quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Conrado Hübner Mendes JusPorn Awards 2024: do jatinho ao camarote, FSP

 Bem-vindas de volta à juspornopopéia, a épica da Justiça brasileira! Aqui nenhum privilegiado tem vergonha de seu privilégio. Tá todo mundo liberado a rasgar a roupa e exibir o calibre de seu quinquênio retroativo. Tá todo mundo convidado a ostentar sua dotação orçamentária.

Nos anais do locupletamento ilícito, com o perdão da língua chula, a magistocracia não se regozija só na base de dinheiro público, bônus isentos de impostos, férias de dois meses fora o recesso, um dia de folga a cada três de trabalho, supersalários topless.

JusPorn Awards se dedica ao tesão magistocrático pelo dinheiro privado e pelo poder corporativo, pelas remunerações indiretas das boas amizades. É na promiscuidade que a magistocracia sai do armário e cospe no conflito de interesses. Para que conflito se podemos pacificar? O JusPorn Committee celebra a vitória porno-conceitual.

A imagem mostra um homem sem cabeça, vestido com um terno preto, emergindo de um ambiente aquático. Ele segura um troféu com uma mão e um jato particular com a outra. Acima dele, há uma cabeça com óculos escuros e um martelo de juiz. Em um balão de pensamento, aparecem duas taças de champanhe brindando. Ao fundo, um iate com a inscrição 'JusPorn Awards' e várias notas e documentos flutuando na água.
Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress

Respeitada a precedência da dignidade remuneratória à dignidade humana, hoje viemos premiar a passivo-obscenidade e a ativo-obscenidade a que todo magistocrata tem direito. O JusPorn Committee só não promete ficar de olhos bem fechados. Cumprimos nosso dever constitucional ao voyeurismo. Temos direito à falta de vergonha!

Aliados ao ministro Barroso, repudiamos o preconceito contra a iniciativa privada. Combatemos a tirania da maioria contra eventos magistocráticos patrocinados pelos homens de negócios mais pudicos do país e povoados por advogados mercadores de influência.

Um evento onde ética judicial, advocatícia e empresarial entram em conjunção amoral e amorosa. Harmonia padrão Kama Sutra. O JusPorn recomenda, mas exige transparência. Queremos saber da agenda diurna e soturna de juízes com esse pessoal. Protejamos essas minorias!

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O ano de 2024 ampliou encontros brasileiros no exterior. Nova York, Londres, Lisboa, ilhas italianas e gregas deram palco para esse valoroso extrato da cultura pública nacional. Mas o JusPorn não resiste ao encanto único do inferninho magistocrático nos sótãos de Lisboa, aos cuidados de host-empresário-agricultor-ministro do STF.

O encontro soa tão acadêmico, careta e comprometido com o Brasil de bens. Inocentes pensam ser um debate sobre Brazil fora do Brasil só com brasileiros e meia dúzia de portugueses amigos do dono da festa. O JusPorn arregaça as cortinas e ilumina a orgia lobística de além-mar.

O assanhamento vem sendo premiado pelo JusPorn há anos. A imprensa demorou a descobrir a beleza da juspornografia do encontro, mas se rendeu. Jornal português enrubesceu e cunhou o apelido "festival do arranjinho".

Há ministro do STF que emenda um evento europeu no outro enquanto participa de sessões do STF pela via remota. No intervalo, vai à final da Champions League em camarote de empresário. O tribunal arca com as diárias de seus seguranças no verão europeu.

Outro ministro viajou no jatinho de empresário das bets para aniversário sertanejo em iate em Mykonos. Semana seguinte o sertanejo foi preso e indiciado por lavagem. E dias atrás veio a manchete: "Almoço na casa de ministro do STF ajudou CPI a achar empresário de bet". Viva a inovação institucional! O JusPorn contribui ao Estado de Direito!

Semana que vem, último capítulo: a juspornografia do estupro de direitos. Até lá!


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