São Paulo ganhou a sua terceira área de compostagem de restos de feira e poda de árvores no último dia 23. A cada semana, o pátio vai receber cerca de 60 toneladas de frutas, legumes e verduras vindos de 44 feiras livres dos bairros Água Rasa, Belém, Brás, Mooca, Pari e Tatuapé.
São 2,8 mil toneladas de resíduos orgânicos por ano que deixam de ir para os aterros sanitários. O terreno de 4,5 mil m² na Mooca (rua Cirino de Abreu) foi dividido em nove leiras de compostagem —os canteiros onde se misturam os orgânicos frescos com as podas de árvore, palhas e folhagens secas— que devem produzir 420 toneladas de composto a ser usado como fertilizante em parques e praças da cidade.
Assim como o pátio da Lapa, inaugurado em 2015 e que recebe restos de 52 feiras, e o da Sé, aberto em setembro de 2018, recebendo restos de 32 feiras e do mercado Kinjo Yamato, o da Mooca tem capacidade para receber 20 toneladas por dia, mas a legislação atual só permite o recebimento de 10 toneladas diárias.
“Estamos trabalhando com a Cetesb para que seja ampliado o máximo permitido. A legislação é de uma época em que não havia essa experiência de compostagem urbana com o resíduo orgânico segregado na fonte. Neste modelo, vão restos sem contaminação e, portanto, não há geração de odor e nem vetor de doença”, afirma diz Edson Tomaz de Lima Filho, presidente da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb). “Vão apenas os resíduos de feira e das podas de árvores, sem os contaminantes do lixo orgânico doméstico.”
A cidade gera uma quantidade enorme desses resíduos de ótima qualidade, que podem ser separados na geração e compostados da mesma maneira, em unidades espalhadas pelos bairros, de forma segura: são 883 feiras e mais 38 sacolões e mercados. A compostagem regionalizada tem a vantagem de diminuir também as emissões de dióxido de carbono, ao evitar o deslocamento de caminhões.
Somando os três pátios em operação, são mais de 100 feiras e um grande mercado usando os resíduos de forma produtiva e desviando-os da rota dos aterros. Diariamente, São Paulo envia a esses locais 12 mil toneladas de resíduos, sendo de 51% de material orgânico, 35 % de material passível de reciclagem e 14% de rejeitos, o lixo do lixo.
O presidente da Amlurb diz que até o fim de 2018 devem ser abertos ainda pátios em Hermelino Matarazzo e São Mateus. O plano é ter 17 pátios de compostagem até o fim do mandato, em 2020. Para a compostagem do lixo doméstico, a prefeitura tem duas iniciativas em estudo. Uma delas é selecionar um bairro da cidade para implantar segregação mais refinada de orgânico para compostagem.
A outra é a construção de um ecoparque, que teria capacidade de receber 1.200 toneladas por dia de resíduo residencial. O parque teria unidade de compostagem, reciclagem e uso de rejeitos para geração de energia. Também não está descartado o incentivo à compostagem doméstica, que foi experimentada e aprovada na experiência Composta São Paulo, que distribuiu cerca de 2.000 minhocários para famílias que se cadastraram, forneceu treinamento e acompanhou o aprendizado dos voluntários através de um site, em 2014.
Mas, segundo Rafael Golin, coordenador do núcleo de orgânicos da Amlurb, a ideia é impulsionar a compostagem em grandes condomínios, para atingir mais moradores.
Mas, segundo Rafael Golin, coordenador do núcleo de orgânicos da Amlurb, a ideia é impulsionar a compostagem em grandes condomínios, para atingir mais moradores.
PEV PARA AUMENTAR RECICLAGEM
A implantação de Postos de Entrega Voluntária (PEV) combinada com uma iniciativa de educação ambiental por bairro é a estratégia da Amlurb para aumentar a reciclagem na cidade, em locais onde não há coleta seletiva.
Há duas semanas, foi aberto em Parelheiros um PEV modelo e, na próxima segunda, dia 3, uma outra unidade deve começar a funcionar em São Miguel Paulista. A coleta seletiva de São Paulo atinge apenas 70% das ruas da cidade com serviço porta a porta. “A seletiva em São Paulo é cara. Para ampliar para 100% da cidade, a prefeitura gastaria mais R$ 3 milhões por mês. Com a metade dessa verba, dá para fazer o projeto de implantação dos PEVs. As concessionárias fariam o transporte entre os PEVs e as cooperativas ou recicladoras”, diz o presidente da Amlurb. “A meta é que cada cidadão tenha um local para destinar os recicláveis a cerca de 200 metros da sua casa”, afirma.
O projeto dos PEVs prevê a instalação de 50 unidades, com capacidade para mil litros de carga. O tempo de instalação é de duas semanas e os materiais são destinados à cooperativa Cooperpac. Em duas semanas de uso, o PEV de Parelheiros coletou 300 quilos por dia de recicláveis, o que projeta 6,3 toneladas por mês. Segundo a Amlurb, está sendo estudada a instalação de PEVs em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e pontos comerciais, como lojas e postos de combustíveis.