terça-feira, 31 de janeiro de 2017

A piscina ensolarada e o mercado brasileiro OESP

Rodrigo Ribeiro
Rodrigo Ribeiro
Possivelmente, a maioria dos leitores já assistiu a uma situação como esta: num dia quente, o céu azul, uma piscina mais atraente do que nunca, um garoto corre, atira a toalha na cadeira de sol e pula na água. Seu colega, por sua vez, decide colocar o pé na água antes de pular e, de repente, a ideia de mergulhar o corpo quente na água fria já não lhe parece a melhor do mundo. A percepção de desconforto iminente o faz desistir de se divertir com os amigos, sem considerar que esse possível desconforto inicial seria totalmente compensado por uma sensação de conquista e bem-estar.
Muitas empresas têm tido a mesma atitude ao avaliar a entrada em novos mercados, como o brasileiro. Inicialmente animados com as perspectivas de um mercado com potencial ímpar, alguns investidores preferem, em vez de mergulhar na oportunidade, molhar os pés antes, para então concluir, precipitadamente, que a hora não é boa para a experiência.
Não estamos falando de um mergulho em águas desconhecidas. Há informação suficiente sobre profundidade, temperatura, qualidade da água e outras condições. O problema real está na falta de confiança em sua capacidade de executar um plano de entrada bem-sucedido.
É verdade que nem todos os negócios irão florescer ricamente. Há, na prática, alguns alertas. Antes, porém, vale ressaltar alguns fatos que podem reequilibrar cautela e desejo de desfrutar de uma piscina ensolarada – no caso, o Brasil.
Enquanto a água parece um pouco fria, o mesmo não se pode dizer do clima.
Explico: a economia está em ritmo lento, é fato, e os negócios devem, dependendo do segmento, entregar resultados modestos no curto prazo. Contudo, considerando os investimentos significativos que precisam ser feitos na etapa inicial de uma startup, talvez não haja melhor momento do que este para dar os primeiros passos. O câmbio está agora mais favorável aos estrangeiros do que na média das últimas duas décadas. Isto significa que um estrangeiro gastará muito menos se investir agora.
Quanto?
Aproximadamente 50% menos do que gastaria a cinco anos – em setembro de 2011, o real era comprado a 57,5 centavos de dólar; no mesmo mês, em 2016, seu preço foi de 30,7 centavos da moeda norte-americana. Este mesmo momento pode ainda representar uma grande oportunidade para a aquisição de negócios já existentes no Brasil. Este cenário pode não durar muito mais tempo, já que a situação política e econômica evoluiu nos últimos meses. Por isso, um investidor consciente deverá considerar que terá maior desembolso de recursos financeiros caso espere a economia se recuperar totalmente.
Historicamente, o PIB brasileiro (Market prices, constant 2000 USD ) tem uma das melhores performances entre os grandes países em desenvolvimento, incluindo Índia, Rússia e México. E este desempenho segue um padrão de crescimento que vem se sustentando nos últimos 50 anos, comprovando que a recuperação sempre aconteceu, superando as desacelerações ao longo do período.
Entretanto, se o PIB total do Brasil é semelhante aos de mercados parecidos, quando se trata do PIB per capita (constant USD 2010) , o país demonstra uma distribuição da riqueza maior do que a da Rússia e do que a do México, 74% maior do que a da China e 6 vezes maior do que a da Índia. Sendo indicadores, estes números devem ser lidos com cautela, mas eles seguramente traduzem, em parte, o potencial comercial que um investidor gostaria de ver em um novo mercado.
Períodos de incerteza na economia têm ocorrido ocasionalmente no Brasil ao longo do último século.
Contudo, os resultados têm recompensado investidores comprometidos com o longo prazo. Prova disto é a enorme quantidade de empresas globais, nos mais variados setores, que alcançaram sucesso aqui e têm continuado a atingir resultados consistentes por um longo período de tempo – incluindo Bayer, Siemens, BASF, Bunge e Maersk Line, atuantes no país há mais de 100 anos. É por isso que, a despeito dos desafios, elas não deixam o Brasil, de maneira alguma.
O Brasil é um país de 206 milhões de pessoas. A despeito da turbulência em anos recentes, o país ainda é a 9.ª maior economia do mundo. Isso mesmo. A despeito dos altos e baixos na economia e da agitação política, este mercado permanece entre o top 10 do mundo, no que diz respeito a resultados econômicos.
E não são apenas o agronegócio e as matérias-primas que movem a economia. Até a virada para 2015, o Brasil era o 3.º maior mercado de cosméticos, o 4.º em automóveis e em número de usuários de Internet e o 6.º em TI e Telecom. Uma economia tão grande impulsiona segmentos como serviços, infraestrutura, autopeças, energia, entretenimento, saúde e bem-estar e tantos outros. Metaforicamente, a piscina infantil pode até estar mais quente, mas dificilmente se conseguirá dar uma braçada sequer nela.
Como mencionado, há desafios para os novos players. O mercado brasileiro deixou crescerem barreiras de entrada, como a burocracia para abrir uma empresa ou uma conta corrente. A lei trabalhista brasileira também é muito conservadora e os contratos de trabalho devem ser feitos com antecipação para evitar embates futuros. A estrutura tributária é dinâmica e complexa; por isso, precisa ser desenhada já no início do projeto – e com apoio de especialistas. Assuntos regulatórios podem ser mais rígidos do que em qualquer outro mercado e merecem atenção redobrada. E a lista continua.
Mas isso tudo não deve desanimar o empreendedor. A boa notícia é que os que conquistaram êxito aqui também superaram essas dificuldades iniciais e construíram casos de grande sucesso. Logo, por que novos empreendedores não conseguiriam?
*Rodrigo J. B. Ribeiro, MBA pela Brigham Young University e Engenheiro Elétrico pela Universidade Mackenzie. Traçou sua carreira como executivo de marketing e vendas por grandes empresas multinacionais tais como IBM, Johnson & Johnson e Philips, onde liderou negócios nos segmentos de tecnologia, dispositivos médicos e bens-de-consumo. Aos 41 anos e mais de 20 de experiência, atua, desde janeiro, em seu mais novo desafio, a Gerência-Geral do Cerqueira Leite Advogados, empresa nacional de serviços jurídicos.

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Limites à negociação, OESP


Fundamental é não vender a ideia de que reforma trabalhista fará aparecer empregos
Cida Damasco
30 Janeiro 2017 | 05h00
Um candidato a ministro do Supremo que, apesar de posições no mínimo polêmicas se mantém na disputa, principalmente por seu endosso total à proposta de reforma trabalhista. Um grupo de procuradores do Ministério Público do Trabalho que se adianta e condena a proposta do governo, por considerá-la “inconstitucional” e com poder de fragilizar o mercado de trabalho. Nem bem começou a tramitar a reforma trabalhista de Temer e já está claro o quanto ela é valorizada pelo empresariado e o quanto ela vai enfrentar resistências.
As mudanças no trabalho estão, para o governo Temer, como a reforma da Previdência. Por mais que sejam aparadas e “flexibilizadas”, têm de dar alguns passos antes que o calendário eleitoral inviabilize qualquer debate mais “incômodo”. Claro que não há ilusões de que sua simples aprovação será suficiente, a curto prazo, para garantir a criação de novos empregos, como alguns de seus defensores mais aguerridos querem fazer acreditar: segundo projeções do Broadcast, o contingente de desempregados deve ter aumentado em 3,5 milhões de pessoas, em 2016, e a taxa de desemprego deve ter encerrado o último trimestre bem perto de 12% da população economicamente ativa. Mas, para os empresários, a reforma representa o atendimento a uma das suas principais reivindicações, nos bons e nos maus tempos: a redução do custo do trabalho, que, segundo eles, é essencial para melhorar a competitividade da economia.
Para começar a conversa, vamos tomar como premissa básica que a velha senhora CLT caducou e não combina mais com o mundo do trabalho. Um mundo muito mais fluido e com uma multiplicidade de relações de trabalho, que, na prática, já escapa às amarras da CLT. Dá para enfrentar, por exemplo, a onda da “uberização” apenas brandindo as regras da CLT? A saída, portanto, seria render-se às evidências e deixar a cargo do mercado o estabelecimento de regras, por meio de contratos entre as partes.
A questão, porém, é bem mais complexa do que parece. Trata-se de evitar que a modernização das relações de trabalho se transforme pura e simplesmente em precarização. Ainda mais em momentos sensíveis como o atual, em que empregos são mercadoria em falta, principalmente os chamados empregos “de qualidade”. A proposta do governo prevê, entre outras coisas, a livre negociação de jornada de trabalho entre patrões e empregados, desde que seja respeitado o limite máximo de 12 horas por dia e 220 horas mensais, banco de horas, parcelamento das férias, trabalho remoto, participação nos lucros e resultados e outros itens – sempre com o objetivo de priorizar o entendimento em lugar da legislação. A terceirização, outro ponto importante nesse universo, corre por fora, num projeto já aprovado na Câmara.
Alguns especialistas já fazem ressalvas à nova proposta, mesmo reconhecendo a necessidade – e a inevitabilidade – de uma reforma trabalhista. E o motivo é basicamente o mesmo: o desbalanceamento de forças entre os dois lados da mesa de negociação. Eles chamam a atenção para a fraqueza da estrutura sindical brasileira. São quase 11 mil sindicatos espalhados pelo País, quase 75% deles da área urbana e, ainda assim, com uma minúscula participação no mercado. Muitos de fachada, criados apenas para se habilitar ao benefício do imposto sindical. Mesmo os mais representativos perderam expressão nos últimos anos, e raros são os que atualizaram sua pauta. Para esses especialistas, livre negociação para valer exigiria também uma reforma sindical, que reduza essa pulverização, via, por exemplo, o fim da exigência de uma base territorial exclusiva. Além disso, há o entrave da representação dos trabalhadores dentro das empresas – que, embora prevista na Constituição, não é regulamentada pela CLT e, do jeito que está na nova proposta (só em empresas acima de 200 empregados), continuará pouco efetiva.
O fundamental, contudo, é não vender a ideia de que a reforma trabalhista, como num passe de mágica, fará aparecer os empregos e desaparecer os processos trabalhistas. Nem uma coisa nem outra está no horizonte. Empregos só aparecerão com investimentos. E processos trabalhistas – hoje na casa de 8 milhões – só sumirão com a garantia de segurança jurídica em acordos bem costurados e negociados.
*É JORNALISTA

O pai e a mãe do porco-espinho , Humberto Werneck, OESP

A pedagogia de meu pai tinha castigos bizarros que, vistos de hoje, me parecem divertidos
Humberto Werneck
31 Janeiro 2017 | 02h00
Não garanto nada, mas acho que estou curado da mania que tive, quando menino, de sair usando palavras e expressões que acabara de ouvir ou ler pela primeira vez. Com o risco, já contei, de provocar pasmo ou gargalhadas entre os circunstantes - como no dia em que, tendo ouvido meu pai dizer “o diabo a quatro”, tratei de passar adiante, crente que estava abafando, o que a meus ouvidos chucros soara como “diabo aquático”. O demo, já pensou?, a dar braçadas no seu caldeirão fervente...

O desastre vocabular me fez cauteloso, levando-me a frequentar mais amiúde os dicionários que tínhamos em casa, o Caldas Aulete e o Laudelino Freire. Em nenhuma parte, porém, encontrei explicação para a ameaça inusitada que ouvi de meu pai, no dia em que chegou ao seu conhecimento a estripulia que um de nós havia perpetrado no colégio: “Eu te mando pro Acre!”, bramiu o velho, na verdade mal chegado aos 40 anos.
Só fui decifrar o enigma quando, já marmanjo, li sobre as centenas de moradores do Rio de Janeiro que, por seu envolvimento nas revoltas da Vacina e da Chibata, em 1904 e 1910, foram condenados ao degredo no mais remoto rincão do país, aquele que, em alusão aos campos de trabalhos forçados da União Soviética, alguém chamou de “a Sibéria do Brasil”.
Imagino que o papai tenha ouvido a expressão dos lábios do pai dele - do qual, além do prenome, Hugo, herdou asperezas de macho que a vida haveria de aplainar. Não era brincadeira o dr. Hugo Furquim Werneck, falecido 10 anos antes de minha chegada ao mundo, avô cujos verdadeiros traços fui conhecer não nos relatos hagiográficos de meu pai e tios, mas no retrato que dele pinta, em copiosas páginas de Beira-Mar, o ex-aluno Pedro Nava. Pouco menos que um verdugo, aquele Hugo: diretor da Escola de Medicina de Belo Horizonte, quis expulsar o Nava a poucos meses de formar-se.
Órfão aos 16 anos, meu pai foi uma das raspas do enorme tacho reprodutivo - 13 filhos - do Dr. Hugo e Dona Dora. Décimo primeiro a chegar, até por isso terá penado menos que os mais velhos sob o rigor de um homem em quem a correção de caráter convivia com espinhenta severidade no trato com o semelhante.
Ao contrário dele, falecido cedo, aos 56, meu pai teve tempo e condições de, como os antigos automóveis, amaciar com o uso, tendo para isso contribuído, e muito, a delicadeza de minha mãe, com quem viveu por mais de meio século. Tolerante com os filhos mais novos, com os mais velhos foi bem duro - ao ponto de os felizardos que o pegaram já amaciado se dizerem frutos de um segundo casamento dos mesmos Hugo e Wanda.
Reconheço no meu pai uns traços fortes que terá herdado do meu avô. Não chegou a nos mandar para o Acre, mas recorreu com frequência a um arsenal de punições digno do professor de Pedro Nava. Vistos de hoje, quando já não doem nem revoltam, os castigos que o papai nos aplicava tinham um quê de homeopatia, pois em geral guardavam relação com o malfeito. Que nem o pai dele, que, tendo apanhado um filho com cigarro aceso, lhe fez fumar o maço inteiro, que por isso ficou sendo o último.
Um dia, ao se dar conta de que eu, discretamente, ia dizimando uma garrafa de Old Parr, meu pai me fez beber o resto. Com é que o que o nosso ébrio gosta de beber uísque?, ironizou. Com leite, respondi no mesmo tom - e paguei o intragável preço de sorver, de cara boa, uma beberagem morna cuja lembrança ainda hoje me nauseia. 
Em outra ocasião, na minha ausência, mandou jogar fora meia garrafa de cerveja preta - munição de minha mãe para incrementar a amamentação - e abastecê-la com outro tanto de café gelado e salgado, mistura da qual um gole ávido e gordo chegou a me descer pela garganta antes de voltar estrepitosamente à luz.

Uma das meninas, durante a refeição, brincava com a argola do guardanapo, desafiando a proibição paterna? Diante da mãe e dos irmãos, que não podiam rir, teve que encaixar na boca a argola de ebonite e assim permanecer por uns minutos, chorando um choro cilíndrico de vergonha e raiva. 
Um dia, chegando em casa, dei com um dos irmãos pendurado no flamboyant do jardim, qual presunto em viga de armazém, como penitência por ter dado uma de Tarzan no galho em que o pai enganchara uma gaiola. Outro, por ter fuçado numa pilha de materiais de construção, foi sentenciado a passar longos minutos com os braços abertos e um tijolo em cada mão.
Mais uma. Na ausência dos pais, eu e um dos irmãos encenamos uma missa, para a qual fizemos hóstias de miolo de pão, uma recheada de sal, outra de pimenta, que demos em comunhão a duas das meninas. Não me lembro se sobrou para mim, mas não esqueço do meu coroinha a esguichar lágrimas desencadeadas por uma colherada de pimenta braba.
*
O que ficou da pedagogia rude de um pai que a humildade, o tempo e os filhos se encarregaram de adoçar, fazendo dele uma pessoa bem melhor que as encomendas? Virou conversa boa de família, historinhas em que ele próprio achava graça. Provar de seu “veneno” - não era assim também que funcionava seu esquema educativo? De minha parte, nada ficou de mágoa nem ressentimento. Nenhuma sombra em meu amor por ele. Foi às vezes duro? Muito mais sofreu a mãe do porco-espinho - dito que aprendi com um gaiato no colégio e, claro, tratei de usar na primeira oportunidade, antes mesmo de saber o que foi que se passou com a desditosa genitora do ouriçado roedor em questão.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

27.01.17 | A indústria de energia solar emprega mais pessoas do que a de petróleo, carvão e gás juntas nos EUA,







Fonte: Energia E - 25.01.2017

Estados Unidos - O segundo relatório anual dos EUA sobre Energia e Emprego (USEER em inglês) do Departamento de Energia dos EUA (DOE em inglês) mostrou que em 2016, a energia solar empregava mais pessoas do que o tradicional carvão, gás e petróleo juntos.

“Proporcionalmente, o emprego solar é responsável pela maior parcela de trabalhadores no setor de geração de energia elétrica”, diz o relatório, divulgado em 13 de janeiro. Isto é em grande parte devido à construção relacionada à construção significativa de usinas e placas solares em residências e indústrias, para geração solar.

No setor de geração de energia elétrica, o relatório descobriu que a energia solar empregou 374 mil pessoas no ano de 2016, o que representa 43% do número de trabalho do setor, enquanto os combustíveis fósseis tradicionais combinados empregavam 187.117, perfazendo 22% do número de trabalho.

Energia verde viu um impulso como os dados mostraram e os empregos de eficiência energética aumentou de 133.000 para um total de 2,2 milhões. Desde 2015, o emprego na indústria solar aumentou 25%, somando 73 mil novos empregos, enquanto o emprego de energia eólica teve um aumento de 32%, tornando-se a terceira maior força de trabalho no setor de geração de energia elétrica, empregando 100 mil pessoas.

O relatório também mostrou uma tendência ascendente nos empregos de eficiência energética em outras indústrias. Os dados mostraram que cerca de 32 por cento da indústria de construção dos EUA estava trabalhando em projetos de energia ou construção de energia eficiente. Dos 2,4 milhões de pessoas que trabalham na indústria de veículos motorizados, o relatório identificou 260 mil postos de trabalho de veículos de combustível alternativo, um aumento de 69 mil postos de trabalho no último ano.

O USEER também pesquisou empregadores de energia em todo os EUA para obter uma previsão de crescimento do emprego projetado em 2017. Os resultados previram um aumento na contratação em muitas indústrias no setor de energia, empregadores de eficiência energética projetando a maior taxa de crescimento nos próximos 12 meses, Sugerindo um aumento de 9% em todo o setor, ou cerca de 200.000 postos de trabalho. O setor de combustíveis, por outro lado, prevê um declínio de 3% durante 2017.

“Este relatório verifica o papel dinâmico que nossas tecnologias e infraestrutura de energia desempenham em uma economia do século XXI”, disse em um comunicado de Washington o assessor sênior de Política Industrial e Econômica do DOE, David Foster. “Seja produzindo gás natural ou energia solar a preços cada vez mais baixos ou reduzindo nosso consumo de energia através de redes inteligentes e veículos eficientes em termos de combustível, a inovação energética está se provando como o principal mecanismo de crescimento econômico na América”.

Esta notícia não é de autoria do Procel Info, sendo assim, os créditos e responsabilidades sobre o seu conteúdo são do veículo original, exceto no caso de notícias que tenham necessidade de transcrição ou tradução, visto que se trata de uma versão resumida pelo Procel Info. Para acessar a notícia em seu veículo original, clique aqui.
  

Rumo perto da renovação, RF

 Notícias da Revista Ferroviária



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27/01/2017 - Revista Ferroviária
A Agência Nacional de Transportes Terrestres apresentou ontem os termos definidos para renovação antecipada do contrato de concessão da malha paulista para a Rumo, na segunda sessão de audiência pública, desta vez realizada em Brasília, para receber sugestões. O contrato vence em 2028 e o aditivo prevê sua extensão até 2058.
Para a renovação, foi estabelecida uma outorga de R$ 1.285,29 milhões, a valor de dezembro de 2015, a ser paga em parcelas trimestrais corrigidas pelo IPCA. Também estão previstos investimentos de R$ 4,7 bilhões até 2023, 50% em material rodante (R$ 1,6 bilhão para compra de locomotivas e R$ 760 milhões para compra de vagões) e R$ 1,3 bilhão para obras de redução de conflitos urbanos.
Entre os termos para a renovação estão a reativação de ramais com tráfego suspenso, com metas para de produção que se não forem atingidas vão resultar na devolução dos trechos; e a quitação de multas administrativas a favor do poder concedente, além da resolução de conflitos judiciais e o cumprimento de decisões administrativas determinadas as partir de reclamações de usuários.
Na apresentação de Alexandre Porto, superintendente de Transporte Ferroviário da ANTT e responsável pela negociação da renovação, foi esclarecido que parte dos ganhos de produtividade obtidos pela Rumo com a renovação deverão se reverter em uma redução de 25% no teto do frete tarifário para os clientes. Está previsto que a operadora deve passar da produção anual de 32 milhões de toneladas para 75 milhões de toneladas até 2023. A velocidade média comercial dos trens também deve ter um incremento, passando dos atuais 13,85 km/h para 17,5 km/h, em cinco anos.
A audiência pública para renovação do contrato da malha paulista iniciou no dia 21 de dezembro último e se encerra em 3 de fevereiro próximo. Até esta data, a ANTT está recebendo sugestões e contribuições públicas através do site www.antt.org.br
ANTT impõe redução de 25% do teto da tarifa da Rumo para ampliar contrato

Aos 10 anos da Lei do Saneamento Básico, Brasil ainda apresenta condições lamentáveis, ABES


Ana Paula Rogers Cancelar inscrição

12:33 (Há 5 minutos)
para mim
ABES- Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental


Aos 10 anos da Lei do Saneamento Básico, Brasil ainda apresenta condições lamentáveis


No aniversário da Lei 11.445, estudo realizado pela ABES sobre situação do saneamento no país, com base na PNAD 2015, mostra avanços tímidos.  “O Brasil precisa urgentemente colocar o saneamento como prioridade. Saneamento deve ser prioridade de Estado e não de governo”, afirma o presidente da ABES, Roberval Tavares de Souza.

A Lei 11.445, conhecida como a Lei do Saneamento Básico, completou 10 anos neste janeiro com pouco a comemorar: estudo realizado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES demonstra que houve melhora na situação do saneamento no país, porém, movida por avanços tímidos em algumas regiões. O instrumento estabelece as diretrizes nacionais e a política federal para o setor. Seu advento gerou grandes expectativas quanto à melhoria da prestação e gestão desses serviços e a tão desejada universalização. Dez anos depois, os indicadores monitorados anualmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) por meio da PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios) apontam um grande contingente de pessoas ainda sem acesso aos serviços.
O estudo “Situação do Saneamento Básico no Brasil - uma análise com base na PNAD 2015” (veja aqui http://abes-dn.org.br/?page_id=2525é um comparativo 2014/2015 dos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de lixo e filtro de água no Brasil. Como informação complementar, apresenta uma análise dos principais indicadores de saneamento no Brasil, por meio de suas cinco Grandes Regiões e Unidades da Federação em um comparativo 20008/2015.
A publicação contempla os indicadores de abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de lixo e, adicionalmente, estatísticas sobre o uso de filtro de água nos domicílios, indicador significativo nesse contexto por guardar relação com a percepção dos consumidores quanto à qualidade da água.
Todas as informações têm como base a PNAD 2015 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), anualmente.
A análise mostra que o abastecimento de água apresentou uma variação de 1,5% de 2014 para 2015, com o incremento de 876 mil novos domicílios atendidos, mantendo assim a cobertura de 85,4% de 2014. A maior cobertura foi registrada no Sudeste (92,2%) e a menor na região Norte (60,2%).
Já o esgotamento sanitário por rede, que contempla os domicílios conectados à rede de esgoto por canalização ou fossa séptica, teve uma variação de 4,5% no período, alcançando uma cobertura de 65,3%. Mais uma vez, a maior cobertura foi registrada no Sudeste (88,6%) e a menor no Norte (22,6%). No mesmo período, cerca de 700 mil domicílios deixaram de esgotar por fossa séptica não ligada à rede coletora ou por fossa rudimentar, passando o percentual de domicílios nessas condições de 34,4% para 32,7% em 2015.
Mesmo tendo aumentado em 1,5% os domicílios atendidos pelo serviço de coleta de lixo, a cobertura de 2015 se manteve a mesma de 2014 – 89,8%.
E, por fim, cresceu em todas as regiões, com exceção da Norte, o número de residências que utilizam filtro de água, chegando a mais de 36 milhões aquelas que fazem uso do equipamento. Desse número, mais de 50% estão no Sudeste.
2008/2015
Segundo a PNAD, a cobertura de abastecimento de água no país aumentou de 83,9% em 2008 para 85,4% em 2015, o que significa que o acesso foi ampliado para mais 10 milhões de residências aproximadamente, das quais só o Sudeste foi responsável por cerca de 4 milhões. Em 2015, 58 milhões de domicílios contavam com o acesso aos serviços.
No esgotamento sanitário por rede, a cobertura avançou 6% nesse intervalo de 7 anos, passando de 59,3% para 65,3%, estendendo o acesso à 44,4 milhões de residências, após o atendimento de 10,3 milhões no período. Mais uma vez, o Sudeste acrescentou o maior contingente de domicílios à cobertura: 4,5 milhões.
A coleta de lixo apresentou uma variação absoluta bastante similar ao abastecimento de água e ao esgotamento sanitário – 10,5 milhões de residência passaram a ser atendidas com esse serviço no período, ampliando-se a cobertura de 87,9% para 89,8%. E novamente o Sudeste despontou a maior variação absoluta do período – 4,2 milhões de domicílios passaram a dispor do serviço no período.
A despeito dos avanços obtidos no período, tímidos, é verdade, 29 milhões de pessoas permanecem sem acesso ao abastecimento geral de água, 69,2 sem acesso ao esgotamento sanitário por rede e 20,5 sem coleta de lixo.
Estes índices, ainda tão distantes do ideal, favorecem a proliferação de muitas doenças, como a dengue, a zika, a chikungunya e, em pleno século 21, a febre amarela.
“Apesar de sua irrefutável importância, infelizmente o saneamento é um dos segmentos mais atrasados da infraestrutura brasileira. Em uma escala de desenvolvimento e competitividade, o saneamento só ganha do segmento dos portos, perdendo para rodovias, ferrovias, aeroportos, energia e telecomunicações”, ressalta o presidente da ABES, “Roberval Tavares de Souza.
O engenheiro frisa que hoje, no país, há mais escolas públicas com acesso à internet do que com saneamento: 41%, contra 36%, respectivamente. “Não desmerecendo a relevância do acesso à internet, sobretudo nos dias hoje, o fato de termos mais da metade das escolas do país sem coleta de esgoto, um terço delas sem rede de água e um quarto sem coleta de lixo demonstra a inversão de prioridades por parte de nossos gestores, nos mostra como o saneamento vem sendo relegado nos últimos anos. O Brasil precisa urgentemente tornar o saneamento prioridade.Saneamento deve ser prioridade de Estado e não de governo
O relatório completo com os dados por Grandes Regiões e Unidades da Federação está disponível no site da ABES -  http://abes-dn.org.br/ .

Sobre a ABES
Com 51 anos de atuação pelo saneamento e meio ambiente no Brasil, a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES reúne em seu corpo associativo cerca de 10.000 profissionais do setor. A ABES tem como missão ser propulsora de atividades técnico-científicas, político-institucionais e de gestão que contribuam para o desenvolvimento do saneamento ambiental, visando à melhoria da saúde, do meio ambiente e da qualidade de vida das pessoas.
ABES, há 51 anos trabalhando pelo saneamento e pela qualidade de vida dos brasileiros. 

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Na cultura sindical brasileira, ama-se o emprego e odeia-se quem os cria - RONALDO CAIADO


sábado, janeiro 28, 2017


FOLHA DE SP - 28/01

Em medicina, a diferença entre o veneno e o remédio é a dosagem. Medicação em excesso, em vez de curar, mata. É o que, por analogia, ocorre no Brasil, no campo das relações do trabalho, em que a mais que septuagenária CLT (de 1943) tornou-se, em vez de garantia, obstáculo à expansão do emprego.

Contratar um empregado, em meio ao cipoal de regulações e leis protecionistas –e que protegem apenas um dos lados–, intimida o empregador, pelo custo adicional que lhe impõem impostos e benefícios legais. Um empregado, em regra, custa à empresa mais que o dobro do que efetivamente receberá. E não é só.

A CLT chega ao requinte de, no parágrafo 1º, do artigo 477, invalidar a homologação de um pedido de demissão, ainda que as partes estejam de pleno acordo, se não houver a anuência do sindicato, investido sempre de autoridade arbitral absoluta.

Como se não bastasse, a jurisprudência já admite o "recurso de revista", em que, mesmo depois de homologado, o acordo pode ser anulado.

Numa crise com 14 milhões de desempregados, a legislação a agrava, ao dificultar –ou mesmo impedir– a busca de soluções, anomalia que tem a chancela sindical.

E foi essa cultura esquerdista/sindicalista que consagrou entre nós um paradoxo: ama-se o emprego, mas odeia-se –e criminaliza-se– quem os cria, o empresário.

Há no Brasil, segundo o Ministério do Trabalho, nada menos que 11.257 sindicatos de trabalhadores, além de federações, confederações e centrais, todos sustentados pelo imposto sindical, pago inclusive pelos não sindicalizados.

O PT estimulou essa expansão, o que resultou em bizarrices tais como o Sindicato dos Empregados em Entidades Sindicais (SP) –o sindicato dos sindicalistas–, sem falar em outro das Indústrias de Camisas para Homens e Roupas Brancas de Confecção e Chapéus de Senhoras (RJ).

Em 2016, os sindicatos receberam R$ 3,6 bilhões; só as centrais sindicais, de 2008 a 2015, R$ 1 bilhão. E com um detalhe: as centrais, em face da lei 11.648, sancionada por Lula, não precisam prestar contas ao TCU do que fazem com esse dinheiro. Lula vetou exatamente o artigo da prestação de contas.

Sindicatos se expandiram, e os empregos se contraíram. Para agravar, houve uma inédita migração de empresas brasileiras para países vizinhos, sobretudo o Paraguai, onde a burocracia e o anacronismo da legislação não imperam.

Hoje, as empresas brasileiras respondem por dois terços da economia paraguaia, que, em três anos, ganhou 78 indústrias e 11 mil empregos diretos. Ou seja, estamos exportando empregos.

De acordo com a Associação Brasileira de Indústria Têxtil, as peças feitas no Paraguai, em 2015, já representavam mais de 2% das vendas no Brasil.

Por aí, se vê o que resulta do excesso de protecionismo estatal, sindical e legal. É o chamado tiro pela culatra. E aqui cito Roberto Campos: "Quanto mais regulamentos para os regulados, mais emolumentos para os reguladores...".

Esses dados evidenciam que, além da reforma trabalhista, impõe-se a do próprio Estado.

A aprovação da PEC dos gastos públicos foi um pálido começo. Demandas essenciais –saúde, educação e segurança– terão de ser atendidas a partir de cortes em despesas desnecessárias. Como a derrama sindical. Ou a renúncia fiscal –R$ 11,3 bilhões, em dez anos– decorrente da Lei Rouanet, beneficiando popstars e negligenciando museus e patrimônio histórico.

Gastou-se muito –e mal. A única vantagem da crise é que expôs o tumor, que precisa ser extirpado.

Esse é o legado do PT, acrescido da roubalheira desenfreada, que constitui o maior caso de corrupção da história da humanidade.

Populismo, muros e sorvete, José Roberto de Toledo, OESP


O populismo nunca morre porque funciona à perfeição para projetar políticos na opinião pública. Sempre funcionou, mas foi bombado com esteroides anabolizantes pela internet e mídias sociais. Tanto nos EUA quanto no Brasil, quem sabe manipular as redes pessoais de comunicação domina a narrativa. Basta comparar o interesse despertado por eles e por seus rivais ou seus pares. Sejam os presidentes Donald Trump e Barack Obama, sejam os prefeitos João Doria, Fernando Haddad e Marcelo Crivella.
A eleição de Trump, em novembro passado, despertou duas vezes mais buscas no Google do que a de Obama, em novembro de 2008. Pode-se argumentar que o republicano era uma zebra e que é natural que mais pessoas procurassem saber sobre ele porque não esperavam que fosse eleito - e que isso superou o fato histórico de Obama ter sido o primeiro presidente negro dos EUA.
Para a comparação ficar imune ao fator surpresa, levemos em conta então as buscas feitas no Google também em outras ocasiões importantes, como a posse de ambos na Casa Branca. Numa escala em que 100 é o máximo de interesse, o pico de buscas foi alcançado na surpreendente eleição de Trump. Na mesma escala, a vitória de Obama bateu 54. E a curiosidade depois de empossados?
O início do primeiro mandato de Obama suscitou mais interesse nos internautas do que o do segundo: 35 e 22, respectivamente. Já a posse de Trump e as polêmicas que se seguiram alcançaram 62 na escala de interesse do Google Trends e seguem crescendo. Comparando-se o período logo após assumirem o poder, Trump provocou quase o dobro de pesquisas do que Obama. De novo.
Não se deve confundir interesse e curiosidade com apoio. As pesquisas de opinião e os enormes vazios deixados pelo público durante a posse de Trump - em comparação à de Obama ou à marcha das mulheres contra o republicano dias depois de sua posse - mostram que ele é o presidente dos EUA em começou e mandato menos popular desde que há estatísticas a respeito.
Mas há enormes vantagens em monopolizar o interesse do público, mesmo que seja para polemizar. Como foco único das atenções, o governante dita a agenda, comanda a pauta do que entra em discussão - e o que fica de fora. Ao chamar as luzes para si e seus atos, domina a narrativa e a conversação. Outros assuntos que poderiam ser mais importantes para a sociedade ou sobre os quais o populista não se interessa em abordar caem no vazio.
Fala-se muito mais sobre o futuro muro separando os EUA do México ou sobre a proibição à entrada de muçulmanos do que sobre os protestos contra Trump, sobre o presidente não tornar pública sua declaração de renda e de bens e sobre os conflitos de interesse entre seus negócios e o exercício da Presidência.
A regra vale lá como cá. Desde que virou prefeito de São Paulo, Doria monopolizou a conversação se fantasiando de gari, mandando apagar graffitis e aumentando os limites de velocidade nas avenidas marginais. Houve três vezes mais buscas por seu nome no Google no Brasil do que por Crivella, novo prefeito do Rio.
A desproporção se mantém quando se comparam as pesquisas por Doria e pelo nome do seu antecessor no cargo. Em quatro anos como prefeito paulistano, Haddad nunca chegou a um terço da exposição conseguida por Doria em apenas um mês. É porque a mídia é antipetista, dirão uns. Se fosse isso, Michel Temer despertaria mais interesse do que Lula. Não é o caso.
O presidente do PMDB ainda perde para o líder do PT, mas está aprendendo a chamar a atenção. A liberação das contas inativas do FGTS foi um exemplo positivo. Gerou quase tanto interesse quanto seus gastos com compra de sorvete para o avião oficial.