terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Chineses, árabes, espanhóis e brasileiros: os 19 investidores interessados em concessões de ferrovias, FSP

 André Borges

Brasília

Os novos projetos de concessões de ferrovias desenhados pelo Ministério dos Transportes serão submetidos a uma primeira rodada de conversas com investidores interessados em entrar no setor.

As primeiras reuniões para apresentar os projetos vão acontecer nos dias 5, 6 e 7 de fevereiro, em São Paulo. Os encontros vão colocar na mesma mesa representantes de empresas e investidores, membros do Ministério dos Transportes e do BNDES.

Informações obtidas pela Folha mostram que 19 companhias já estão com encontros confirmados para obter informações sobre os projetos.

Composição ferroviária da Rumo, empresa que fez parceria com a Embratel para instalar antenas de telefonia na Serra do Mar
Primeiro projeto que será detalhado pelo governo é o do chamado “Anel Ferroviário do Sudeste”, entre Vitória (ES) e Rio de Janeiro (RJ) - Divulgação/Rumo 24.mar.2023

Do Brasil, os interessados são Rumo Logística, VLI , Grupo CCR, MRS Logística e Vale, todas já atuam no setor ferroviário. A relação de brasileiros inclui ainda Arteris, EPR, Prumo e Portonave.

Bancos de investimento também estão presentes. São eles: BTG Pactual, XP Asset, Opportunity, Pátria Investimentos e Prisma Capital.

Da China, já há confirmação de presença de representantes do gigante CRCC (China Railway Construction Corporation) e da Concremat/CCCC, reunindo Brasil e China.

Dos Emirados Árabes Unidos, foi confirmado um encontro com membros do Mubadala Capital, um dos principais investidores de infraestrutura daquele país. Complementa a lista duas empresas de origem espanhola, a Acciona e a Sacyr.

O primeiro projeto que será detalhado pelo governo neste encontro é o do chamado "Anel Ferroviário do Sudeste", como foi batizada a EF-118. A nova ferrovia, que tem traçado previsto de 300 quilômetros, pretende ligar Vitória (ES) a Itaboraí (RJ).

O projeto vai conectar a malha da Ferrovia Vitória-Minas (EFVM), da Vale, à rede operada pela MRS Logística, chegando ao complexo portuário do Comperj, no Rio de Janeiro. Para a MRS, por exemplo, que já opera com grande volume de exportações pelos portos de Itaguaí e Santos, o acesso ao porto de Vitória oferece uma nova alternativa estratégica para o escoamento de cargas.

Em março, serão realizados encontros para fazer o detalhamento dos traçados da Fico (Ferrovia do Centro-Oeste) e da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste). Trata-se de um traçado com cerca de 2.400 quilômetros, que sairia de Lucas do Rio Verde (MT), para chegar a Água Boa (MT) e Mara Rosa (GO). A partir daí, avançaria até Barreiras (BA) e Caetité (BA).

A concessão do último trecho dessa malha, que liga Caetité a Ilhéus (BA) e já tem cerca de 400 quilômetros de malha concluídos, pertence hoje à Bamin, mas esse contrato tem sido negociado com a Vale, que tem interesse em assumir a mina de ferro em Caetité e controlar a ferrovia até Ilhéus, onde será construído um novo terminal portuário.

A meta do governo, depois de colher aperfeiçoamentos em audiências públicas e nos encontros com empresários —eventos conhecidos como ‘market sound’— é enviar o material ao TCU (Tribunal de Contas da União) até abril e publicar o primeiro edital do Anel Ferroviário do Sudeste entre junho e julho. Já o edital da Fico-Fiol está previsto para o último trimestre de 2025.

Como mostrou a Folha, o governo federal fecha os últimos detalhes do Plano Nacional de Ferrovias, voltado para a concessão de novos trechos de estradas de ferro, com empreendimentos que cortam as regiões Sudeste, Norte e Nordeste do país.

Ao todo, o pacote prevê a oferta de aproximadamente 4.700 quilômetros de ferrovias para a iniciativa privada. A previsão do governo é que esses projetos atraiam investimentos na ordem de R$ 100 bilhões. Para garantir a viabilidade de cada operação, o governo pode entrar com uma fatia de recursos públicos equivalente a 20% de cada projeto.

Nenhum comentário: