Chegou ao fim a construção da ciclopassarela que conectará os distritos de Pinheiros e Butantã, na zona oeste da cidade de São Paulo.
A estrutura que atravessa o rio Pinheiros, os trilhos do trem e as avenidas Marginais tem quase 300 metros de comprimento, oito de altura e sete de largura.
A obra ainda não foi oficialmente inaugurada, aparentemente falta apenas a instalação de alguns guarda-corpos. Mas a placa já está lá: "Ciclopassarela Jornalista Erika Sallum".
Segundo a prefeitura, a data de descerramento está sendo definida. Se cumprido o cronograma, o festejo deve ocorrer até o dia 31.
Para pedestres e ciclistas, a notícia é um bálsamo. Além de por fim a uma espera de três décadas —o projeto da ciclopassarela virou lei em 1995—, a atribuição do nome Jornalista Erika Sallum atende ao pedido de milhares de paulistanos.
O desejo de homenagear a jornalista surgiu em grupos de cicloativistas, logo após sua morte, causada por um câncer de mama em agosto de 2021. Mas a petição ganhou força em agosto de 2023, quando foi publicada a Carta em Defesa da Ciclopassarela Jornalista Erika Sallum quatro meses antes do início das obras.
"Quando pronta, a obra vai refletir uma longa história de trabalho político e luta ativista em defesa de um espaço público mais inclusivo e mais sustentável. Nada mais justo, portanto, que a obra ganhe o nome da saudosa jornalista Erika Sallum, referência paulistana na defesa dos direitos humanos e no uso da bicicleta como ferramenta de inclusão social e de disseminação cultural", diz a carta.
O movimento culminou na criação do Projeto de Lei 468/23, de autoria dos vereadores Ricardo Teixeira (União), Luna Zarattini (PT), George Hato (MDB) e Marcelo Messias (MDB), aprovado em primeiro turno em outubro do ano passado.
Segundo a assessoria de imprensa da Câmara Municipal, uma segunda votação ainda é necessária para concluir o rito, e deve ocorrer no retorno do recesso, em fevereiro.
Formada em jornalismo pela USP, Erika trabalhou na Folha de meados dos anos 1990 até 2000. Depois, após uma passagem pela Veja São Paulo, fez mestrado em relações internacionais e direitos humanos na Universidade de Nova York entre 2007 e 2008, época que trabalhou na ONU. Em 2012 se engajou no cicloativismo e tornou-se diretora de redação da revista Outside. Em 2017 criou o blog Ciclocosmo na Folha. Usava o espaço para defender a mobilidade ativa, dar voz aos excluídos e apoiar as lutas contra o câncer e outras doenças.
Construir uma ponte dessa envergadura, dedicada exclusivamente ao trânsito de pedestres e ciclistas, é sinal de mudança positiva nas políticas públicas e legitima o espaço das bicicletas e dos pedestres em uma das cidades mais saturadas por carro neste planeta.
Batizá-la com o nome de Erika Sallum, em meio a incontáveis pontes com nomes masculinos, é sinal de reconhecimento da força da mulher e de sua importância para o desenvolvimento social. Seu nome reduz desigualdades, combate o câncer, valoriza o jornalismo profissional, orienta futuras gerações, conecta culturas de forma sustentável, ilumina boas ideias e nos inspira a viver. Acertada a decisão da administração municipal.
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