A qualquer momento Bolsonaro pode ter um piripaque, garantem seus advogados. Os riscos aumentaram depois que o STF rejeitou por unanimidade o recurso contra sua condenação —recurso baseado na tese de "desistência voluntária", a qual não deixa de ser uma admissão de que a trama golpista existiu.
Expressão antiquada, piripaque, segundo os dicionários, é um mal súbito, um surto, uma crise nervosa. Um dos sinônimos é faniquito. No caso, está relacionada à certeza de que o ministro Alexandre de Moraes irá determinar a prisão do ex-presidente na Papuda (quanto tempo ele ficará lá é outra história).
O capitão —que durante a pandemia se gabou de ter histórico de atleta— é hoje, de acordo com o relato de seus aliados, uma pessoa de saúde frágil. Além das seis cirurgias no abdômen por causa da facada de 2018, sofre de obstrução intestinal, refluxo, erisipela, soluço, ânsia de vômito e depressão.
Mas quem pensa que ele está morto se engana. O ex-presidente continua influindo nas estratégias da direita e da extrema direita —mesmo que o grupo de governadores presidenciáveis procure se descolar dele, buscando um bolsonarismo despersonalizado, sem deixar de alimentar o golpismo.
O filho 01 atua como porta-voz do pai. Trabalha nos bastidores e tenta se gabaritar como candidato à Presidência. A reportagem do The New York Times sobre a matança nos complexos do Alemão e da Penha lembrou que, dias antes, ele havia sugerido a interferência dos Estados Unidos no combate a facções criminosas brasileiras com bombardeios na baía de Guanabara. O discurso do governador Cláudio Castro —que desde que herdou o cargo não dá um passo sem consultar Flávio— é uma cópia da retórica de Donald Trump, com ênfase no uso do termo "narcoterrorismo". A macaqueação já chegou ao Congresso.
Os modelos e elogios da oposição vão para os autocratas Nayibi Bukele, de El Salvador, e Daniel Noboa, do Equador. E para Trump, claro, e sua ideia de que a América Latina deve se tornar uma extensão política dos EUA.
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