Os primeiros automóveis vendidos comercialmente começaram a circular pelas ruas do planeta no final do século 19. Os motores elétricos e a vapor já eram utilizados em trens e navios, mas os motores de combustão interna (MCI) eram recém-inventados. No ano de 1900, cerca de 40% dos automóveis em circulação nos EUA eram movidos a vapor, 38% elétricos e apenas 22% a gasolina em um motor de combustão interna.
As três tecnologias conviveram durante algum tempo, entretanto os MCIs, compactos, leves e com alta densidade de energia e de potência, mostraram-se muito mais adequados para veículos automotores. As instalações a vapor são apropriadas para aplicações estacionárias, como usinas nucleares. Já os motores elétricos têm vantagens para veículos com alimentação externa, como trólebus e bondes, limitadas pela necessidade de redes de alimentação com rotas fixas.
Essa situação tecnologicamente vantajosa para os MCIs permanece até hoje, mas, a partir da década de 1980, surgiu um fato novo: a preocupação com o meio ambiente e requisitos de emissões veiculares.
Muitos elegeram a propulsão elétrica como solução "limpa" ideal. Porém, se essa eletricidade for gerada em usinas térmicas alimentadas a carvão, como ocorre na China e em vários países da Europa, Ásia e regiões dos Estados Unidos, a poluição resultante é muito maior que a causada pela queima de combustíveis fósseis nos MCIs. Há também o problema de reciclagem ou descarte da bateria após sua vida útil, que pode provocar sérios problemas ambientais.
Focando agora a solução elétrica, a principal razão do seu gradual abandono, a partir das primeiras tentativas de uso veicular, recai sobre a bateria. As baterias evoluíram muito desde aquela época, mas foi uma evolução incremental, sem realmente solucionar as limitações existentes. Nos veículos com MCI, e mesmo naqueles com propulsão híbrida, os parâmetros principais que definem o produto são mais ou menos distribuídos pelos diversos sistemas embarcados. Nos automóveis com propulsão elétrica exclusiva, entretanto, todos os principais parâmetros concentram-se na bateria.
São eles: 1 - peso: a bateria representa cerca de 50% do peso do veículo —metade da energia é gasta para mover apenas a própria bateria; 2 - custo: para um carro médio, o custo da bateria corresponde a 60% ou mais do total —tudo indica que este é o limite mínimo; 3 - autonomia, ou distância percorrida até reabastecer: depende exclusivamente da capacidade da bateria; 4 - tempo de reabastecimento: a bateria requer algumas horas para a recarga completa. Os sistemas de recarga rápida (cerca de 30 minutos) provêm apenas carga parcial; 5 - vida útil: é limitada pela duração da bateria, estimada atualmente pelos fabricantes em cerca de oito anos. Depende do uso, e após esse prazo começa a cair significativamente a capacidade de armazenamento e potência; 6 - valor de revenda: ainda não há dados sobre o mercado de veículos elétricos usados, mas devem perder muito de seu valor ao longo do tempo, dada a curta vida útil e o alto preço da bateria; e 7 - reciclagem ou descarte: a bateria é o item do veículo que tem forte potencial de agressão ao meio ambiente se não for adequadamente tratada.
Os veículos elétricos têm a parte mecânica muito simples, mas sua grande vantagem atual é a menor agressão ao meio ambiente, pressupondo que a energia elétrica também seja "limpa" e o descarte final das baterias proteja o meio ambiente.
Os veículos híbridos, por sua vez, em suas diversas configurações, também apresentam baixo impacto ambiental, principalmente se forem abastecidos com etanol ou outros combustíveis renováveis, sem apresentar os problemas do veículo elétrico puro, sendo uma solução mais vantajosa em muitos casos.
De qualquer forma, tendo em vista os parâmetros dominados pela bateria, que caracterizam o carro elétrico puro na tecnologia atual, do ponto de vista técnico da engenharia do produto o "carro elétrico" ainda não existe — o que temos nas ruas são apenas baterias móveis, com alguns acessórios.
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