quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Dora Kramer - Desembarque de araque, FSP

 O senador Ciro Nogueira (PP-PI) anda falando em público o que seus companheiros de campo político dizem aos sussurros pelos cantos: a direita está abusando do direito de errar.

A oposição trocou de lugar com o governo, que até pouco tempo atrás era campeão nos tropeços. Parecia não haver remédio para a turma de Lula (PT), tanto que os adversários deram o toque da debandada. O fim de setembro foi estipulado como prazo para o desembarque do PP e da União Brasil, unidos numa federação de 109 deputados federais e 15 senadores.

Três homens sentados à mesa em reunião oficial. O homem ao centro fala e gesticula com a mão direita, com microfone à frente. Atrás deles, duas bandeiras brasileiras, uma com o círculo azul e estrelas e outra com o brasão nacional. Copos d'água e placas de identificação estão sobre a mesa.
O presidente Lula ao lado de André Fufuca (esq., ministro dos Esportes) e do então ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, em reunião de 2024 - Pedro Ladeira/Folhapress

Pois a data fatal chegou e o que se tem em cena são duas possíveis vagas nos ministérios do Turismo e dos Esportes para o presidente preencher conforme suas conveniências, dois ministros relutantes na saída e que nos ensaios de despedida ainda dão apoio à reeleição do petista.

Em termos de afirmação oposicionista, Celso Sabino (União-PA, ministro do Turismo) e André Fufuca (PP-MA, dos Esportes) são troféus que não valem a missa prometida. Lula não perde nada e ainda ganha cargos na administração federal para distribuir, caso os filiados à federação deem mesmo adeus aos empregos país afora.

O desembarque, por ora, é de araque. O gesto das cúpulas dos dois partidos acabou por cair no vazio dos erros aos quais se refere Ciro Nogueira, um político experiente que conhece o lado adversário por dentro. Já foi entusiasta e aliado de governos do PT.

PUBLICIDADE

As demais legendas do centrão, integrantes da aliança desde sempre bamba, preferiram não se precipitar, deixando as coisas como estão para ver como ficarão adiante. Nem por isso escaparam de sofrer os efeitos da afoiteza dos parceiros de planos para a próxima eleição.

Agora falta um ano, com Lula em campanha aberta, e os adversários reféns das esperanças vãs de um condenado.

As marés viram, é verdade, mas vai dar trabalho se livrar da armadilha dos extremistas que pregaram sua marca na direita, ora identificada com manobras antirregimentais, motins, tentativa de anistia disfarçada e toda sorte de agressões ao bom senso.


Nenhum comentário: