Gilberto Tomazoni
Duas iniciativas lançadas pelo governo federal nesta semana têm o potencial de colocar a agropecuária brasileira em um patamar ainda mais alto.
A Plataforma Agro Brasil + Sustentável e o Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos vão aumentar a transparência da cadeia produtiva e agregar ainda mais valor à produção nacional. O Brasil, que já é líder global na produção ou exportação de soja, milho, laranja, carne bovina, carne de frango e tantos outros produtos, poderá expandir ainda mais o acesso aos mercados mais exigentes do planeta.
A Plataforma Agro Brasil + Sustentável é um exemplo de inovação no serviço público. O sistema integra diversos bancos de dados governamentais para permitir que produtores rurais forneçam informações como local de origem, modo de produção, práticas sustentáveis e certificações. Na outra ponta, os compradores desses produtos também poderão ter acesso às informações.
A plataforma vai funcionar como uma espécie de validadora nacional, de caráter oficial e menos dependente do estabelecimento de critérios que, muitas vezes, não respeitam a legislação brasileira. Ela vai dar visibilidade às práticas sustentáveis já adotadas no país, com o benefício de estimular sua adoção por mais produtores. Sua principal característica é ser universal, ou seja, poderá ser utilizada pelo pequeno, médio e grande produtor —que passa a ter acesso, num único lugar, a todas as informações sobre sua propriedade: do Cadastro Ambiental Rural aos dados de regularidade ambiental do Ibama.
A chegada da plataforma coincide com o lançamento do Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos. As duas iniciativas do Ministério da Agricultura coroam décadas de desenvolvimento que tornaram o país uma referência em pesquisa científica e geração de renda no campo. Fazendas brasileiras abrigam alguns dos hectares mais produtivos do mundo.
Viajando pelo Brasil, tive a oportunidade de conhecer propriedades que colhem três safras por ano e têm balanço de carbono neutro ou até positivo. Estrangeiros que estiveram nessas visitas se disseram surpresos de encontrar em pleno interior do Brasil a vanguarda ambiental em produção agrícola.
O mundo vive dois desafios gigantescos —ao mesmo tempo em que 2,3 bilhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar de moderada a severa, a população não para de crescer. Nesse contexto, o Brasil está numa posição privilegiada para ser o grande fornecedor de alimentos do mundo. Teremos mais 1 bilhão de bocas para alimentar até 2037, e outro bilhão ainda até 2050, segundo as projeções da ONU.
Com o aumento da transparência da cadeia produtiva, consumidores de todo o mundo, inclusive os brasileiros, poderão se abastecer dos alimentos produzidos no país com a garantia de que respeitam os mais altos padrões sanitários e ambientais. A indústria da carne, por exemplo, há mais de uma década adotou um protocolo setorial que bloqueia a compra de gado de fazendas com desmatamento ilegal ou que ocupem áreas de proteção ou terras indígenas, entre outros critérios.
Na JBS, além do monitoramento, temos atuado fortemente na cadeia produtiva com programas que apoiam os produtores rurais a adotarem as melhores práticas agrícolas. O programa Escritórios Verdes, por exemplo, já atendeu 14 mil produtores, oferecendo apoio para a regularização ambiental e assistência técnica para produzir de maneira mais eficiente. É um "ganha-ganha", porque assim tornamos o campo ainda mais sustentável, mais produtivo, e trazemos esses produtores de volta para a cadeia de fornecimento.
É do interesse do agro o aumento da transparência, e a participação de representantes dos diversos setores produtivos na construção tanto da Plataforma Agro Brasil + Sustentável como do Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos é prova disso.
Estou confiante de que esses dois lançamentos representam um novo marco na história de sucesso da agropecuária brasileira e terão apoio total do nosso setor para sua adoção e disseminação rápida em toda a cadeia de valor.
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