Pelo que leio nos jornais, o presidente Lula fará uma reforma ministerial. O objetivo principal seria melhorar a comunicação do governo.
É um clássico. Dirigentes sempre acham que estão fazendo um ótimo trabalho e, se a população não vê isso, só pode ser porque está mal-informada. Mas raramente o problema está na comunicação.
As pessoas não formam seus juízos sobre governantes a partir de dados sobre o que a administração fez ou deixou de fazer, mas a partir de percepções subjetivas moldadas pelas circunstâncias. A economia costuma ter bastante peso aí, mas outros elementos, inclusive os espantalhos produzidos pela polarização e pelas guerras culturais, também influem.
Lula tem, por ora, bons números na economia. O crescimento do PIB foi vistoso, a renda do trabalho aumentou e o desemprego está baixíssimo. Em outros tempos, isso bastaria para transformá-lo num campeão de popularidade e candidato imbatível à reeleição. Mas há sinais de que os tempos mudaram.
Um deles é que os resultados favoráveis da economia praticamente não alteraram a avaliação de Lula, que é quase a mesma da do início da gestão. Outro é o precedente americano. Joe Biden também ostentava ótimos números, mas não só não conseguiu sagrar-se candidato como ainda viu seu partido perder a Presidência e as duas casas do Legislativo.
As razões desse fenômeno ainda não foram inteiramente digeridas. O surto inflacionário do pós-Covid é apontado como uma causa relevante. Se isso é verdade, a alta do dólar aqui no Brasil, em larga medida consequência de barbeiragens evitáveis, não prognostica ventos favoráveis para Lula.
Cientistas políticos já se perguntam se a chamada vantagem do incumbente, que por mais de um século deu as cartas nas democracias, não se tornou agora uma desvantagem, tirando as oposições do papel de azarões naturais para transformá-las em favoritas. É cedo para dizer, mas eu não me espantaria. Vivemos tempos de impaciência. Talvez influenciadas pela tecnologia e pelas redes sociais, as pessoas hoje cobram resultados instantâneos.
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