A República anda sobre quatro rodas desde que o Charron, Girard & Voight chegou ao Brasil em 1907 para ser usado por Afonso Pena. De lá para cá, presidentes e ditadores desfilaram em limusines, sedãs e SUVs, que, neste século, são predominantemente importados. O carro nacional perdeu espaço nas garagens palacianas.
Os estrangeiros da vez são elétricos. Em janeiro de 2024, O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu um BYD Tan a bateria, SUV que custa mais de R$ 500 mil e nem sequer é especulado para se tornar um dos veículos montados em Camaçari (BA).
Em setembro deste ano, a Chevrolet cedeu ao Palácio do Planalto quatro unidades do Blazer EV, outro SUV a bateria com preço superior a R$ 500 mil e produção nos EUA. A GM já foi uma grande fornecedora de carros do Poder Executivo, com uma extensa lista de Opalas e Omegas nacionais a serviço do Estado.
Além de ser uma ação de marketing das montadoras, a eletrificação da frota é um aceno à agenda ambiental por parte do governo. Contudo, a desnacionalização dos veículos da Presidência da República não pega bem diante da necessidade de reavivar o setor industrial.
Mesmo que as fabricantes que aqui produzem sejam estrangeiras, seria de bom-tom colocar à disposição dos mandatários veículos montados nas dezenas de fábricas instaladas no Brasil.
Esses automóveis estão presentes em níveis mais baixos da hierarquia do poder, mas são raras as vezes que se vê Lula ou seu vice, Geraldo Alckmin, a bordo de um carro nacional.
A desnacionalização da frota gera também momentos curiosos, como o que ocorreu quando a Ford anunciou o encerramento da sua produção de carros no país, em janeiro de 2021.
"Mas o que a Ford quer? Faltou à Ford dizer a verdade, querem subsídios", disse o então presidente Jair Bolsonaro sobre o anúncio feito pela montadora. Logo depois, embarcou em um dos Ford Edge canadenses utilizados pela Presidência da República na época.
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