Não importa o que Jair Bolsonaro faça: uma longamente planejada ruptura da ordem democrática, enfraquecendo as instituições e valendo-se de meios violentos, ou, condenado a mais de 27 anos de prisão, um lance grotesco de bandido pé de chinelo, tentando violar a tornozeleira eletrônica.
Qualquer que seja a última burrice ou pilantragem, uma grande parcela da classe política continua sempre ao lado do capitão —por interesses eleitorais e golpismo enraizado. Tarcísio de Freitas escreveu nas redes que ele é inocente e sua prisão, injusta. Ao menos ficou ruborizado?
Num reconhecimento de que não há nada demais em planejar um golpe de Estado, que previa o assassinato do presidente eleito, todas as saídas para deixar Bolsonaro livre e apto a tentar outra vez foram buscadas. Algumas, como a PEC da Blindagem, quase tiveram sucesso.
No inventário das vergonhas, incluem-se anistias e dosimetrias, motins no Congresso Nacional, o incentivo do filho 03 ao tarifaço de Trump e a decisão da Câmara dos Deputados de suspender a ação penal contra Alexandre Ramagem —uma maneira de beneficiar o ex-presidente.
Ramagem, aliás, prova que, em se tratando de golpismo, a Câmara é uma mãe. Condenado a 16 anos de prisão e com a perda do mandato determinada pelo STF, fugiu em setembro para os Estados Unidos e, de lá, não só tem torrado a grana da cota parlamentar como pediu um celular com chip internacional para continuar exercendo as funções de deputado no esconderijo de luxo em Miami, com simulador de golfe, cabanas à beira da piscina e lagoa de uso exclusivo.
A exemplo de Tarcísio de Freitas, Cláudio Castro saiu em defesa do chefe: "Estaremos juntos em mais esse desafio", disse, sem esclarecer se estava se referindo à Papuda. Ainda tirou uma onda de cientista político: "De prisões em prisões, vamos desconstruindo uma instituição chamada Presidência da República".
De fato, a imagem perfeita da desconstrução é um ex-presidente utilizar um ferro de solda para derreter a tornozeleira eletrônica e depois alegar uma alucinação.
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