sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Lula 3 se move num beco sem saída, Alvaro Costa e Silva, FSP

 Sai a República das Alagoas, entra a da Paraíba. A chegada de Hugo Motta à Presidência da Câmara muda o cenário, mas o fundo permanece o mesmo. Um fundo de buraco negro e sem fim que sugou mais de R$ 148,9 bilhões em emendas parlamentares em cinco anos. Um big bang de dindim.


Em 2024 cada deputado levou ao menos R$ 38 milhões em emendas, a maior parte delas de execução obrigatória aprovada pelo Congresso. A eleição de Motta, com apoio da bancada do PT, representa o consenso em torno do projeto de poder que enfraquece os ministérios. Mais verba para obras em redutos eleitorais. Com transparência zero.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, com o candidato à presidência da Câmara, Hugo Motta (PP de Alagoas) - Gabriela Biló - 29.out.24/Folhapress


O novo presidente é escolado no assunto. O repórter Fabio Victor mostrou que, em 2011, ele destinou uma emenda de R$ 2 milhões para a construção do Teatro Municipal de Patos, no sertão paraibano. O prefeito da cidade era o pai dele, que soma quatro mandatos e ocupa o cargo hoje. O teatro não ficou pronto. A construção foi paralisada diversas vezes e enfim abandonada por falta de pagamentos às empresas e outras irregularidades.

Motta é gente de Eduardo Cunha e Arthur Lira. Este, para elegê-lo, pôs de lado outro cupincha, Elmar Nascimento, de Campo Formoso, na Bahia, cidade beneficiada com R$ 63 milhões para obras de pavimentação —um asfalto tão bom que se desfaz na mão. Com tanto dinheiro rolando, quantas histórias semelhantes existem Brasil afora?

O que parecia impossível aconteceu. A falsa fidelidade do "toma lá, dá cá" acabou. Só ficou o "dá cá". Lula 3 terminou seu segundo ano com número recorde de vetos derrubados no Congresso: 32. O desempenho das medidas provisórias foi o pior da história: de 133, só 20 foram aprovadas. Com Motta, nada muda. São esperados mais vetos no âmbito da reforma tributária e muita pressão para votar o projeto de anistia aos terroristas de 8/1 e a PEC que limita as decisões monocráticas do Supremo.

Com popularidade em baixa entre os mais pobres e pressionado pelo preço dos alimentos, Lula lembra um personagem de Polanski. Vive num cul-de-sac.


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