domingo, 29 de julho de 2018

Telebras acumula R$ 1,3 bilhão de prejuízo desde a privatização em 1998, FSP

Estatal virou operadora novamente em 2010, mas não assusta as companhias privadas

Taís Hirata
SÃO PAULO
A Telebras somou R$ 1,275 bilhão de prejuízo entre 1999 e 2017.
Após o leilão de julho de 1998, que privatizou 12 empresas que eram parte do grupo, a estatal foi mantida para pagar dívidas e fornecer pessoal à Anatel (agência do setor).
No entanto, em 2010, a Telebras foi novamente transformada em uma operadora, com a missão de gerir o Plano Nacional de Banda Larga e ampliar o acesso à internet.
Desde então, passou a ser responsável por projetos bilionários e a atuar (ainda que modestamente) no mercado, ao fornecer estrutura a pequenos provedores e assumir contratos com órgãos federais.
A concorrência não chega a ser uma ameaça ao setor privado, que fez críticas à reforma no papel da Telebras.
Em 1994, o então presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, falam durante entrevista coletiva sobre o leilão da Telebras - Sérgio Lima/Folhapress
“Há um fantasma [da estatal], mas, na conjuntura atual, a empresa não tem como crescer”, diz Eduardo Tude, da consultoria Teleco.
Um dos projetos mais polêmicos da empresa é o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas, que custou R$ 2,8 bilhões.
Lançado em maio de 2017, o equipamento ainda não gerou resultados por causa de um imbróglio judicial, que chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal) e só foi destravado recentemente, no dia 17.
Procurada, a Telebras afirmou, em nota, que seu déficit é fruto dos passivos deixados pelo antigo Sistema Telebras e de “investimentos significativos” feitos nos últimos anos.
A estatal defende seu satélite, que, segundo ela, tem como objetivo garantir segurança na comunicação das Forças Armadas e entre órgãos federais, além de apoiar a universalização da internet.

PRIVATIZAÇÃO VOLTA À PAUTA

A venda de empresas públicas voltou à agenda brasileira no governo Michel Temer, que criou um novo programa de desestatização nacional e colocou na mira a Eletrobras, uma das gigantes estatais que sobreviveram às ondas de privatização das décadas passadas.
Apesar da venda de companhias de menor porte nos anos 1980, foi em 1990 que as privatizações ganharam força, após a criação do Plano Nacional de Desestatização.
A siderurgia foi um dos primeiros alvos: em 1993, a CSN (Companhia Nacional de Siderurgia) foi vendida.
A Embraer, que acaba de acertar a venda de parte da empresa para a americana Boeing, foi privatizada em 1994. 
Em 1997, foi a vez da Vale do Rio Doce, uma das maiores mineradoras do mundo. O comprador foi um consórcio liderado pela CSN.
O leilão do Sistema Telebras, com receita de R$ 22 bilhões (valor da época), é considerado o maior do país.

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