domingo, 5 de janeiro de 2025

Trump mostrou os dentes, de leve, para o Brasil, Elio Gaspari, FSP

 Com a eleição fraudada, Nicolás Maduro começará seu novo mandato como presidente da Venezuela. Não mostrou as atas eleitorais, desprezou as críticas e ofereceu US$ 100 mil em dinheiro para quem o ajudar a capturar o candidato da oposição.

Edmundo González ficará na Argentina, onde Javier Milei considera-o presidente eleito.

Esse jogo ficará no campo do palavrório até o dia 20, quando Donald Trump assumirá o governo dos Estados Unidos.

No caldeirão do trumpismo cozinha-se alguma surpresa para a América Latina.

Noves fora os imigrantes, Cuba e Venezuela, Trump já mostrou os dentes para o Panamá e, de leve, para o Brasil.

Trump, um homem branco, cabelos loiros grisalhos e lisos, olha para o lado diante de um microfone. Ele veste um terno azul, com camisa branca e gravata vermelha com listras brancas
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, durante evento em Phoenix, Arizona - Cheney Orr - 22.dez.24/Reuters

EUA cucarachas

Os presidentes americanos pegaram um vírus de alguns de seus similares latino-americanos e desaprenderam a arte de sair com elegância da Casa Branca.

Em 2021, Trump tentou um golpe. Já Joe Biden perdoou os crimes do filho atacando o Judiciário e soltou a notícia de que cogita atacar as instalações nucleares do Irã. Elas estão lá há mais de dez anos.

Em 1801, o presidente John Adams saiu de Washington para não passar o cargo a Thomas Jefferson, mas não aporrinhou os outros.

Delírio palaciano

Pelo menos um ministro do Supremo Tribunal Federal com tradição de amor à intimidade palaciana teve uma conversa impertinente com Jair Bolsonaro nos últimos meses de 2021. A impertinência esteve no que o doutor aceitou ouvir.

A habilidade de Carter

Nos últimos dois anos morreram dois personagens do século passado, ambos centenários.

Henry Kissinger, um diplomata que se tornou figura pop enquanto esteve no poder, foi-se em 2023. Teve um funeral de segunda, assombrado pelos fantasmas de seu apoio ao golpe do Chile e pela inutilidade de seus bombardeios no Vietnã.

No final de 2024, morreu Jimmy Carter. Derrotado na eleição de 1980, parecia um político fracassado. Teve um funeral de primeira pela firmeza com que defendeu a democracia e os direitos humanos.

Kissinger e Carter eram frios como cobras. Um (Carter) gostava da vida e tinha senso de humor. O outro (Kissinger) era um atormentado.

Uma cena de 1978 ilustra a leveza com que Carter levava a vida.

Depois de muita costura, o primeiro-ministro de Israel, Menachem Begin, e o presidente do Egito, Anwar Sadat, desceram em Camp David, a casa do presidente dos Estados Unidos nas montanhas. Era a primeira vez que isso acontecia. Begin era um radical, e Sadat havia atacado Israel em 1973.

Na primeira reunião, Sadat puxou um texto de exigências e leu-o por 90 minutos. Queria um Estado Palestino com capital em Jerusalém, a retirada dos israelenses para as fronteiras de 1967 e o desmanche dos assentamentos em áreas contestadas. Só faltava exigir que se convertessem ao islamismo.

Begin ouviu calado e parecia estar a um passo de uma explosão. A reunião começava da pior maneira possível.

Carter quebrou o silêncio e, sério, dirigiu-se a Begin. Disse-lhe que endossasse a proposta de Sadat. Assinando-a, dispensaria maiores discussões.

Os três deram uma grande gargalhada e começaram as conversas que durariam 13 dias.

O acordo de Camp David esfriou a tensão no Oriente Médio, mas, como se viu, deu em pouca coisa.

O PT e a economia

Se o governo persistir no jogo do contente, 2025 será um mau ano, servindo de prelúdio para 2026

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Se o comissariado petista abandonar o modo triunfalista de tratar a economiavendo conspirações em cada esquina da Faria Lima, o governo poderá mostrar que, apesar dos tropeços, produziu bons resultados.

Se persistir no jogo do contente, 2025 será um mau ano, servindo de prelúdio para a campanha eleitoral de 2026.

Até agora os governadores Ronaldo Caiado (GO) e Tarcísio de Freitas (SP) tiveram a sabedoria de cultivar atitudes racionais (salvo na segurança pública, onde cultivam a demagogia do estímulo à violência policial).

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A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o presidente Lula durante evento eleitoral em São Bernardo do Campo (SP), em julho - Rafaela Araújo - 20.jul.24/Folhapress

Ministério da Saúde

Se Lula resolver jogar Nísia Trindade na frigideira, os problemas do Ministério da Saúde e a administração da cobiça por seu orçamento continuarão do mesmo tamanho.

Em silêncio, o PT aparelhou um bom pedaço da pasta.

Rio 2025

Enquanto o prefeito Eduardo Paes anunciava que pretende criar e armar uma Força Municipal de Segurança, o vídeo de um menino de seis anos reclamando do abandono do parque das Crianças, no Aterro, viralizou. Teve mais de 35 mil visualizações.

O problema do Rio não é falta de polícia, mas falta de quem faça honestamente o seu serviço. O aterro do Flamengo vem sendo canibalizado há décadas. O doutor Eduardo Paes está no seu quarto mandato.

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