sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Chega ao fim circum-navegação antártica liderada por brasileiros após quase 70 dias, FSP

 Phillippe Watanabe

Bogotá (Colômbia)

Chegou ao fim, na manhã desta sexta-feira (31), a circum-navegação científica da Antártida liderada por pesquisadores brasileiros. O navio quebra-gelo russo Akademik Tryoshnikov atracou no porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, por volta das 8h30.

A expedição, acompanhada pela Folha no projeto Diário da Antártida —que terá seu último episódio neste domingo (2)—, teve início no dia 23 de novembro, no mesmo porto de Rio Grande, e navegou por quase 70 dias. Foram percorridos mais de 30 mil km.

A imagem mostra um navio de pesquisa de cor laranja e branca navegando em águas azuis, com uma grande plataforma de gelo ao fundo. O céu está claro e sem nuvens, e a linha do horizonte é visível onde o gelo encontra o céu.
Navio Akademik Tryoshnikov em frente à plataforma de gelo de Ross, na Antártida. A plataforma de gelo de Ross tem mais de 506 mil km². Plataformas de gelo são as partes flutuantes do manto de gelo antártico e terminam no mar em falésias de 40 a 50 m de altura. - Anderson Astor e Marcelo Curia/ICCE

O objetivo do projeto —como um todo, considerando que a missão levava consigo diversos tipos de pesquisa— é o estudo do impacto da crise climática sobre a Antártida, além, consequentemente, das possíveis correlações da situação local com eventos que ocorrem fora desse continente gelado.

Segundo Jefferson Simões, glaciologista do Centro Polar e Climático da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e líder do projeto, durante a expedição foram coletados 90 metros de testemunhos de gelo —grandes cilindros de gelo para estudo da atmosfera passada e, no caso da jornada em questão, de microplásticos—, retirados de cinco locais diferentes.

Foram lançados ainda 43 balões atmosféricos e houve observação em 37 estações oceanográficas. Somadas todas as investigações, houve 74 estações de amostragem científica, além das coletas constantes de dados por sensores atmosféricos e de superfície do oceano.

O navio Akademik Tryoshnikov levava 140 pessoas, das quais 61 são pesquisadores. A maior comitiva de pesquisa era brasileira, com 27 pessoas. Cientistas da ArgentinaChileChinaÍndiaPeru e Rússia completavam a ala científica da embarcação. Também estavam presentes no navio membros da Fundação Albédo pour la Cryospère, voltada para a pesquisa e a conservação do gelo e da neve, que financiou 97% dos US$ 6 milhões (R$ 37,7 milhões) usados para a expedição.

A missão também recebeu apoio do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e da FAPERGS (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul).

Diário da Antártida

Série apresenta bastidores, desafios e achados da expedição que busca completar a circum-navegação do continente

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