terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Crise do Pix derrubou fiscalização de fintechs suspeitas, FSP

 A crise que derrubou a fiscalização de transferências via Pix frustrou intenções da Receita e da Polícia Federal de fechar o cerco sobre fintechs usadas em esquemas de lavagem de dinheiro. Ambas conduzem uma investigação para desbaratar o uso dessas instituições por organizações criminosas.

O caso é um desdobramento da operação Recidere (Reincidência, em uma tradução do italiano), deflagrada há cerca de um ano e que envolvia o doleiro Leonardo Meirelles, que foi sócio de Alberto Youssef, investigado pela operação Lava Jato.

Fachada do prédio da Superintendência da Receita Federal em Brasília (DF)
Fachada do prédio da Superintendência da Receita Federal em Brasília (DF) - Antonio Molina/Folhapress

O uso de fintechs por organizações criminosas foi um dos motivos para a instrução normativa que ampliava o monitoramento de operações via Pix, atacada pela oposição com informações falsas e derrubada recentemente pelo governo.

No passado, diversas buscas e apreensões foram realizadas em São Paulo e Santa Catarina pela PF. Verificou-se que havia uma rede de pessoas usadas para fazer movimentações financeiras, inclusive no exterior, como peças de um esquema de fachada montado para lavagem de dinheiro.

Mesmo após a operação, a inteligência da PF e da Receita encontraram evidências de outros grupos que continuaram usando fintechs, sem que a Receita pudesse verificar as movimentações realizadas pelas pessoas físicas.

Hoje, a Receita tem controle sobre as demais instituições financeiras porque elas enviam relatórios ao fisco por uma plataforma conhecida como e-financeira.

Uma instituição normativa da Receita obrigava que fintechs e qualquer outra instituição digitais de pagamento teriam de informar sobre a movimentação com seus clientes, inclusive com o Pix.

No entanto, com a crise gerada após a divulgação de que o governo iria monitorar essas operações, a instrução foi revogada.

Segundo pessoas próximas à investigação, hoje o fisco não compartilha informações financeiras, protegidas por sigilo bancário, como as do Pix, com o Banco Central —que reúne as informações sobre todas as movimentações financeiras feitas pelo país, especialmente as do Pix.

A Receita e a Polícia Federal não comentam sobre operações.

Via assessoria, o fisco informa que a referida instrução normativa nunca implicou qualquer aumento de tributação e que visava "a um melhor gerenciamento de riscos pela administração tributária (...) em absoluto respeito às normas legais dos sigilos bancário e fiscal".

A Receita esclarece que a plataforma e-financeira informa cada operação realizada, mas não especifica o tipo, se envolve uma transferência ou um pix, por exemplo.

Com Stéfanie Rigamonti


Nenhum comentário: