Dois dos maiores símbolos do futebol brasileiro no mundo, Pelé e o Maracanã viveram uma relação amorosa com lances sensacionais. Tudo começou quando o jogador do Santos, aos 16 anos, pisou pela primeira vez no estádio vestindo a camisa da seleção para marcar o gol de honra do Brasil contra a Argentina, que venceu por 2 a 1. Estava em disputa a velha Copa Roca e, a partir daquele 1957, a estatística de vitórias favorável aos hermanos foi diminuindo. Era o fator Pelé.
No ano seguinte, Nelson Rodrigues, profético, já o chamava de rei do futebol, depois de o Santos bater o América por 5 a 3, pelo torneio Rio-São Paulo. O garoto desequilibrou o jogo no Maracanã, fazendo quatro gols: "Dir-se-ia um rei, não sei se Lear, se imperador Jones, se etíope. Racialmente perfeito, do seu peito parecem pender mantos invisíveis".
Em outro Rio-São Paulo, o de 1961, o gol que mereceu uma placa na parede do hall de elevadores do estádio. Com invejável equilíbrio, velocidade e visão de campo, Pelé driblou sucessivamente cinco defensores do Fluminense e desviou, com leve toque, a bola para o fundo das redes do goleiro Castilho. Ele tinha 20 anos, e ninguém mais duvidava de que se tornaria o melhor jogador de todos os tempos. Sem ajuda da internet —que hoje pode transformar um pereba em craque por um único lance de sorte exibido ao infinito.
Conseguiu fazer do Santos um clube quase carioca, um time que se sentia em casa no Maracanã. Na lista de 69 gols que marcou no ex-maior do mundo, fez o primeiro e o terceiro na vitória sobre o Benfica, por 3 a 2, na primeira partida do Mundial de Clubes de 1962. Escolheu o estádio como palco do gol 1.000, em 1969, e da sua despedida da seleção, em 1971, num amistoso contra a Iugoslávia. Aos 31 anos, saiu de campo agitando a camisa amarela num adeus. O Maraca, com 140 mil presentes, gritava: "Fica! Fica! Fica!"
Pelé fica para sempre.
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