sábado, 22 de novembro de 2025

Ao ver Bolsonaro na cadeia, lembre-se: ali está o maior criminoso da história da República - Celso Rocha de Barros, FSP

 Jair Bolsonaro foi preso mais cedo do que se esperava. Preso sem estardalhaço, sem sensacionalismo, sem algemas, nos termos da lei. Preso preventivamente, por tentar fugir poucos dias antes do início do cumprimento da pena a que foi condenado por tentar roubar o voto da maioria dos brasileiros em 2022.

Jair tentou quebrar sua tornozeleira eletrônica para fugir em meio à confusão que seria criada pela vigília que Flávio Bolsonaro convocou. Estava a 15 minutos das embaixadas de Brasília.

Se tivesse que apostar para qual embaixada Jair fugiria, cravaria alguma das monarquias absolutistas árabes.

Homem de camiseta verde escura está ao lado de um carro preto, olhando para frente com expressão séria. Um policial militar de costas, com uniforme azul escuro e boné, está em primeiro plano, parcialmente bloqueando a visão do homem.
Jair Bolsonaro (PL) deixa hospital após realizar exames, em setembro - Sergio Lima - 14.set.25/AFP

Em 13 de novembro de 2021, por exemplo, durante uma viagem presidencial aos Emirados Árabes, o UOL publicou uma matéria com o título "Bolsonaro diz que conversou com Emir sobre ‘troca de presos políticos’". Jair preocupado com o bem-estar de presos políticos? Desde quando? Pode apostar que o preso político era ele.

Nessa mesma viagem, Bolsonaro abriu a primeira embaixada brasileira no Bahrein, outra monarquia do golfo. Quer dizer, abrir, abrir, não abriu. Nenhum embaixador para o Bahrein foi indicado durante o governo Bolsonaro. Segundo matéria de Jamil Chade no UOL em 10 de março de 2023, "o gesto de deixar o posto sem embaixador foi interpretado por alguns dos principais diplomatas brasileiros como uma manobra para impedir que o órgão de Estado [o Itamaraty] ficasse informado sobre a natureza das relações entre o Palácio do Planalto e o país do Golfo".

E na semana passada, vejam só, Eduardo Bolsonaro deixou os Estados Unidos para visitar o Bahrein. Postou uma foto com o xeique Khaled bin Hamad Al-Khalifa, membro da família real do país. Em março de 2022, o ano da tentativa de golpe, Eduardo fez uma visita "de poucas horas" ao Bahrein, cuja natureza nunca foi explicada.

Agora imaginem o tamanho do desastre que seria uma fuga de Bolsonaro.

O Brasil, que se tornou exemplo internacional de defesa da democracia por tê-lo condenado nos termos da lei, sofreria uma imensa desmoralização internacional. A maioria do eleitorado, especialmente os eleitores pobres, descobririam que a polícia foi incapaz de manter preso o marginal que tentou roubar seus votos. Novos golpistas seriam encorajados pela impunidade, e a crença no Estado de Direito se enfraqueceria em todos os lados da disputa política. O governo americano encontraria um Brasil desmoralizado nas próximas rodadas de negociação.

Com a redução de parte importante das tarifas de Trump, Jair Bolsonaro foi preso assistindo ao fracasso de seu último grande crime contra o Brasil, e torcendo para que Trump ao menos aceite sustentar seu filho encostado na Disney de alguma maneira.

Mesmo assim, Jair pode morrer sem ser condenado pelo pior crime que cometeu, o asfixiamento em massa de brasileiros por falta de vacina durante a pandemia de Covid-19. Por alguns meses, em 2021, mais de um terço das mortes por Covid no mundo aconteceram no Brasil, onde vive 2,7% da população mundial. Sem as vacinas de João Dória, teria morrido ainda mais gente, e não por crise de soluço.

Enquanto você, leitor, estiver assistindo à chegada de Jair na cadeia, lembre-se: ali vai o maior criminoso da história da República.

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