do criador – coisa nenhuma. Fará estragos no DEM, na direita dos tucanos, nos hiper-fisiológicos do PMDB e servirá, sobretudo, para reforçar o clima de micareta partidária.
O mais recente lance da palhaçada ocorreu na Semana Santa, quando o vice-presidente da República em pessoa, Michel Temer (que há pouco liderava o PMDB dito “liberal” e agora chefia o dito “progressista”), formalizou o convite para que Gabriel Chalita (PSB-SP) seja o candidato governista à sucessão de Kassab dividindo a chapa com o PT.
Chalita sempre esteve à direita da direita do PSDB, mudou-se para o PSB, porém manteve suas intensas devoções aos carismáticos católicos e à Opus Dei navarrista. As duas confissões não são apenas religiosas, são ideológicas, sobretudo esta última, que na Espanha apóia ostensivamente os setores mais reacionários do Partido Popular.
Como é que a imprensa acompanha estas burlas partidárias justo no momento em que a classe política cria vergonha na cara e toma providências regeneradoras?
Entediada e acrítica.
Opções eleitorais
Nossos perspicazes analistas políticos sabem que nossa metástase política origina-se na fragilidade da vida partidária. Mas nossa imprensa enquanto grupo de pressão não esconde o seu sonho de consumo – um partido conservador, assumido, forte, sem medo de ser tachado de direitista, capaz de enfrentar a voracidade do Estado.
Foi assim que esta imprensa organicamente conservadora aceitou a transmutação do PFL em DEM (a sigla mais absurda e canhestra que já apareceu nas vitrines eleitorais), é assim que está aceitando a folia kassabiana.
Partidos coesos, ideologicamente nítidos, facilitariam as opções eleitorais dos grandes veículos. E poderiam libertar-se da tutela da imprensa.
Isso já é ir longe demais na reforma política.

Mídia adora o mafuá partidário



por Alberto Dines, do Observatório da Imprensa
1271 287x300 Mídia adora o mafuá partidárioUm país sem partidos, sem convicções, sem debates, fragmentado pelas ambições pessoais. Neste cenário desolador foi criada no início do ano, no Senado, uma Comissão Especial de Reforma Política que num prazo recorde (45 dias, encerrados em 7 de abril) apresentou 12 propostas que serão convertidas em projetos de lei, emendas constitucionais e encaminhadas à tramitação.
A imprensa acompanhou os trabalhos. Sem grande entusiasmo, diga-se, ainda entregue à modorra do verão, às revoltas no mundo árabe e, em seguida, à catástrofe japonesa.
Como é óbvio, a questão que mais absorveu a atenção dos doutos senadores relacionou-se com o fortalecimento dos partidos: decidiu-se pelo sistema de votação proporcional com listas fechadas e o fim das coligações, exceto para cargos majoritários, financiamento público e fidelidade partidária.
Mais atenção mereceu o mafuá partidário instalado simultaneamente pelo prefeito paulistano Gilberto Kassab (DEM). O burgomestre da Paulicéia Desvairada – que na melhor das hipóteses poderia ser classificado como vagamente liberal em matéria econômica – primeiro tentou uma aproximação com o esquerdista PSB. Não poderia dar certo: o mais antigo e mais coerente partido brasileiro, fundado em seguida à redemocratização (em 1945, primeiro com o nome de Esquerda Democrática, depois com a atual designação), não trocaria a sua história por uma alquimia oportunista.
Cobertura acrítica
Kassab partiu para um novo mix: ouviu falar que a sigla PSD estava livre, malandramente abocanhou-a e criou um arremedo de social-democracia “que não será de esquerda, de direita ou de centro”.
A criatura será a cara do criador – coisa nenhuma. Fará estragos no DEM, na direita dos tucanos, nos hiper-fisiológicos do PMDB e servirá, sobretudo, para reforçar o clima de micareta partidária.
O mais recente lance da palhaçada ocorreu na Semana Santa, quando o vice-presidente da República em pessoa, Michel Temer (que há pouco liderava o PMDB dito “liberal” e agora chefia o dito “progressista”), formalizou o convite para que Gabriel Chalita (PSB-SP) seja o candidato governista à sucessão de Kassab dividindo a chapa com o PT.
Chalita sempre esteve à direita da direita do PSDB, mudou-se para o PSB, porém manteve suas intensas devoções aos carismáticos católicos e à Opus Dei navarrista. As duas confissões não são apenas religiosas, são ideológicas, sobretudo esta última, que na Espanha apóia ostensivamente os setores mais reacionários do Partido Popular.
Como é que a imprensa acompanha estas burlas partidárias justo no momento em que a classe política cria vergonha na cara e toma providências regeneradoras?
Entediada e acrítica.
Opções eleitorais
Nossos perspicazes analistas políticos sabem que nossa metástase política origina-se na fragilidade da vida partidária. Mas nossa imprensa enquanto grupo de pressão não esconde o seu sonho de consumo – um partido conservador, assumido, forte, sem medo de ser tachado de direitista, capaz de enfrentar a voracidade do Estado.
Foi assim que esta imprensa organicamente conservadora aceitou a transmutação do PFL em DEM (a sigla mais absurda e canhestra que já apareceu nas vitrines eleitorais), é assim que está aceitando a folia kassabiana.
Partidos coesos, ideologicamente nítidos, facilitariam as opções eleitorais dos grandes veículos. E poderiam libertar-se da tutela da imprensa.
Isso já é ir longe demais na reforma política.

TERRAMÉRICA – Algas: combustível, alimento e plástico

A pesquisa das algas ganha força no setor privado e acadêmico, na medida em que revela seu potencial, afirma neste artigo exclusivo o jornalista Mark Sommer.
IlustrAlgasEnergia TERRAMÉRICA   Algas: combustível, alimento e plásticoFabricio Vanden Broeck
Trinidad, Califórnia, Estados Unidos, 25 de abril de 2011 (Terramérica).- Enquanto os combustíveis tradicionais projetam cada vez mais consequências indesejáveis, as algas, essa sujeira dos reservatórios, oferecem uma alternativa simples, de curto prazo e com muito pouco dos custos escondidos de fontes de energia mais complexas. A primeira e mais simples forma de vida, as algas, promete se converter em um recurso fundamental para o futuro do planeta como base de um biodiesel de grande qualidade que – ao contrário do milho – não desvia alimentos dos humanos.
E não são apenas combustíveis. São alimento animal e humano – pensemos na proteica e vitamínica spirulina – e o componente essencial de uma ampla gama de plásticos biodegradáveis para substituir os produzidos a partir do petróleo. As algas fazem tudo isso enquanto crescem absorvendo prodigiosas quantidades de dióxido de carbono, o gás-estufa que mais precisamos reduzir na atmosfera para frear a mudança climática.
No momento não são uma prioridade na pesquisa e no desenvolvimento dos países nem das grandes empresas, mas estão ganhando força no setor privado e acadêmico, na medida em que se revela seu potencial. Já há gigantes da energia pesquisando sobre elas como subprodutos do desenvolvimento do chamado “carvão limpo”, já que absorvem o dióxido de carbono gerado pela queima desse mineral. E o carvão não é mais do que algas de 500 milhões de anos de idade.
Então, por que não deixar de buscar carvão escavando montanhas e dedicar-se, por outro lado, a cultivar algas de rápido crescimento e grande adsorção de dióxido de carbono? Não é um sonho distante. Um fator que coloca as algas acima de quase todas as opções energéticas, convencionais ou alternativas, é sua simplicidade, onipresença e disponibilidade. Os pesquisadores afirmam que, embora existam obstáculos técnicos para uma produção em grande escala de baixo custo em vários de seus usos, nenhum parece intransponível.
Graças à sua capacidade de rápido crescimento, as algas em cultivo não exigem controle rígido. Seu florescimento é natural, e pode ser induzido com a contaminação química e agrícola. A eutrofização asfixia rios e riachos e afeta a vida aquática e marinha, pois bloqueia o fluxo de oxigênio, um processo conhecido como hipoxia. É um problema grave, que deve ser considerado nos cultivos de algas em espaço aberto, em lugar de ambientes controlados como os biodigestores, onde se produz biodiesel. Ao contrário de uma reação nuclear em cadeia, mesmo se a proliferação de algas se tornar excessiva, suas consequências sequer se aproximariam da gravidade de uma fusão atômica.
Em uma visita ao ENN Group, firma chinesa de energia que fica a uma hora de carro de Pequim, este correspondente percorreu um laboratório onde os cientistas desenvolvem microalgas para uma variedade de usos, como parte de um projeto de risco compartilhado entre o ENN e a Duke Energy, uma das maiores prestadoras de serviços públicos dos Estados Unidos.
Em uma ensolarada estufa com paredes cobertas por tubulações de vidro pelas quais circula um lodo verde, o chefe da equipe de algas da ENN, Liu Minsung, apontou para uma fileira de tubos transparentes contendo substâncias de diferentes cores e consistências e levantou uma por uma. “Esta é uma microalga em forma pura. Experimentamos com diferentes formas de microalgas e criando novas variedades para desenvolver aquelas que mais facilmente se adaptam aos nossos propósitos”, explicou.
Então, Liu levantou outro tubo. “Isto é óleo vegetal, muito puro, sem sabor, muito bom para você.” O deixou e pegou outro. “Isto é alimento animal, muito nutritivo”, disse. “Isto é biodiesel. Pode-se usar como combustível de veículos automotores, barcos e jatos”, prosseguiu. As “óleo-algas”, como as chamam alguns, são refinadas em um processo muito barato e já estabelecido.
Liu continuou. “E estas são a base dos bioplásicos. Poderiam substituir todos os plásticos que hoje obtemos do petróleo”, disse. E são biodegradáveis. Quantos anos são necessários para que tudo isto seja viável comercialmente?, perguntei. Pensou um momento, como se consultasse sua agenda. “Consulte-nos no próximo ano”, respondeu.
De fato, em 2012 a Marinha de guerra dos Estados Unidos lançará o que chama Grupo de Combate Verde, uma flotilha de barcos que funcionarão com uma mistura chamada diesel hidroprocessado renovável: metade algas e metade combustível naval destilado Otan F-76. Para 2016, a Marinha prevê lançar a Grande Frota Verde, um grupo de combate de porta-aviões formado por navios híbridos elétricos, aviões movidos a biocombustíveis, inclusive algas, e – já não tão verdes – navios nucleares.
As algas constituem um círculo completo de inovação porque servem a vários usos simultâneos, seguindo uma dinâmica mais bio-lógica do que tecno-lógica. As soluções técnicas se tornaram complexas e caras que, como ocorre com os telefones inteligentes, uma série de aplicações não essenciais acaba esgotando a capacidade básica. Como toda “solução”, as algas têm indubitavelmente lados obscuros que devemos descobrir. Contudo, o maior risco, como o do automóvel elétrico, é não desenvolvê-las.
Você pode criar suas próprias algas, já que crescem por todo lado, menos no Ártico. Se a ciência se dedicar não apenas à grande escala, mas à pequena, as comunidades locais poderão cultivar suas próprias fazendas municipais de algas e obter novas fontes de renda e combustível para suas máquinas e seus motores. A vida na Terra começou com as algas. Elas poderão nos ajudar a resgatar nosso dilema energético?
* Mark Sommer é jornalista norte-americano e dirige o premiado programa de rádio A World of Possibilities (www.aworldofpossibilities.org). Direitos Reservados IPS.