terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Deirdre Nansen McCloskey, As promessas de Trump, FSP

 Minha sugestão, ao final da coluna da semana passada, para que Bolsonaro voltasse irritou muitos leitores. Eu entendo e peço desculpas. Bolsonaro deveria voltar apenas para responder por seus crimes.

Meu comentário foi uma figura de linguagem precipitada, destinada a transmitir o horror ainda maior que todos nós enfrentaremos agora, no Brasil, nos Estados Unidos e no resto do mundo, se Trump fizer o que prometeu fazer.

Ele e o bando que o cerca, por exemplo, prometeram colocar em campos de concentração 11 milhões de pessoas que vivem hoje sem visto nos Estados Unidos —trabalhando pacificamente— e, em seguida, deportar todos eles.

Ele prometeu romper a longa tradição de um Exército americano apolítico e, em seguida, usar o Exército para prender esses 11 milhões de pessoas. Ele prometeu usar o Exército para atacar manifestantes pacíficos.

Prometeu deixar Putin fazer o que quiser na Ucrânia e Netanyahu na Palestina.

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Prometeu sair da Otan. Ele prometeu fechar a economia dos EUA com tarifas —o Brasil é um bom exemplo que ele pode seguir.

Prometeu corromper o Departamento de Justiça e a Polícia Federal e ordenar que prendam seus inimigos políticos. Prometeu ainda a um Judiciário federal também corrupto prender jornalistas.

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump - Christian Hartmann - 7.dez.24/Reuters

Trump é um bandido fascista. Nesta segunda vez no comando, ele usará completamente no seu ofício de bandido o que aprendeu. Não podemos mais supor que ele esteja "apenas dizendo, mas não o fará". Sim, ele fará. Suas propostas de tarifas, por exemplo, não são meramente uma tática de negociação. Ele tem tão pouco conhecimento de economia que fará isso.

Se você acha que os brasileiros não precisam se preocupar, pense melhor. Por um lado, ele destruirá a economia internacional com as tarifas e, em seguida, destruirá a economia dos Estados Unidos com as deportações. Ambos prejudicarão o Brasil. Mais significativamente, a ascensão do fascismo no meu grande país inspirará imitadores em todo o mundo. Bolsonaro.

Assim como Bolsonaro, uma de suas propostas tem minha aprovação: a desregulamentação. Seu país e o meu, e a maioria dos outros, têm regulamentações demais. "Regular" parece prudente, como regular seu peso. A maior parte não é. O Registro Federal, que anota a parcela de regulamentações do governo central dos EUA, continha 183.424 páginas em 2021. Cada cidade e estado acrescenta páginas e mais páginas, como no Brasil. Sim, vamos nos livrar de boa parte disso.

Mas Trump não está se cercando de economistas sensatos, ou de advogados que pensam como economistas. Ao contrário de Milei na Argentina, Trump vai desregulamentar de modo desajeitado e tolo, e principalmente para ajudar seus apoiadores bilionários, como Elon Musk.

O horror de Trump poderia ter sido interrompido por três homens. O líder dos republicanos no Senado poderia tê-lo condenado por traição, mas não o fez. O procurador-geral [ministro da Justiça], ao contrário da acusação a Bolsonaro, adiou até que fosse tarde demais. E o presidente Biden deveria ter-se afastado antes. Eles estão destinados a longos mandatos no purgatório. Trump e Bolsonaro, claro, estão a caminho do inferno.

Enquanto isso, os Estados Unidos, diferentemente do Brasil, ainda não tiveram uma presidente mulher.

Que vergonha, rapazes.

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