terça-feira, 9 de junho de 2009

 05 de junho de 2009

Um movimento pela preservação do emprego do Minc

O ministro do meio ambiente Carlos Minc pode não ser uma pessoa muito simpática aos olhos dos políticos tradicionais e dos estilistas em geral. É esquisitão, adora aparecer, meio estressado, faz umas grosserias, mas ele está absolutamente certo na maior parte das batalhas que tem travado.

Os bois que capturou no pasto, em junho do ano passado, encalharam nos três leilões que organizou. Foi ridicularizado, mas estava certo. O pesquisador do Imazon, Paulo Barreto, fez um estudo e afirmou que esta foi uma das ações mais bem-sucedidas na contenção do desmatamento.

Quando detonou o Incra, mostrando que seus assentamentos eram desmatadores, ouviu impropérios, mas provou-se correto na afirmação.

A contenda desta vez opõe o ministro aos que querem a flexibilização do licenciamento, um processo absurdamente demorado na maioria dos casos. Mas não tê-lo é pior. É falta de visão estratégica.

O Brasil é o candidato mais bem posicionado no silencioso concurso internacional que escolherá o país modelo na área ambiental. Está no caminho. Os maiores concorrentes são os países nórdicos e alguns europeus. Quem chegar na frente, será um polo de atração de investimentos.

A Índia acaba de fazer um planejamento  — o e Greenpeace teve acesso ao documento  —  segundo o qual estará produzindo 200 000 megawatts de energia solar até 2050. O fará mesmo com as evidentes desvantagens da energia solar sobre o carvão.

Ser conhecido como país avançado, consciente e limpo é uma marca poderosa. O Brasil tem um enorme potencial a explorar em energias renováveis. Tem uma das quatro maiores coberturas vegetais do planeta e biodiversidade ímpar. Os mecanismos que vão transformar isso em dinheiro ainda estão sendo criados, mas vão existir.

O que o Minc defende não é apenas um discurso bonitinho para jovens senhoras inglesas verem. Mas o ministro ficou fragilizado. Muito fragilizado. Seu pronunciamento em cadeia nacional, agora há pouco, foi uma mostra disso. Uma prestação de contas desenfreada como se estivesse dizendo ao chefe que está trabalhando.

Tudo o que de pior pode acontecer é o ministro ficar fragilizado, neste momento, em que a legislação ambiental está sob ataque. Sugiro ler o site da Frente Parlamentar Ambientalista para ter mais detalhes.  

Muitas vezes a importância das leis passa despercebida. É como o jogo de futebol em que o juiz atua bem: ninguém nota sua presença em campo. Há poucos dias, chegando em Brasília, encontrei uma senhora de aproximados 75 anos. Dona Juranda, carioca, moradora das imediações da Praça da Cruz Vermelha, no centro do Rio. Ela andava com dificuldade e me ofereci para carregar sua bolsa.

Ela ficou muito feliz, não pode se livrar da bolsa que não me concedeu, mas pelo oferecimento. “Todo mundo anda me tratando tão bem”, disse. Sua teoria é de que o arcabouço legal de proteção aos idosos está fazendo efeito. Primeiro gerou imposições e depois consciência nas pessoas.  Levou um tempo entre uma coisa e outra.

O mesmo acontece com a legislação ambiental. Ela vai gerar consciência. A conservação será uma atitude mais natural. Enquanto isso, precisa-se de um ministro que saiba se impor. O Minc sabe. Nem a insensibilidade ambiental do presidente Lula o impediu de dizer, no mesmo dia, à noite, que seguirá sua consciência, nem que tenha que sair do governo. Até prova em contrário de suas reais intenções, torço para que não saia. 



Por Ronaldo França - 20:49    •    Enviar Comentário     •    Ler Comentários 


Meio Ambiente

Plásticos são maioria entre lixos marítimos

8 de junho de 2009

LINKS RELACIONADOS

A maior parte do lixo encontrado nos oceanos é composto por produtos plásticos, como garrafas, sacos e embalagens. Em algumas regiões, a "poluição plástica" representa 80% de todos os detritos encontrados. As informações fazem parte de um relatório do Programa Ambiental das Nações Unidas (Unep, na sigla em inglês) divulgado nesta segunda-feira em comemoração ao Dia Mundial dos Oceanos.

Embora a Unep não tenha como precisar o total de lixo nos oceanos, a entidade garante que as evidências indicam que a quantidade de entulho está crescendo. O relatório da ONU tem o intuito de alertar os governos das regiões onde a situação está mais crítica, para que alguma solução seja tomada.

A principal causa da poluição marítima, segundo a ONU, são o desperdício e a má administração dos recursos naturais. Ainda segundo a entidade, os sacos plásticos finos deveriam ter sua produção banida e o processo de reciclagem incentivado pelos governos.

O plástico também atinge diretamente os animais que vivem no mar ou dependem dele para sobreviver. Um estudo com os pássaros fulmaros glaciais, encontrados no Mar do Norte, revelou que 95% deles tinham pedaços de plástico em seus estômagos. Ao confundir a poluição com comida, muitos animais acabam ingerindo o plástico por engano, como é o caso das tartarugas que, frequentemente, confundem sacolas com águas-vivas, sua principal presa.

Economicamente, os países também acabam perdendo com a poluição, uma vez que ela pode contaminar áreas de agricultura e turismo, além de danificar barcos e equipamentos de pesca. Em apenas um ano, a Suécia gastou cerca de 1,5 milhão de dólares (aproximadamente 3 milhões de reais) para recuperar as praias de Bohuslan. O Peru também teve que investir cerca de 400.000 dólares (pouco mais de 780.000 reais) - o dobro do investimento feito na limpeza das áreas públicas – apenas para limpar sua costa. 
 

terça-feira, 2 de junho de 2009

O TRUNFO DA DEDINI
Dedini faz a usina do futuro
Como a empresa criou uma tecnologia capaz de transformar antigas fábricas de álcool e açúcar em sustentáveis negócios que produzem sua própria água e o adubo para as lavouras


IBIAPABA NETTO

FABIANO CERCHIARI/AG. ISTOÉ


MONTAGEM EM SÉRIE: Olivério, vice-presidente da Dedini, dentro de uma coluna de destilação

"Com a perspectiva do barril de petróleo a U$ 200, o etanol será uma realidade para o mundo, não há como fugir disso." Com essas palavras, em entrevista recente para a DINHEIRO RURAL, o ex-ministro da agricultura Roberto Rodrigues definiu o futuro da atividade canavieira no Brasil. Contudo, para que o álcool extraído da cana ganhe os mercados internacionais, todo o setor terá de exercitar, a cada dia, procedimentos mais sustentáveis e socialmente corretos. Nesse sentido, a "usina do futuro", totalmente sustentável, será uma exigência do mercado externo. O que talvez os "gringos" não saibam é que essa "grande máquina" já existe e está disponível para quem quiser pagar cerca de U$ 150 milhões por ela. Ou seja, o mesmo custo de uma usina "padrão". Pelo menos é o que garante o vice-presidente da Dedini, maior empresa do mundo no setor, José Carlos Olivério. A empresa já surfa na nova era do etanol. Entre os anos de 2000 e 2008, o faturamento cresceu 1.233%, saltando de R$ 120 milhões para R$ 1,6 bilhão ao ano. E, segundo Olivério, o melhor ainda está por vir. Isso porque ele apresentou, no mês passado, uma nova geração de usinas, totalmente voltadas para a redução de gastos e incremento de novos produtos. E acreditem: as novas "máquinas" além de superavitárias em água, fabricam até o fertilizante que consomem. "Estamos inaugurando uma nova era no etanol", diz.
Toda a nova tecnologia desenvolvida pela Dedini está fundamentada em diversos sistemas de reaproveitamento de sobras. Até pouco tempo atrás, gastava-se 1.800 litros de água captada de rios, lagos ou do próprio sistema para que fosse possível processar uma tonelada de cana. A essa conta, ainda somavam-se outros 700 litros extraídos da própria planta, totalizando 2500 litros de água para cada mil quilos colhidos.
ECONOMIA - Para uma usina de tamanho padrão, capaz de processar 12 mil toneladas ao dia, eram necessários 720 milhões de litros de água por mês. Hoje, por incrível que pareça, a "usina do futuro" exporta para a sua própria utilização em outras áreas industriais cerca de 108 milhões de litros d'água por mês. "Sem necessitar retirar uma gota do abastecimento", diz Olivério. Como? É o que veremos a seguir...
Logo após ser descarregada, antes de ser moída, a cana passava por um processo de limpeza, a chamada "expurga". Nesse ponto eram utilizados os 1.800 litros de água para fazer todo o trabalho. "Mas hoje conseguimos fazer a expurga usando outros métodos, eliminando a captação de água inicial", explica Olivério. O segundo passo, de acordo com o executivo, foi identificar onde seria possível reter sobras de água que evaporavam do sistema. "E essa foi a grande tacada, porque conseguimos reaproveitar cerca de 300 litros de água por tonelada de cana, implementando novas etapas de produção", avalia. 
Segundo explica o vicepresidente da Dedini, não seria sustentável implantar um novo patamar para o uso da água e esquecer de outras questões ligadas ao meio ambiente. "Uma usina é como um organismo e tem de ser pensada como um todo e não isoladamente", pondera. No horizonte, portanto, dois problemas a serem solucionados: o que fazer com a vinhaça e com as cinzas das caldeiras. O jeito encontrado foi agregar valor ao que era considerado praticamente um lixo industrial. 
FUTURISTAS: novas usinas são modernas até na aparência
METAS - No alvo, antigos conhecidos: a vinhaça, cujo descarte em rios é considerada crime ambiental, e as cinzas das caldeiras que produzem energia. "Com o reaproveitamento da água a vinhaça ficou desidratada e concentrada", diz. Misturada com as cinzas formaram um fertilizante patenteado de 'Biofom'. "Com isso a usina do futuro produz quatro 'bioprodutos: bioetanol, bioenergia, biofertilizantes e biodiesel", comenta. "No intervalo das lavouras de cana é costume plantar soja e toda colheita é trocada nas tradings por óleo", explica. Como o biodiesel é uma mistura de óleo com etanol, as novas usinas "nascem" preparadas para fabricar todos esses produtos. "E ainda tem gente que diz que a atividade não é sustentável", pondera o executivo.