terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Financial Times - Seria o ar líquido o novo ouro do armazenamento de energia?, FSP

 Lex - Financial Times

Coluna de negócios e finanças do jornal britânico Financial Times

Financial Times

A energia renovável não está morta, apesar do pessimismo que tomou conta dos mercados desde a eleição de Donald Trump. Independentemente do que possa acontecer nos Estados Unidos, países na Europa estão avançando com metas ambiciosas de energia limpa.

Espera-se que a UE construa, em média, 22 gigawatts de novos parques eólicos por ano entre 2024 e 2030. A maior implantação de energia eólica e solar também trará benefícios para outras tecnologias —incluindo métodos mais novos de armazenamento de energia, como o ar líquido.

Usina eólica em Redcar, no litoral da Inglaterra - Phil Noble - 7.nov.2023/Reuters

As definições de armazenamento de energia de longa duração (LDES, na sigla em inglês) podem variar, mas geralmente referem-se a qualquer tecnologia que possa armazenar eletricidade por períodos que variam de oito horas a semanas e meses.

Essa capacidade já existe há muito tempo através de usinas hidrelétricas de armazenamento por bombeamento —ou baterias de água— que usam energia em momentos de produção excessiva para empurrar a água morro acima, de um reservatório para outro. A água é então liberada do reservatório superior através de turbinas para gerar eletricidade quando necessário.

Mas as limitações geográficas das baterias de água estão impulsionando o interesse em outras tecnologias LDES.

Entra em cena o armazenamento de energia por ar líquido, que não possui tais restrições geográficas. Isso funciona usando eletricidade durante períodos de abundante geração eólica e solar para limpar, secar e refrigerar o ar até que ele se liquefaça.

O ar líquido é então armazenado em tanques isolados. Quando a eletricidade é necessária, ele é bombeado a alta pressão, reaquecido e expandido para produzir um gás de alta pressão que aciona uma turbina.

O Fundo Nacional de Riqueza do governo do Reino Unido e a empresa de energia Centrica, listada no FTSE 100, participaram no ano passado de uma arrecadação de 300 milhões de libras (R$ 2,2 bilhões) para ajudar a construir uma usina de energia de ar líquido perto de Manchester, no noroeste da Inglaterra, que está planejada para abrir em 2026.

Quando concluída, a planta deverá ser uma das maiores instalações do tipo no mundo, com uma capacidade de armazenamento de 300 MWh (megawatt hora) e uma produção de energia de 50 MW.

O consórcio que financia o projeto —em construção pela empresa privada Highview Power— também inclui Rio Tinto e Goldman Sachs Power Trading. A Highview também está planejando mais quatro plantas de ar líquido maiores, incluindo uma na Escócia.

Como muitas tecnologias LDES, no entanto, o armazenamento de energia por ar líquido é caro. De modo geral, para um projeto pioneiro, os custos de armazenamento podem ser cerca de 500 libras (R$ 3.700) por quilowatt hora, em comparação com cerca de 300 libras (R$ 2.200) por KWh para uma bateria de íon de lítio.

No Reino Unido, o governo propôs um mecanismo de receita "cap and floor" para as usinas, uma vez que estejam operacionais, para incentivar mais instalações.

Os desenvolvedores de LDES há muito tempo faziam campanha por isso. Mas a pressão ainda será grande para reduzir significativamente os custos se o armazenamento de energia por ar líquido for se tornar comum.

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