sábado, 8 de novembro de 2025

Fernando Canzian Golpe de Dilma e o problema de Lula, FSP

 O impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi um golpe. Talvez o mais prejudicial à compreensão dos efeitos da política sobre a economia desde a redemocratização.

Naquela sessão deprimente em abril de 2016, o Congresso livrou Dilma de assumir, no exercício do cargo, as consequências de sua gestão irresponsável. Afastada a presidente, o PIB afundaria 7% e o desemprego atingiria 12%.

PT até hoje culpa os governos posteriores, que aprovaram as reformas trabalhista e previdenciária, além de terem preparado o terreno para a tributária e destravado investimentos gigantescos em saneamento.

Ex-presidente Dilma Rousseff, com expressão séria, veste terno preto e conversa com homem de cabelos grisalhos, de costas, em ambiente com bandeiras desfocadas ao fundo.
A ex-presidente Dilma Rousseff e o presidente Lula (PT) durante evento realizado em Pequim, em maio - Pedro Pardo -13.mai.25/AFP

Prova de que o partido nunca admitiu o fiasco de Dilma é que Lula a indicou para a presidência do banco dos Brics, uma sinecura em Xangai com salário de aproximadamente R$ 260 mil mensais.

A história se repete.

Em seu terceiro ano de um novo mandato, a economia sob Lula deve crescer 2,3% e o desemprego marca 5,6%. Sob Dilma, neste mesmo ponto, o PIB crescia 3% e o desemprego estava em 5,4%. Mas há uma diferença fundamental —para pior.

O principal indicador da saúde financeira de um país é a comparação entre seu endividamento e o tamanho da economia, a chamada relação dívida/PIB. Quanto mais alta, maior a propensão para uma crise de confiança, que leva investidores ao dólar e a uma explosão inflacionária —como vimos acontecer rapidamente com Dilma.

Em cinco anos e meio sob a ex-presidente, a relação dívida/PIB aumentou 14 pontos, atingindo 66,6%. Em quatro anos sob Lula 3, o aumento previsto é de 9 pontos, encerrando 2026 em 82,4% (IFI/Senado). É como se a casa arrumada em uma foto escondesse hoje bem mais sujeira embaixo do tapete.

Falta dinheiro para passaportes livros didáticos, mas Lula endividará mais o país para se reeleger em um ambiente atual de condescendência dos mercados. Isso não deve durar.

Se ganhar, finalmente veremos o PT assumir o problema, o que será inédito e didático. Se perder, será culpa dos outros.

Nenhum comentário: