O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou nesta quinta-feira (27) que o crime organizado tem usado paraíso fiscal nos Estados Unidos para evasão de divisas e defendeu uma parceria com os norte-americanos para ações contra lavagem de dinheiro.
A declaração foi dada depois da nova operação que tem como alvo o Grupo Fit —a ex-Refit, da refinaria de Manguinhos, do empresário e advogado Ricardo Magro. Os investigadores cumprem mandados de busca e apreensão em 190 alvos, sob a acusação de prática de crimes como sonegação, fraude e ocultação de patrimônio.
O chefe da equipe econômica disse que pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em conjunto com o ministro Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), que o tema seja incluído nas negociações com o governo de Donald Trump.
"Fizemos chegar ao presidente Lula a necessidade de, nas negociações com os Estados Unidos, pautar o combate ao crime organizado, porque eles estão utilizando o estado de Delaware, que é um paraíso fiscal nos Estados Unidos, para montar operações lá de evasão de divisa e lavagem de dinheiro", afirmou.
Segundo Haddad, trata-se de uma operação de triangulação internacional. "Dezenas de empresas e fundos estão sendo abertos fora do Brasil. O esquema é, você faz um empréstimo para esses fundos, um empréstimo que a suspeita da Receita é de que jamais serão pagos, e voltam na forma de aplicação 'lícita' em atividades econômicas no Brasil. Mas o dinheiro que vai pra lá não é um dinheiro lícito", disse.
O ministro afirmou que a última operação envolveu R$ 1,2 bilhão de recursos enviado para fundos em Delaware, que voltaram ao país sob forma de aplicação, como se fosse um investimento direto estrangeiro no Brasil.
"A partir dessas investigações, a Polícia Federal evidentemente vai envolver recuperação de ativos no exterior, criminalização de pessoas não residentes, eventualmente mobilização da Interpol", acrescentou.
Haddad defendeu abrir uma frente de trabalho com o governo dos Estados Unidos para também coibir outras práticas, como exportação ilegal de armas ou peças de armas ao Brasil.
Ele ainda voltou a pedir a aprovação, pelo Congresso Nacional, da lei do devedor contumaz. O fisco entende que um contribuinte se enquadra nessa classificação quando se dedica à inadimplência de forma recorrente e intencional.

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