Na última sexta-feira (6), o CEO da Sabesp, Carlos Piani, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), dividiram palco improvisado em uma estação de tratamento de esgoto na zona Norte de São Paulo para anunciar "o maior pacote de investimentos da história" da companhia de saneamento.
São R$ 15 bilhões em obras para os próximos dois anos, com o objetivo de universalizar os serviços de água e esgoto do estado em 2029.
Apesar de vultoso, este primeiro anúncio representa cerca de 25% dos investimentos que a Sabesp terá de fazer nos próximos cinco anos. A meta é executar algo próximo de R$ 70 bilhões nesse período. Por isso, segundo Piani, a promessa é que um megapacote seja anunciado anualmente até 2029.
O executivo diz que a média de investimento da Sabesp até 2023 era de R$ 4 bilhões por ano. "É um volume nunca visto pela Sabesp antes, e a gente vai ter que fazer isso mais vezes."
Dos R$ 15 bilhões, mais da metade (R$ 8,5 bilhões) é no IntegraTietê, programa do Governo de São Paulo que busca avançar na coleta e tratamento de esgoto, contribuindo para a revitalização do rio Tietê e seus afluentes.
De acordo com o executivo, trata-se principalmente de ampliação, modernização e construção de novas ETEs (estações de tratamento de esgoto).
"Na privatização, a grande lacuna é o tratamento de esgoto. Precisamos aumentar a capacidade para conectar novos consumidores", diz, em entrevista à Folha.
Há menos de 70 dias no cargo, ele diz que o foco da companhia é na universalização, que além de ter sido antecipada de 2033 para 2029 precisa agora incluir áreas rurais e informais, como ocupações e favelas.
"Essas duas mudanças vão gerar um volume de investimentos, um estresse, uma nova exigência na cadeia de suprimentos", afirma.
A quantidade de obras, inclusive, gera um risco de gargalo operacional. Segundo Piani, há empresas suficientes para tocar esses projetos, mas a Sabesp terá que materializar essa capacidade. "Provavelmente vai ter empresa de fora vindo. Será o maior volume de obras do setor. Isso chama atenção de muitas empresas que trabalham pelo Brasil", afirma.
Roberval Tavares, diretor de Engenharia e Inovação da Sabesp, diz que parte relevante do déficit de cobertura da Sabesp está na região de Guarulhos —município onde a companhia começou a operar em 2019—, nas franjas da zona Leste de São Paulo e na região metropolitana, como Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos e ABC Paulista.
Como mostrou reportagem da Folha de dezembro de 2023, São Paulo tem mais de 600 mil pessoas vivendo em meio ao esgoto e sem saneamento. Na cidade mais rica do Brasil, comunidades inteiras ainda residem em meio ao esgoto, principalmente à beira do rio Tietê.
Segundo Roberval, o objetivo é levar saneamento a essas famílias até dezembro de 2026. "Tudo que está sendo contratado [agora] é para o atendimento dessas comunidades", diz Roberval.
Piani acrescenta que a região perto de Guarulhos tem um déficit grande no tratamento de esgoto. "Ela está recebendo uma parte representativa desses investimentos agora. Onde tem o maior déficit, nós estamos indo primeiro", afirma.
Sobre o atendimento a áreas informais, o diretor de Engenharia diz que a política da Sabesp será a mesma: a companhia continuará atuando desde que haja aprovação dos órgãos públicos. "Sob autorização do município e do estado, nós vamos entrar colocando água ou esgoto."
Ele ressalta que algumas áreas informais vão "sobrar" no esforço de universalização por questões de liberação ambiental. Segundo ele, existem casas que estão, por exemplo, dentro da cota de inundação de represas. Ou seja, a Sabesp não será autorizada a fornecer serviços nesses locais.
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