ra ela, em médio e longo prazo, o problema das variações está na falta de avanços das instituições brasileiras no cenário internacional.
"O ideal seria as nossas universidades de excelência estarem subindo nos rankings. Isso não está acontecendo. Enquanto isso, universidades da China, por exemplo, passaram do grupo das 100 primeiras para estarem entre as 25 melhores em dez anos. Isso sim é uma mudança concreta. No Brasil, estamos parados", afirma.
Em entrevista à Folha, Fátima Nunes, coordenadora do Egida (Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho Acadêmico) da USP, afirma que as instituições públicas brasileiras não têm condições de dar um salto significativo nos rankings internacionais.
Isso ocorre porque a missão das universidades públicas é voltada à formação da população local, e não para a atração de alunos internacionais, que é um dos critérios mais valorizados nesses rankings.
"Nossa missão é usar o dinheiro do contribuinte para dar uma formação melhor para brasileiros, para melhorar o nosso país."
A coordenadora do Egida esclareceu que, embora a instituição monitore alguns rankings internacionais, o planejamento estratégico da instituição é orientado pela missão institucional.
"A USP tem um planejamento estratégico para melhorar o seu desempenho em relação à sua missão. No entanto, a universidade não estabelece metas específicas para melhorar seu desempenho em rankings", afirma Nunes.
Segundo ela, a variação de posições acontece também pelo desempenho de outras instituições e não pela queda de qualidade da universidade.
No caso do ranking QS, a universidade paulista lidera em 5 dos 8 critérios avaliados em comparação com a Pontifícia Universidade Católica do Chile. Na avaliação da proporção de alunos por professores, no entanto, é onde aparece a maior diferença. Enquanto a instituição chilena alcança 65,2 pontos, a USP aparece com 50,4.
Sobre essa diferença, a coordenadora do Egida ressalta as diferenças estruturais entre as instituições —a universidade chilena é particular. Além disso, Nunes observa que os dados usados para a avaliação do QS são de 2023 e que alguns resultados ainda não refletem a realidade atual da instituição paulista.
A coordenadora cita como exemplo a contratação de professores. Ao todo, já foram contratados 950 docentes de um total de 1.509 vagas autorizadas para o período de quatro anos.
"A USP não fez isso com o objetivo de melhorar sua posição em rankings. A ação visa repor o quadro docente para garantir a manutenção da qualidade de ensino, que é a sua verdadeira missão", afirma Nunes.
Além da USP, outras universidades brasileiras estão presentes no ranking THE, mas a diferença de posições entre as instituições chama atenção. A USP figura no grupo entre 201º-250º, a Unicamp está entre 351º-400º, enquanto a UFRJ aparece na faixa entre as posições 601º-800º.
"Isso mostra que as nossas universidades de elite estão distantes entre si em desempenho", explica Sabine Righetti. "Tem um monte de universidades no mundo entre elas. Isso deveria nos levar a pensar que grupo de universidades queremos que esteja lá em cima. E com quem estamos nos parecendo hoje."
Apesar das diferenças nas metodologias e nos resultados entre os rankings THE e QS, quatro universidades brasileiras mantêm a mesma ordem nesses indicadores. A USP lidera em ambos os rankings, sempre seguida por Unicamp, UFRJ e Unesp, indicando uma convergência sobre quais são as principais instituições do país.
Righetti reforça a necessidade de uma discussão nacional sobre o lugar que o Brasil quer ocupar no cenário do ensino superior mundial. "Não vai acontecer de todas as nossas 200 universidades estarem entre as melhores do mundo. Isso nem seria saudável. O que falta é definir quais são as nossas universidades de classe global, e apoiá-las com políticas consistentes para que avancem. Isso ainda não foi feito."
Melhores universidades da América Latina no ranking THE
Classificação geral dividido por grupo* | Instituição | País |
---|---|---|
201º-250º | USP (Universidade de São Paulo) | Brasil |
351º-400º | Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) | Brasil |
401º-500º | Pontifícia Universidade Católica do Chile (UC) | Chile |
601º-800º | UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) | Brasil |
Tecnológico de Monterrey | México | |
UEES (Universidade do Espírito Santo) | Equador | |
Unesp (Universidade Estadual Paulista) | Brasil | |
UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) | Brasil | |
801º-1.000º | UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) | Brasil |
Unam (Universidade Nacional Autônoma do México) | México | |
PUC-Rio | Brasil | |
Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) | Brasil |
*A partir da posição 201, as instituições são agrupadas em faixas
Dez melhores universidades do ranking QS América Latina e Caribe
Classificação 2026 | Classificação 2025 | Instituição | País |
---|---|---|---|
1 | 2 | Pontifícia Universidade Católica do Chile (UC) | Chile |
2 | 1 | USP (Universidade de São Paulo) | Brasil |
3 | 3 | Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) | Brasil |
4 | 4 | Tecnológico de Monterrey | México |
5 | 5 | UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) | Brasil |
=6 | 8 | Unesp (Universidade Estadual Paulista) | Brasil |
=6 | 6 | Universidade do Chile | Chile |
8 | 8 | Universidade dos Andes | Colômbia |
9 | 9 | Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) | México |
10 | 10 | Universidade de Buenos Aires (UBA) | Argentina |
A Folha oferece assinatura gratuita para estudantes que se inscreverem no Enem; clique aqui para saber mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário