"Estamos com 100% de ocupação no período da COP30", diz Priscila Lima, gerente geral do hotel de luxo Vila Galé Collection Amazônia, inaugurado no mês passado em Belém, pegando carona no boom da conferência. A diária mais alta cobrada foi de R$ 4.200, para a suíte premium.
"Na nossa primeira venda, na abertura, as diárias começavam em R$ 1.700. Mas, a partir do momento em que houve cancelamentos e desbloqueios das primeiras reservas, a gente começou a cobrar de acordo com a demanda, e as diárias mais baratas passaram a R$ 3.500", explica.
Outro hotel cinco estrelas construído em Belém para a conferência da ONU, o Tivoli Maiorana tem uma média de ocupação de 91% para o período do evento. A taxa chega a 100% entre os dias 10 e 15 de novembro, e a porcentagem mais baixa, de 83%, corresponde aos últimos dias, de 19 a 21.
O valor da diária começa a partir de R$ 8.000 e chega a R$ 33 mil para a suíte presidencial. Essa categoria de apartamento é duplex e tem 220m². Conta com vista panorâmica sobre a baía do Guajará, quarto com cama king size, salas de estar e de jantar, cozinha completa, banheira e serviço de mordomo 24 horas.
Segundo nota enviada à Folha, "o perfil dos hóspedes é 90% de estrangeiros e 10% de brasileiros, refletindo o caráter global da marca e a atratividade do destino".
Já a gerente do Vila Galé revela que o hotel está hospedando membros das delegações da República Democrática do Congo, Chile, Portugal, Coreia do Sul, Nigéria e União Europeia. "A gente também tem aqui vários senadores brasileiros, inclusive o presidente do Senado [Davi Alcolumbre]. Então eles também estão circulando ao longo desta semana, junto com as delegações internacionais e outros participantes. Algumas empresas privadas enviaram seus colaboradores", afirma Priscila.
Hospedado no hotel, o senador nigeriano Nwebonyi Onyeka Peter disse à Folha que estava encantado com a presença da natureza no estabelecimento.
"É um lugar muito bonito, único. Além do verde das plantas, você tem a baía, que parece um mar", opinou, em referência à baía do Guajará, que banha a cidade. "Isso tudo está alinhado com o tema da conferência que nos trouxe aqui."
Quando a reportagem pediu sua opinião sobre o valor da diária, o senador disse que não sabia quanto custou. "Estou sendo patrocinado por uma agência do meu país, que recolhe royalties de companhias petrolíferas."
A gerente do Vila Galé fala com orgulho dos chefes de Estado e de governo que receberam durante a Cúpula dos Líderes, nos dias 6 e 7 de novembro. "Ficaram aqui os presidentes do Chile, Gabriel Boric, e da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi Tshilombo, o primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen."
Os participantes da COP30 hospedados no hotel podem desfrutar de duas piscinas ao ar livre e de uma piscina coberta e aquecida, spa, salas de eventos e um bar-restaurante que une as culinárias mediterrânea e paraense. O empreendimento fica próximo a pontos turísticos como Porto Futuro, Estação das Docas e o Mercado Ver-o-Peso. São 227 apartamentos no total, divididos em cinco categorias.
Já o Tivoli não revela o nome dos mandatários que se hospedaram no hotel. "Mantemos sempre o compromisso com a excelência nos serviços e a discrição necessária, garantindo que todas as atividades ocorram dentro dos mais altos padrões de hospitalidade e segurança."
Segundo a nota, "a operação [durante a Cúpula dos Líderes] ocorreu normalmente, seguindo rigorosamente os protocolos internos e as diretrizes estabelecidas para receber autoridades e suas comitivas".
O hotel tem 176 apartamentos, sendo duas suítes presidenciais, que atualmente estão ocupadas. O espaço conta também com um spa com tratamentos inspirados nas tradições tailandesas, com quatro salas, lounge de relaxamento e sauna. Na cobertura, há o bar e restaurante SEEN Belém, do chef português Olivier da Costa, além de uma piscina. Outros três restaurantes completam a oferta gastronômica. Para trabalhar, há cinco espaços para reuniões e convenções, com capacidade para até 500 participantes.
Hotel COP30
Já o Hotel COP30, longe do luxo dos estabelecimentos citados, virou símbolo dos preços exorbitantes da hospedagem no período da conferência, quando chegou a cobrar a R$ 2.500 pela diária. Porém, segundo o gerente, Alcides Moura, isso não passou de um teste em uma plataforma hoteleira.
Atualmente, o estabelecimento, que funciona no prédio de um antigo motel, tem ocupação de cerca de 90%. "Dos 17 quartos, apenas dois estão disponíveis", afirma o recepcionista Rômulo Costa. "O valor da diária ficou, no final, entre US$ 150 (cerca de R$ 790) e US$ 200 (R$ 1.050), seguindo a orientação do Ministério Público", completa.
Segundo ele, há hóspedes de países como Gana e Reino Unido, entre outros, além de brasileiros. A reportagem conversou com o dinamarquês Tobias Gräs, diretor de políticas do Conselho de Agricultura e Alimentação da Dinamarca. "Eu só tenho coisas boas para falar sobre o estabelecimento", afirmou.
Membro da delegação da Organização Mundial de Agricultores, ele disse que ficou apenas um dia e meio na COP, pois temia não poder pagar os valores das diárias.
"Eu vim sem reserva porque os preços eram, em média, € 1.000 (R$ 6.130) por noite no Booking. Então eu comprei o voo de volta para hoje [nesta terça (12)], pensando que, caso eu não achasse acomodação, eu poderia chegar pela manhã e ir embora à noite, já que eu estaria em Brasília para outro evento."
Ele chegou no domingo, dois dias antes do programado. "Encontrei este hotel na internet, achei o preço bom e reservei duas noites. Os preços caíram para um patamar justo. Se eu soubesse disso, teria me planejado para ficar mais dias."
O recepcionista Rômulo Costa diz que usa o Google Tradutor para se comunicar com os hóspedes. "Quando são línguas mais próximas, como espanhol ou até o francês, a gente consegue desenrolar. Agora o inglês não dá", diz.
O funcionário conta um fato curioso que vem acontecendo devido ao nome do hotel. Alguns participantes do evento estão chegando lá para fazer o check-in quando deveriam ir para a Vila COP, hotel de luxo construído para hospedar chefes de Estado durante a Cúpula dos Líderes e que, agora, aloja o público em geral.
"Não sei se é o motorista de táxi que confunde, mas tem vindo muita gente perguntando pela reserva. Já aconteceu com uns quatro grupos. Lembro que, entre eles, havia um do Equador e outro da Malásia. É um grande transtorno, porque a Vila COP fica longe daqui —e mais próxima do aeroporto", afirma.




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