Marcelo Toledo
Onde não há mais trilhos, o prédio está conservado. Onde a linha férrea ainda existe, a antiga estação está totalmente abandonada.
Os controversos cenários descritos acima convivem a poucos quilômetros de distância em Estiva Gerbi (a 168 quilômetros de São Paulo), município da região de Campinas.
A primeira estação, cujo prédio está conservado, manteve as características originais e atualmente abriga uma delegacia de polícia.
A história da estação teve início em 1897, ano em que foi inaugurada oficialmente pela Companhia Mogiana de Estradas de Ferro.
Dez anos depois, o prédio passou por reformas e, desde então, Estiva Gerbi –hoje com 11.067 habitantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)– se desenvolveu.
A estação funcionou até 1979, quando foi desativada e deu lugar a outra, localizada fora da área urbana do município.
Esta tem os trilhos até hoje, mas… só tem isso. Já sob gestão da Fepasa (Ferrovias Paulista S.A.), transportou passageiros por 18 anos, até a interrupção das operações da linha, em 1997.
No mesmo ano, o estado assinou contrato com o governo federal, que resultou na incorporação da Fepasa à Rede Ferroviária Federal.
As últimas duas décadas foram marcadas pelo abandono da estação, com vidros quebrados, portas arrancadas, pichações e muito lixo no interior do prédio.
A história da cidade, aliás, está ligada intimamente à ferrovia, inclusive no nome. Embora seja um dos mais novos municípios paulistas, Estiva Gerbi tem trajetória que iniciou em 1878, quando trabalhadores chegaram à região para construir o prolongamento da linha férrea a partir de Mogi Mirim.
Segundo a prefeitura, surgiu um imprevisto quando a linha chegou perto do rio Oriçanga e era preciso romper uma área de alagamento. Isso obrigou os empregados a estivar, marcando com galhos e folhas os locais para serem aterrados para que os trilhos pudessem passar.
Da palavra surgiu o nome da estação e, posteriormente, da cidade –a emancipação de Estiva Gerbi ocorreu apenas em 1991. O Gerbi do nome se deve à família do empresário Lourenço Gerbi, que tinha uma indústria de cerâmica com essa denominação.
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