terça-feira, 30 de novembro de 2010

Abrir caminho para o etanol

29/11/2010 - 04h11


Por Redação Agência Fapesp

Agência FAPESP – “A biomassa é, de longe, a mais viável fonte sustentável de combustíveis líquidos que, por sua vez, continuarão a ser necessários por muito tempo, se não indefinidamente.” A afirmação é de uma carta publicada na edição atual da revista Science, de autoria de Lee Lynd, professor da Thayer School of Engineering do Dartmouth College, e de Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP e professor titular da Universidade Estadual de Campinas.

O texto é uma resposta a reportagem publicada pela mesma revista em sua edição de 13 de agosto, em seção especial sobre energias alternativas. De autoria do jornalista Robert Service, a reportagem identifica fatores que contribuiriam para a eventual queda do entusiasmo nos Estados Unidos com relação ao etanol celulósico e observa que decisões políticas adotadas este ano poderão moldar a nascente indústria de biocombustíveis no país por décadas.

“O principal plano do governo dos Estados Unidos para reduzir sua dependência do petróleo com a produção comercial do etanol celulósico corre grande perigo, o que ressalta as complexas forças técnicas, econômicas e políticas que se contrapõem aos esforços globais para criar alternativas viáveis aos combustíveis fósseis”, disse Service.

Para Brito Cruz e Lynd, é importante que seja feita a distinção entre “o fundamental e o efêmero” e que as políticas tenham como base o que realmente importa, não circunstâncias momentâneas.

O primeiro ponto, segundo eles, é que combustíveis líquidos continuarão muito requisitados, mesmo em cenário de adoção em massa de alternativas como a eletricidade, por exemplo.

“As baterias são completamente impraticáveis para a aviação ou para o transporte rodoviário pesado. Mesmo no cenário mais agressivo de eletrificação de veículos leves, os combustíveis líquidos continuarão responsáveis por mais de 50% da energia empregada em transportes nos Estados Unidos”, disseram.

De acordo com os cientistas, chegar a um setor de transportes sustentável é muito mais viável com os biocombustíveis do que sem eles. E virar as costas para os biocombustíveis envolve riscos substanciais.

“O mais importante dos próximos passos na área dos biocombustíveis é a produção comercial de etanol a partir de matéria-prima celulósica. A alternativa de converter fontes de açúcares facilmente fermentáveis (principalmente a partir do milho e da cana-de-açúcar) para alimentar outras moléculas além do etanol pode permitir a manutenção da infraestrutura atual, mas contribuiria pouco para nossos maiores objetivos: criar uma fonte de energia sustentável, reduzir as emissões de gases estufa, garantir a segurança energética e promover o desenvolvimento econômico das regiões rurais”, disseram.

Segundo Lynd e Brito Cruz, o etanol muito provavelmente será o primeiro biocombustível celulósico do mundo, porque é inviável tanto comercializar novas tecnologias para converter a lignocelulose em açúcares como para converter açúcares em combustíveis.

“Desafios de infraestrutura associados com a distribuição e utilização de etanol são facilmente solucionáveis, como mostra a experiência brasileira, e decididamente menores do que os desafios associados com outras alternativas ao petróleo, como baterias ou o hidrogênio”, destacaram.

De acordo com os cientistas, a maioria dos fatores mencionados na reportagem em questão é específica para os Estados Unidos, não se aplicando para o Brasil (onde a produção de etanol é maior do que o uso de gasolina) ou o resto do mundo.

“A comunidade internacional deve tomar muito cuidado para não tomar conclusões negativas a partir dos problemas vividos pelos Estados Unidos, particularmente diante da importância do assunto em questão”, afirmaram.

A carta Make Way for Ethanol (doi: 10.1126/science.330.6008.1176-a), de Lee R. Lynd e Carlos Henrique de Brito Cruz, pode ser lida em www.sciencemag.org/content/330/6008/1176.1.full.

(Envolverde/Agência Fapesp)

A guerra termina em samba


30/11/2010 - 12h11


Por Luciano Martins Costa, do Observatório da Imprensa


Inevitável. A cobertura da invasão do conjunto de favelas no Rio de Janeiro onde supostamente se escondiam os chefões do tráfico se transformou em uma guerra particular da imprensa contra os fatos.

O anunciado confronto não aconteceu. Assustados com o aparado de guerra montado pelo governo, os criminosos fugiram para o labirinto chamado de Complexo do Alemão e acabaram se entregando ou fugiram, após uma reunião com ativistas de uma organização não governamental especializada em negociação.

As revistas semanais de informação ficaram no meio do caminho. Na sexta-feira, quando suas edições saíam às ruas, as tropas oficiais ainda se posicionavam para cercar as centenas de bandidos que haviam fugido do ataque à favela de Vila Cruzeiro. O tom das reportagens ainda apostava na possibilidade de uma batalha sangrenta, embora as autoridades tivessem dado claros sinais de que estavam dispostas e sitiar o local por muito tempo, para evitar o derramamento de sangue e a morte de civis inocentes.

Epílogo frustrante


A revista Veja enxergou "tintas de Armagedon" naquilo que chamou de "batalha do bem contra o mal". Mas o apocalipse simplesmente não aconteceu e o poderoso negócio do narcotráfico perdeu apenas uma batalha.

Os repórteres reproduziam a expectativa de militares e agentes policiais, muitos dos quais ansiavam pela oportunidade de produzir um "extermínio" de traficantes. Calculava-se em mais de 1.500 os criminosos escondidos no Complexo do Alemão, muitos deles equipados com armas poderosas. Mas as autoridades, que têm a responsabilidade política pela ação policial estavam preocupadas em evitar derramamento de sangue e reduzir o risco de morte de civis inocentes.

A imprensa amanheceu na segunda-feira (29/11) celebrando uma vitória que ainda não houve. Foram apenas vinte os presos, a maioria jovens encarregados de funções menos importantes nas organizações criminosas. Nenhum sinal dos chamados chefões e, mesmo estes, são, quando muito, apenas gerentes de pontos de venda de droga.

As toneladas de maconha apreendidas fazem parte da encenação de um epílogo frustrante. Mas o noticiário dá a impressão de que tudo está resolvido.

Apenas figurantes

O tom da imprensa é triunfal. O Globo esquece o manual de redação e sai com cara de panfleto. "A senhora liberdade abre as asas sobre nós", diz a manchete do caderno especial sobre a operação de guerra, usando versos do samba de Nei Lopes e Wilson Moreira que já havia embalado o movimento pela volta das eleições diretas há vinte anos.

O jornal carioca chama de "libertação histórica" a fuga dos criminosos que havia décadas dominavam aquelas comunidades. Mas aquilo que foi descrito como uma vitória fulminante do Estado contra o governo paralelo do crime ainda não oferece garantias de que o problema está solucionado.

Na manhã de segunda-feira (29), o noticiário online dava informações sobre planos de ocupação também das favelas da Rocinha e do Vidigal, duas imensas áreas, na zona Sul do Rio, onde os traficantes ainda agiam à vontade no fim de semana. Ali a polícia vai enfrentar mais do que criminosos armados. Vai combater também a associação do narcotráfico com clientes influentes, entre os quais certamente há jornalistas e outras celebridades.

Diferentemente do que diz a imprensa, não se trata de uma operação para aniquilar o narcotráfico. Trata-se de uma guerra para a retomada de territórios e, assim, assegurar o bom andamento dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014. O que não é pouco.

Os benefícios para os moradores das comunidades pobres dominadas por bandos de criminosos são inegáveis, mas é preciso observar que a questão do tráfico de drogas é muito mais complexa. Ao se concentrar na cobertura do ambiente de guerra, a imprensa deixa de lado o ambiente de negócios da droga, por exemplo.

Apenas vinte presos, e entre eles nenhum personagem importante, é um balanço pífio demais para tanto aparato militar. Os jornais deveriam estar questionando onde foram parar os chefões que supostamente se escondiam no Complexo do Alemão.

Mais do que isso, já é mais do que tempo de a imprensa investigar onde estão os acionistas do tráfico, os financiadores que não aparecem no noticiário policial.

"O Rio mostrou que é possível", diz a mancherte principal do Globo. Os fatos ainda precisam demonstrar que o Rio quer realmente acabar com o narcotráfico.

IMAGEM
Crédito:
 Pena Cabreira



(Envolverde/Observatório da Imprensa)

Destruição dos rios: ameaça é crescente

30/11/2010 - 04h11


Por Lúcio Flávio Pinto

Desde as primeiras letras aprendemos que a bacia do rio Amazonas é a maior do mundo.  Ninguém nunca duvidou que ele era o mais caudaloso do planeta, mas se questionava essa primazia quanto ao seu comprimento.  Hoje a controvérsia está esclarecida: com 6.937 quilômetros de extensão, o Amazonas supera em 140 quilômetros o Nilo, que perdeu essa liderança multissecular.

Qualquer número em relação ao “rio-mar” (ou o “mar doce” dos espanhóis, os primeiros europeus a navegá-lo) é grandioso.  Ele lança, em média, 170 milhões de litros de água por segundo no Oceano Atlântico.  Suas águas barrentas podem avançar 100 quilômetros além da barreira de águas salgadas e projetar seus sedimentos em suspensão no rumo norte, até o litoral da Flórida, nos Estados Unidos.  São milhões de toneladas de nutrientes, arrastados desde a cordilheira dos Andes, onde nasce o grande rio, e engrossados por seus afluentes, que também se posicionam entre os maiores cursos d’água que existem.

Essas grandezas têm servido de inspiração para o ufanismo nacional, mas não para tratar melhor os nossos gigantes aquáticos.  Nenhum brasileiro -ou mesmo o nativo- dá ao Amazonas a importância que os egípcios conferem ao Nilo.  O Egito não existiria sem a faina incansável do seu grande rio, a fertilizar suas margens, cercadas por desertos hostis, e civilizar o país.  Por isso, é considerado sagrado.

Os brasileiros parecem acreditar que, por ser monumental, abrangendo 7 milhões de quilômetros quadrados do continente sul-americano (quase dois terços em território brasileiro), a bacia amazônica foi blindada pela mãe natureza contra as hostilidades do homem.  Já está na hora de se pôr fim a essa ilusão, acabando com a insensibilidade geral, que se alimenta do desconhecimento e da desinformação.  O Amazonas está sob ameaça.

Não uma, mas várias.  Um dos capítulos mais recentes está sendo travado diante da maior cidade da Amazônia, Manaus, a capital do Estado do Amazonas, com seus 1,7 milhão de habitantes (2 milhões com as duas cidades vizinhas).  No dia 5, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) decretou o tombamento do encontro das águas do Amazonas com o Negro, um dos seus principais tributários da margem esquerda.

O desavisado pode até achar que o ato é de significado museológico, para efeito acadêmico.  O processo do tombamento, porém, se arrastou durante dois anos.  Deveria ser simples: a área de 30 quilômetros quadrados, o polígono de terra e água onde ocorre a junção dos dois enormes rios, é cenário para o maior de todos se encontrar com o maior rio de águas negras do mundo.  Na margem direita, o barrento Solimões pressiona o rio ao lado, que ganhou seu nome pela inusitada cor das suas águas, num entrevero que pode se estender por 10 quilômetros lineares nas duas direções.

É um encontro ciclópico.  A vazão do Solimões nesse ponto (onde justamente muda pela última vez de nome, passando a ser Amazonas) é de 135 milhões de litros de água por segundo.  A do Negro, que chega ao fim do seu percurso de 1.700 quilômetros, a partir da Venezuela, é de 50 milhões de litros.  Encorpado, o Amazonas segue em frente até a foz, dois mil quilômetros abaixo.  Não sem antes oferecer o espetáculo das duas cores líquidas em paralelo ou em fusão tumultuada, para a admiração ou o espanto de uma crescente legião de turistas.

O problema é que no ponto de encontro dos rios está Manaus, com 60% da população e 90% da riqueza de todo Estado do Amazonas, o maior do Brasil, com 20% do território nacional.  Desde quase meio século atrás, Manaus deixou de ser o produto do Amazonas para ser o efeito da Zona Franca, um entreposto comercial e um núcleo industrial que só se tornaram possíveis pela renúncia da União a recolher o imposto sobre a importação das empresas instaladas na remota paragem.

Hoje, Manaus é a origem do maior fluxo de contêineres do país.  Motocicletas, computadores, geladeiras e muitos outros produtos são mandados para o sul do país, principalmente São Paulo, e espalhados para outros destinos.  O velho porto flutuante, que os ingleses construíram no início do século XX para atender a exportação de borracha (que chegou a ser responsável por 40% do comércio exterior brasileiro), não serve para essa demanda nova.

A pressão é tão forte que alguns terminais privados, legais ou não, surgiram na orla da cidade.  O maior deles, o Porto Chibatão, foi parcialmente arrastado, no mês passado, pelas águas do Negro, a apenas três quilômetros do seu encontro com o Amazonas, com mortes e a perda de diversos contêineres.  Qualquer ribeirinho sabia que o local era contra-indicado para o fluxo de carga que o precário terminal movimentava.

Um novo, muito maior e mais adequado, está sendo projetado para uma área de 100 mil metros quadrados, na qual poderão ser estocados 250 mil contêineres.  Antes desse mega-terminal, porém, uma subsidiária da mineradora Vale (o nome privatizado da Companhia Vale do Rio Doce, quando estatal) começou a construir seu próprio porto, com investimento de 220 milhões de reais.  Nele deverá operar seu novo navio cargueiro, com capacidade para 1.500 contêineres, e outros cinco já encomendados, por algo como meio bilhão de reais, multiplicando sua capacidade de transporte.

Esses números pareciam muito mais importantes do que a localização do porto, na província paleontológica das Lages, próximo de uma tomada de água para 300 mil habitantes da cidade e de um lago, o último do rio Negro, importante para milhares de moradores de um bairro que se formou em torno dele.

O processo que levou ao desmoronamento do Porto Chibatão seguiria sua lógica malsã se não tivesse surgido a iniciativa de tombar o encontro das águas.  Ninguém se aventura a dizer-se contra o tombamento, mas ele provocou uma batalha judicial que chegou a Brasília, com vitórias e derrotas, protelações e pressões, até que, no dia 5, finalmente o Iphan assumiu a tutela sobre o encontro das águas.

Qualquer novo projeto que a partir de agora se fixe na área do polígono terá de ser submetido ao instituto, além de obter a licença ambiental.  Certamente haverá quem se indigne com o fato: o raciocínio automático é de que a razão (ou anti-razão) econômica prevaleça sobre qualquer outro tipo de consideração - e sempre com vantagens para o investidor.

A decisão do Iphan, que ainda vai sofrer questionamento judicial, não bloqueia a evolução dos empreendimentos produtivos na região, mas talvez ajude o país a se dar conta de que destruindo os recursos naturais, em especial aqueles que representam uma grandeza única, é a Amazônia que estão destruindo.  Substituem a galinha dos ovos de ouro por um cavalo de Tróia.  Na mitologia ou na realidade, sabemos qual será o desfecho.

(Envolverde/Adital)


DCI: Regulamentar já! - Parte 1



Arnaldo Jardim
A Política Nacional de Resíduos Sólidos já foi sancionada e o Brasil está na expectativa de sua regulamentação
O Brasil já dispõe de uma legislação de vanguarda para tratar da destinação e do tratamento de todo o lixo gerado no País, aprovada pela Câmara dos Deputados depois de 19 anos e sancionada em agosto pelo presidente Lula.
Vivemos a expectativa da regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sob a responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA), que deveria ocorrer em menos de 90 dias a contar da sua promulgação, mas que até o momento não foi colocada para análise pública.
Essa situação causa preocupação quanto à ausência da participação dos diversos segmentos envolvidos na elaboração da mesma e nos obriga a conviver com o que há de mais arcaico em termos de destinação inadequada de lixo.
De cada quatro sacos de lixo residencial coletados pelos serviços oficiais, um vai para local inadequado, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Entenda-se por "local inadequado", lixões e aterros controlados precários, espalhados, pelo estado que contaminam o ambiente e são fonte permanente de risco à saúde da população.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelece, por exemplo, um prazo de dois anos para que prefeituras e governos estaduais estabeleçam planos de gestão de resíduos, e quatro anos para acabarem com os lixões a céu aberto e com os aterros inapropriados.
A imagem de catadores sem luvas nem equipamentos de segurança, trabalhando noite e dia no lixão -em meio a seringas, caixas de remédio, gazes usadas, CDs, urubus, garças e cachorros- também está com seus dias contados.
Segundo a nova legislação, os municípios são incentivados a incluírem na coleta seletiva a participação de cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, que terão incentivos financeiros para investir na capacitação dos trabalhadores e na transformação do lixo coletado.
A coleta seletiva ineficiente e o transporte de materiais recicláveis para aterros sanitários causam prejuízos anuais de até R$ 8 bilhões, segundo o Ipea - sigla de Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
As perdas ocorrem principalmente por causa dos custos adicionais nas indústrias pelo uso de material virgem em vez de reciclado, dos danos ambientais e de gastos de orçamento público com a destinação final de lixo em aterros.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelece que as empresas tenham um plano de gestão de resíduos, a partir da análise do ciclo de vida do produto e implantem a logística reversa para que as empresas sejam responsáveis pela coleta do lixo tóxico de difícil decomposição.
A Região Sudeste originou 53% dos 57 milhões de toneladas de lixo gerados em 2009, o que significa que cada habitante produz 1,2 quilograma por dia, segundo a Abrelpe.
Outra questão importante da Política Nacional de Resíduos Sólidos está na educação ambiental, no sentido de mitigar a geração de resíduos e estimular um consumo mais consciente por parte da população.
Fundamentada nos princípios do direito ambiental, sobretudo na prevenção e na precaução -prevenir as conseqüências de determinado ato/cautela para que ações não venham a resultar em efeitos indesejáveis-, a Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne um conjunto de instrumentos instituídos capazes de promover com segurança padrões sustentáveis no gerenciamento dos resíduos, sobretudo os industriais e perigosos.
Busca-se uma integral implementação de gerenciamento dos resíduos industriais, especialmente os perigosos, que compreenda da geração à destinação final ou disposição final (caso dos rejeitos), que seja executado de forma a atender os requisitos de proteção ambiental e de saúde pública, fundamentado a partir da elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de que trata a lei.
Resta, como obrigação para as indústrias, a elaboração dos planos de gerenciamentos, contendo, entre outras medidas:
- descrição do empreendimento ou atividade;
- diagnóstico dos resíduos sólidos gerados ou administrados;
- a origem;
- o volume e a caracterização dos resíduos, incluindo os passivos ambientais a eles relacionados;
- definição dos procedimentos operacionais relativos às etapas do gerenciamento de resíduos sólidos sob responsabilidade do gerador, ações preventivas e corretivas a serem executadas em situações de gerenciamento incorreto, ou acidentes e as metas e procedimentos relacionados à minimização da geração de resíduos sólidos, e, observadas, as normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) e do Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa) à reutilização e reciclagem.
Dispõe ainda a Política Nacional de Resíduos Sólidos sobre os inventários de resíduos -aplicados também aos resíduos industriais e aos perigosos-, bem como o sistema declaratório anual dos resíduos.
Em relação aos inventários, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) publicou a Resolução n. 313, de 29 de outubro de 2002, que dispõe sobre o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos considerando, principalmente, a ausência de informações precisas sobre a quantidade, sobre os tipos e sobre os destinos dos resíduos sólidos gerados no parque industrial do País e que esses resíduos podem apresentar características prejudiciais para a saúde humana e também para o meio ambiente.
Contudo os inventários não são uma realidade no Brasil e espera-se que a entrada em vigor da lei nacional de resíduos consolide a implantação desse importante instrumento.
A segunda parte deste artigo será publicada na edição de amanhã.

Chineses sedentos de petróleo brasileiro



29 de novembro de 2010 | 21h19
Raquel Landim /estadao.com.br
Em setembro, os chineses importaram 1,4 milhão de barris de petróleo por dia de todos os países do mundo. Não é brincadeira.
Os Estados Unidos continuam sendo o maior consumidor global de petróleo, mas se considerarmos todas as formas de energia, a China já assumiu a liderança. Segundo a Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep), a demanda chinesa deve crescer 5,14% em 2011, muito acima da alta média prevista de 1,36%.
O Brasil é uma parte muito pequena desse complicado quebra-cabeça do petróleo, mas deve ganhar relevância quando as megarreservas do pré-sal começarem a sair do fundo da terra.  Mais uma vez o destino do País está atrelado ao da China, que já é o grande comprador de soja e minério de ferro brasileiros. A aposta de dez entre dez analistas é que Pequim deve se tornar o maior investidor e o maior comprador do petróleo do pré-sal.
De janeiro a setembro, os chineses importaram 179,5 mil barris por dia do Brasil – um montante insignificante para o gigante asiático, mas importante para nós. Em volume, foi um aumento de 125% em relação ao mesmo período de 2009. Em receita, que inclui o efeito do forte aumento do preço do petróleo, a alta chega a 273%!
Os chineses ainda não são o nosso maior comprador de petróleo, mas falta pouco. Os americanos só continuam na frente quando é contabilizado o petróleo enviado a pequena ilha caribenha de Santa Lúcia e depois embarcado para os EUA. (Desconheço os motivos pelo qual a Petrobrás faz essa triangulação. Questionei a estatal sobre o assunto, mas não tive resposta).
Os chineses vão aos poucos “amarrando” seus fornecedores de matéria-prima. O aumento das exportações brasileiras de petróleo para a China é resultado do contrato entre Sinopec e Petrobrás. Para conseguir um empréstimo de US$ 10 bilhões com o China Development Bank, a estatal se comprometeu a entregar 150 mil barris de petróleo por dia. Tudo é feito a preços de mercado, ou seja, o Brasil não perde dinheiro, mas a China tem preferência.
O gigante asiático também está avançando na prospecção no País. A Sinochen comprou 40% do campo de Pelegrino, controlado pela norueguesa Statoil. A Sinopec fez um aporte de US$ 7,1 bilhões na filial brasileira da Repsol. E é bastante provável que os chineses comprem a participação que está à venda da OGX, de Eike Batista.
Segundo uma matéria publicada pelo Wall Street Journal,  “nenhum lugar do mundo” é comparável ao frenesi do Brasil para a exploração do petróleo em águas profundas – principalmente depois do desastre ambiental do Golfo do México. Os chineses sabem disso. E estarão cada vez mais presentes por aqui.
“O investimento da China não é ruim, mas temos que ter cuidado para não ficarmos presos a um país complicado”, disse ao blog Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Ele tem toda razão.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O Nosso Etanol


Por Arnaldo Jardim 


A cidade de Ribeirão Preto, interior paulista e principal pólo de produtor de etanol do País, foi palco de um momento histórico para o setor sucroalcooleiro. Diante de governantes, empresários, jornalistas e políticos, teve início a construção de um etanolduto que ligará a região à Paulínia, maior pólo de refino do Estado.
Trata-se de mais um passo no caminho rumo à liderança mundial no setor de biocombustíveis, possibilitando através de um melhor planejamento, estabilidade e previsi­bilidade da produção, atendermos a atual e futura demanda (interna e externa).
Pelo trecho de 202 quilômetros, que custará R$ 800 milhões, devem passar 12 milhões de metros cúbicos de etanol/ano. Está é a primeira etapa de uma obra que deve passar por regiões produtoras como Goiás, Minas Gerais, São Paulo e do Rio de Janeiro. No total serão 850 quilômetros que devem passar por 45 cidades, a um custo médio superior a R$ 5,6 bilhões, e que terá como destino final o porto de São Sebastião (SP). Quando estiver pronto, o etanolduto terá capacidade para escoar 21 milhões de metros cúbicos do biocombustivel.
Concomitantemente, o setor sucroenergético nacional vive a expectativa de que o Congresso dos EUA possa cortar os subsídios à produção de etanol de milho e as tarifas de importação que somados chegam a US$ 6 bilhões e vigoram há três décadas, o que praticamente inviabiliza as exportações do nosso combustível verde amarelo para o maior mercado consumidor do mundo. Atualmente, nosso etanol paga 2,5% sobre o valor comercializado e mais US$ 0,54 por galão (3,8 litros).
Em paralelo ao esforço da nossa diplomacia em abrir novos mercados para o etanol, via combate de das sobretaxas adotadas pelos países desenvolvidos, os trabalhos em prol da elevação das exportações de biocombustíveis também caminham em outra frente: a transformação do combustível em commodity. Para tanto, o governo e entidades representativas do setor tem se empenhado em exportar a tecnologia para produção de etanol em países da América do Sul, América Central e África.
Além disso, vale destacar a parceria entre o Governo do Estado de São Paulo e a Prefeitura de Piracicaba para a construção do Parque Tecnológico de Piracicaba (PTP), que terá até oito laboratórios, uma incubadora de empresas, universidade e centros de pesquisa, instalados em uma área de 680 mil m2.
Diante deste quadro, fica evidente que as demandas ficaram mais complexas, pois o setor sucro energético se tornou estratégico para o País. Por isso, o Legislativo terá um papel fundamental na elaboração e aprovação de propostas que sejam capazes de alicerçar o crescimento sustentável desta atividade econômica. Para tanto, defendo as seguintes propostas:
– Acabar com a insegurança causada pelo novo Código Florestal;
– Garantir a warrentagem como um instrumento anual, para evitar grandes oscilações de preços no período da entressafra.
– Fortalecer as comercializadoras e rever a atual estrutura de comercialização que pena liza o produtor;
– Estabelecer um tratamento tributário diferenciado para os biocombustíveis, com:alíquota nacional de ICMSIPI diferenciado; uso da CIDE como imposto ambiental e regulatório;
– O estabelecimento da bioeletricidade como fonte energética prioritária em complementa riedade à energia hídrica.
Para que as expectativas de mercado se confirmem, empresas, governos e o setor produtivo precisam estar atentos para as novas exigências de um mercado em formação: comer­cialização eficiente, respeito às normas socioambientais e investimentos permanentes em pesqui sa e desenvolvimento.

Deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) – membro da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados.
Comentário
Sem a regulação devida, e o uso da cide como reguladora, o sucesso do etanol/ açúcar se dá penalizando o consumidor nacional com impactos sobre a inflação. Veja reportagem do O  Estado de S. Paulo:

IBGE: inflação pelo IPCA-15 é de 0,86% em novembro

23 de novembro de 2010 | 9h 22
JACQUELINE FARID - Agencia Estado
RIO - A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - 15 (IPCA-15) atingiu 0,86% em novembro, ante 0,62% em outubro. O resultado, divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou acima do teto das estimativas dos analistas, que esperavam inflação entre 0,66% e 0,77%. A mediana das previsões estava em 0,72%. Em 2010, o IPCA-15 acumula alta de 5,07% e, nos 12 meses encerrados em novembro, aumento de 5,47%.
Os produtos alimentícios aceleraram o ritmo de reajustes no IPCA-15 de novembro, com alta de 2,11% no mês, ante 1,70% em outubro. O grupo Alimentos e Bebidas contribuiu, sozinho, com 0,48 ponto porcentual, ou 56% do IPCA-15 de novembro. Houve alta de preços em vários alimentos com peso importante no orçamento das famílias. O destaque ficou com o item carnes, com aumento de 6,10% em novembro e impacto de 0,14 ponto porcentual na taxa mensal. Outros reajustes significativos ocorreram em feijão carioca (10,83%), açúcar cristal (14,05%), tomate (10,28%), batata-inglesa (9,96%), feijão preto (7,15%), farinha de trigo (5,76%) e açúcar refinado (4,50%).
Houve aceleração também nos preços dos produtos não alimentícios, grupo cuja variação chegou a 0,49% em novembro, ante 0,30% em outubro. Os destaques de alta ficaram com os combustíveis (2,22%), com aumentos no etanol (6,75%) e na gasolina (1,92%). Destacam-se ainda as altas nos gastos com empregados domésticos (1,34%), artigos de vestuário (1,17%), aluguel residencial (1,05%) e condomínio (0,88%). Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados de 14 de outubro a 12 de novembro e comparados com os vigentes de 14 de setembro a 13 de outubro de 2010. 



Brasil reinaugura o Novo Mundo


26 de novembro de 2010 | 0h 00
    Marcos de Sá Corrêa - O Estado de S.Paulo
O Brasil estreou nesta semana, em Madri, o modelo 2011 do Novo Mundo. Foi o primeiro país convidado a participar do Congresso Nacional de Meio Ambiente, uma bienal que, como seu nome está dizendo, desde sua primeira edição, lá vão quase 20 anos, foi um acontecimento estritamente "nacional". Ou seja, espanhol.
Chegar lá antes de todos os outros países latino-americanos, que falam a mesma língua dos anfitriões, não é pouca coisa. E a delegação brasileira fez o possível para valorizar seus trunfos, do pré-sal ao pós-Lula. Ouviu mais de uma vez dos espanhóis que seus recursos naturais dão "inveja". Em troca, um porta-voz da delegação brasileira declarou, modestamente, que seu país não tem a pretensão de resolver todos os problemas do mundo.
O congresso é, antes de mais nada, um foro de "negócios ambientais", embora corra em seus auditórios o ambientalismo puro-sangue dos colégios de físicos e de monastérios budistas.
Ali, só dá para vender autoconfiança com cautela. Ficou claro que a Amazônia terá de se render de uma vez por todas ao avanço das hidrelétricas, por exemplo. Mas as novas barragens serão construídas sobre plataformas fluviais, que prometem levar consigo os canteiros de obra quando a usina estiver pronta e deixar na retaguarda florestas recompostas.
Em suma, o Brasil conseguiu falar de crescimento numa Europa cada vez mais conformada com a ideia de que, queiram ou não, até os países ricos terão de aprender a viver com menos. E, se possível, viver melhor com menos.
O Palácio Municipal de Congressos ficou, durante os quatro dias de debates, inundado de folhetos sobre o futuro possível com a desordem climática. Só na Espanha, 7,5 mil quilômetros de ferrovias já viraram Vias Verdes, exclusivas para andarilhos e ciclistas. Entraram também nos roteiros turísticos as Vias Pecuárias, que são 4,2 mil quilômetros de caminhos milenares, traçados por pastores entre vales e montanhas.
Parques e bosques se multiplicam ultimamente, partindo quase do centro de Madri até os confins mais ásperos da Espanha. Na capital, cinco depósitos de entulho ferroviário foram reflorestados e ajardinados. E, no país inteiro, 300 administrações locais aderiram formalmente a um vasto protocolo de adaptação ao clima.
Com tantas prefeituras amarradas a metas estritas para o tratamento do lixo, o aproveitamento do metano como eletricidade, a devolução do esgoto ao estado de água potável ou ao fomento de energias alternativas, da eólica à geotérmica, o mercado não poderia ficar imune à mudança. Hoje, gravita ao redor dessa Rede Espanhola de Cidades para o Clima o comércio de soluções privadas para problemas públicos. Oferece desde casas que poupam eletricidade ou uma nova encarnação como "vidro ecológico" e cerâmicas finas a tubos de imagem de TVs e computadores obsoletos.
Foi nessa moldura de austeridade compulsória que o Brasil mostrou a fartura de seus recursos naturais. E nem era preciso percorrer os outros estandes. Bastava descer na estação de metrô mais próxima e reemergir a esmo em qualquer canto de Madri para dar de cara com uma capital europeia que, em nome do aperto, parecia mais dourada neste outono.
Porque plantou 15 milhões de árvores, encheu de flores suas alamedas, abriu na terra batida 286 quilômetros de passeios, tirou das ruas 385 mil carros particulares, embarcou mais 2,5 milhões de madrilenhos por dia no transportes públicos eletrificados e passou a tratar sua paisagem como um direito inalienável de todo cidadão.
Basta uma volta por Madri para sentir que no Brasil está faltando alguma coisa. Ou seja, a suspeita de que certas coisas podem faltar um dia. E é melhor que não façam falta. 

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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Cientistas fecham rachaduras em concreto usando superbactérias criadas em laboratório

Notícias - Infraestrutura/ Instituto de Engenharia

GizModo
Publicado em 19 de Novembro de 2010
Consertar danos no cocreto geralmente requer colocar mais concreto, ou tirar tudo e começar de novo. Mas graças a especialistas em germes da Universidade de Newcastle, bactérias personalizadas - "BacillaFilla" - podem ser o futuro dos reparos em concreto. 



As bactérias, uma vez lançadas em uma área com danos, se procriam e se espalham pelas rachaduras, e então morrem. Elas deixam para trás uma mistura de carbonato de cálcio, "cola bacterial" e seus próprios corpos filamentosos, mistura essa tão resistente quanto o concreto original. E não se preocupe: os pesqusiadores foram espertos o suficiente para criar dois mecanismos de reprodução nas bactérias. Um permite que elas se reproduzam apenas no concreto, porque só se dividem no pH específico dele. O outro mecanismo avisa quando o trabalho delas está feito, para não se rebelarem e cobrirem o mundo em carbonato de cálcio: 

As bactérias também contêm um gene autodestrutivo que evita que elas se proliferem para longe de seu alvo no concreto, porque um conjunto descontrolado de concreto bacterial que continuasse a crescer, apesar de todos os esforços para interompê-las, seria de certa forma incômodo. 

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Horto para plantar favela


19 de novembro de 2010 | 0h 00
    Marcos Sá Correa - O Estado de S. Paulo
Veterano de lutas contra o patrimônio público no Rio, o deputado Edson Santos (PT) presenteou a cidade nessa antevéspera de Natal com um texto irrefutável. Não dá para refutá-lo porque cada palavra do texto colide com a seguinte, o que é admirável mesmo em numa época na qual os políticos brasileiros conquistaram a prerrogativa de dizer qualquer coisa.
A primeira frase de Edson Santos vai diretamente ao ponto final. Ela declara que "é perfeitamente possível conciliar a permanência dos moradores do Horto Florestal com a expansão da área de visitação do Parque Jardim Botânico, também conhecida como arboreto". Pode-se parar por aí. Para começo de conversa, ele junta "moradores" com "Horto Florestal", como se não houvesse o menor atrito entre essas palavras.
E o pior é que, até aí, tudo bem. O oxímoro retrata a realidade, porque a realidade ali é absurda. Aquilo se chama Horto porque abrigou até meados do século passado talhões de mudas para reflorestamento. Eles constam de mapas do Ministério da Agricultura até meados da década de 1940. Suas alamedas tinham nomes de árvores.
Era, então, um Horto ao pé da letra. A cidade o perdeu. Ele foi surrupiado por administrações pródigas e funcionários espertos; depois, por descendentes e colaterais de funcionários espertos; enfim por amigos e locatários de funcionários espertos. Qualquer um aproveitou a bagunça para se aboletar no jardim.
O Jardim Botânico sequer fez a conta das casas que semeava. Seu número ainda varia entre 550 e 621. Há entre elas residências funcionais que guardam os traços da arquitetura oficial. E também biroscas, garagens, oficinas e puxadinhos para acomodar famílias que procriam, parentes que chegam de longe e carros que não param de se multiplicar.
Favelizou-se, portanto, um jardim bicentenário do Rio de Janeiro. Com pretextos tão frágeis que bastou a teimosia de um procurador para desmontá-los. Ele se chama Luiz Cláudio Pereira Leivas. Disparou sobre cada imóvel do Jardim Botânico um petardo jurídico de longo alcance e mira telescópica. Seus processos tramitaram sozinhos por quase duas décadas, sem que qualquer diretor do Jardim Botânico movesse um dedo para empurrá-los. Vingaram pela força de seus próprios argumentos. E as sentenças para reintegração da posse começaram a despontar em série, uma a uma, nas mais altas instâncias judiciais.
Aí, com o caso julgado, a Secretaria do Patrimônio da União resolveu descumprir as sentenças. O deputado Edson Santos, recém-desembarcado do governo federal, onde foi ministro da Integração Racial, defende essa nova, militante e omissa SPU contra o tradicional Serviço do Patrimônio da União. Ele aprecia invasões. Elege-se em parte com o apoio delas. Defende-as por princípio e por afinidade política. Apoia até a invasão que desfigurou na zona oeste a Colônia Juliano Moreira. Nela, só restam sintomas de sanidade ambiental e administrativa no pavilhão dos dementes. O resto, a loucura fundiária e urbanística do Rio de Janeiro contagiou.
Isso faz do deputado Edson Santos um especialista no assunto? Quem dera. A especialização é artigo em baixa na política brasileira. Ao advogar a invasão do Horto, ele errou feio. Definiu de cara o arboreto como "área de visitação do Parque Jardim Botânico". Ainda nem percebeu que o arboreto é, oficialmente, o laboratório a céu aberto de um instituto de pesquisas chamado Jardim Botânico do Rio de Janeiro, cuja Escola Nacional de Botânica Tropical está, por sinal, separada dos laboratórios e bibliotecas pela favela do tal "Parque Jardim Botânico". Isso só ele sabe o que é e onde fica. 


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Vendas de imóveis novos têm queda de 45% na cidade de São Paulo

17/11/2010 - 07h51


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DE SÃO PAULO
A venda de imóveis novos residenciais na cidade de São Paulo teve queda de 44,84% em setembro deste ano, frente o mesmo período de 2009. Foram comercializadas 2.785 unidades, ante resultado de 5.049. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pelo Secovi-SP.
No entanto, na comparação com o mês anterior, quando foram vendidos 1.638 imóveis, houve um aumento de 70%.
Em agosto, as vendas de imóveis novos também tinham recuado, com redução de 54,2%, no confronto com o mesmo mês no ano passado. Na comparação com julho, a diminuição nas vendas também foi expressiva (48,4%).
Na época, a entidade explicou que as dificuldades para viabilização de empreendimentos na cidade, o que inclui terrenos com valor alto e a legislação urbanística vigente, resultaram na fuga dos empreendedores para os outros 38 municípios da Grande São Paulo.
VENDAS SOBRE OFERTA
O indicador VSO (Vendas sobre Oferta) foi de 26,4% em setembro. O índice mede o desempenho de comercialização e é expresso pela relação entre o número de unidades vendidas e a oferta no mês (unidades remanescentes acrescidas dos lançamentos). Em agosto, tinha sido de 17,4 e em setembro de 2009 ficou em 30,8.
Apesar da retração no nono mês do ano frente ao desempenho do ano passado, a entidade aponta que as perspectivas para o mercado imobiliário na cidade de São Paulo são de crescimento em relação a 2009. O economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, estima terminar o ano com 36 mil unidades vendidas, enquanto os lançamentos podem atingir de 33 mil a 35 mil unidades, conforme indicam prévias sobre lançamentos.
O total de imóveis vendidos em São Paulo entre janeiro e setembro deste ano é de 24.605 unidades, queda de 1,9% sobre igual período de 2009, quando se foram comercializados 25.087 imóveis.
Quanto à segmentação, os imóveis com dois dormitórios responderam pelo maior volume de vendas em setembro, 37,8% do total, seguidos por aqueles com quatro dormitórios, equivalentes a 32,6% das unidades.
REGIÃO METROPOLITANA
O Secovi informou ainda que, considerando a região metropolitana do Estado, composta por 39 municípios, as vendas de imóveis somaram 4.723 unidades em setembro, crescimento de de 23,5% sobre o mês anterior.
O número de lançamentos na região, conforme a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio), totalizou 7.660 unidades no mês, com alta de 60,1% sobre agosto. O volume de 2.894 unidades residenciais lançadas em setembro na cidade de São Paulo representou 37,8% do total produzido.