HABITAÇÃO
Prédio, que permanece desativado desde 1992, recebeu visita de engenheiros da Secretaria de HabitaçãoSem-teto querem ocupar hospital no centro
MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local
Os 180 sem-teto que estão alojados há 15 dias em uma escola estadual na Vila Talarico (zona leste de SP) querem se transferir para o hospital 21 de Abril, no Brás (região central). Eles foram levados para a escola depois de terem invadido o prédio da Secretaria da Fazenda, na rua do Carmo.
O hospital 21 de Abril, fundado em outubro de 1940 por uma associação de médicos, está fechado desde 1992, quando os acionistas resolveram encerrar suas atividades devido às dívidas acumuladas após atrasos no recebimento de verbas públicas.
"Dependíamos do Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), que atrasava o repasse. Não recebi o que tinha que receber e resolvi fechar", diz o administrador Liyoiti Matsunaga, 60, acionista do hospital e responsável pelo prédio.
Segundo Matsunaga, o prédio foi visitado há três semanas por engenheiros e arquitetos que se identificaram como sendo da Secretaria da Habitação, sem dizer se do Estado ou município, que foram verificar as condições do hospital.
O prédio tem 75 quartos tipo apartamento, que têm o dormitório, sala, banheiro e um closet.
O hospital, que tem quatro andares, 8.000 m2 de área construída e ocupa um terreno de 4.000 m2, tem também 15 enfermarias coletivas que poderiam ser adaptadas.
Matsunaga sugere que a cozinha e a lavanderia do hospital sejam transformadas em dependências comunitárias. "Isso aqui viraria um flat, com comida e roupa lavada. É só o Estado, ou quem for, pagar o quanto vale."
Matsunaga não revela qual o preço mínimo pelo qual os acionistas do hospital querem vendê-lo. "Não divulgo para não atrapalhar futuras negociações."
Desejo antigo
Segundo a UMM (União dos Movimentos por Moradia), o prédio vem sendo sugerido para projetos habitacionais desde que foi fechado.
A advogada Michael Mary Nolan, que defende a ULC (Unificação das Lutas de Cortiços), movimento responsável pelos sem-teto que estão na escola, diz que a proposta de adaptar o hospital para alojamento de encortiçados despejados é antiga.
"Desde o início da invasão do prédio da rua do Carmo (em junho), temos proposto o hospital como alojamento, não só para o pessoal da ULC, mas para pessoas despejadas."
A CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) não está mais negociando a questão com a ULC por ela ter se recusado a aceitar a transferência dos sem-teto da escola para o Cetren (Centro de Triagem e Encaminhamento).
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