domingo, 11 de dezembro de 2022

Ruy Castro - Ecos de 'Casablanca' ,FSP

 10.dez.2022 às 10h00

Há dias, falando dos inacreditáveis 80 anos de "Casablanca", um dos filmes mais amados do cinema, afirmei que mesmo os que nunca o viram conhecem algumas de suas frases, ditas por Ingrid Bergman ou Humphrey Bogart. E citei o "Toque ‘As Time Goes By’, Sam", por Ingrid, e o "Nós sempre teremos Paris", por Bogart. Leitores escreveram lembrando outras frases imortais do filme.

Já no começo, um tíbio Peter Lorre, pouco antes de ser morto a tiros pela Gestapo, geme para Bogart: "Você me despreza, não é?". E Bogart, sem muito interesse: "Se eu pensasse em você, talvez desprezasse." Minutos depois, Claude Rains, no papel do amável chefe de polícia, pergunta a Bogart: "Que diabo você veio fazer em Casablanca?". Bogart responde: "Vim por causa das águas." Rains: "Que águas? Estamos no meio do deserto!" E Bogart: "Fui mal informado."

Há o diálogo entre Bogart e o oficial nazista, interpretado pelo fabuloso Conrad Veidt. Diz Veidt: "O que você acharia se nós invadíssemos Nova York?". Bogart: "Há certas zonas de Nova York que eu não os aconselharia a invadir." E o primeiro diálogo entre Ingrid e Bogart no cabaré deste em Casablanca. Ela: "Você se lembra da última vez que nos vimos? Foi no dia em que os alemães entraram em Paris." Ele: "Não é um dia fácil de esquecer. Os alemães estavam de cinza, você de azul." Horas depois, desesperado por tê-la reencontrado, um apaixonado Bogart chora para Sam: "De todos os botequins de todas as cidades do mundo, ela tinha de vir ao meu!".

No fim, Bogart mata o nazista com um tiro na presença do chefe de polícia. Este chama um gendarme e ordena: "Major Strasser foi alvejado. Prenda os suspeitos de sempre."

Tudo isso obra de quatro roteiristas, os irmãos Julius e Philip Epstein, Howard Koch e, sem crédito na tela, Casey Robinson, que brigavam o tempo todo e um não sabia o que os outros estavam escrevendo.

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