sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

O Banco Central do Brasil é o atual chato da festa, Celso Ming, OESP

 

Quando era presidente do Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos), o implacável Paul Volcker avisava que o banco central era o chato da festa que baixava o som e retirava a bebida quando a animação estava no auge.

É essa função que o Banco Central do Brasil (BC) passou a exercer com mais energia nessa quarta-feira, quando aumentou os juros básicos (Selic) em 1 ponto porcentual e anunciou outras duas pauladas, de 1 ponto cada uma, em janeiro e em março.

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Pois a festa seguia animada, com um crescimento do PIB da ordem de 3,5% neste ano, desemprego no seu nível mais baixo da história e vendas no varejo que acumulam alta de 4,9%  até outubro, como aponta o IBGE.

Quando o governo Lula vinha comemorando o que entendia como uma vitória por goleada da economia, vem o BC com um diagnóstico preocupante, a despeito desse maior dinamismo: a inflação avançando para acima da meta, perda do controle das expectativas, o dólar disparando, a dívida pública ameaçando chegar aos 100% do PIB, os fazedores de preços sem confiança na política fiscal do governo... Como está no comunicado do Copom emitido quarta-feira à noite: “O cenário se mostra menos incerto e mais adverso”. Daí, a paulada nos juros.

Como a variação da Selic quase nunca cai de uma vez de 1 ponto a zero, pode-se prever que os juros seguirão subindo ou 0,5 ou 0,25 ponto por vez, para acima dos 14,25% ao ano já anunciados. Se isso estiver correto, a partir de março o Banco Central presidido pelo escolhido a dedo por Lula, o economista Gabriel Galípolo, estará praticando juros a níveis mais altos do que os da atual administração presidida por Roberto Campos Neto, bode expiatório de renitentes ataques do governo atual.

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A pergunta que fica: até que ponto a política de juros agora reforçada conseguirá compensar - e reverter - as incertezas produzidas pela baixa disposição do governo Lula de segurar as despesas orçamentárias?

Em boa parte, a resposta a essa pergunta depende de que o governo Lula mude seu diagnóstico. Até agora, tinha como certo que a economia está uma maravilha e que o Banco Central joga contra o futuro do Brasil, porque endurece e encarece o crédito, semeia recessão e desemprego e nada faz para segurar o dólar com os US$ 363 bilhões em reservas à seu dispor.

Já que não conseguiu a virada no que entende por atuação nefasta do Banco Central em relação a seu projeto político-eleitoral focado em 2026, está para se saber se o presidente Lula truca nesse jogo e mantém a disparada das despesas públicas para comprar a boa vontade do eleitor  ou se adere de uma vez à responsabilidade fiscal para que o Banco Central volte a amolecer sua política de juros.

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