A lembrança que o mundo levará do Brasil nesta Copa do Mundo não será a da equipe que jogou e perdeu com honra, mas a da que tentou ganhar com desonra —representada por Neymar rolando pelo gramado a cada falta real ou imaginária. Numa era mágica como a nossa, em que as câmeras podem esmiuçar cada imagem em qualquer ângulo ou velocidade, Neymar tornou-se piada mundial. E, para muitos, mais uma prova de que somos mesmo uns malandros.
Aos olhos de fora, já éramos o país que produziu Eike Batista, o sétimo homem mais rico do mundo no ranking da revista Forbes —“Crio riquezas do zero”, ele disse— e, de repente, descobriu-se que, sem monumentais manipulações e acordos com o então governo brasileiro, sua riqueza era mesmo zero. E o que dizer da Odebrecht, a empreiteira que parecia dominar o mundo, e hoje se sabe que, de mãos dadas com aquele mesmo governo, geriu o que se considera o maior caso de corrupção internacional da história?
Políticos que fizeram carreira passando-se por vestais ou por arautos de uma inédita prosperidade estão presos e condenados por corrupção. Pior ainda, sabe-se agora que seus números eram uma fraude. Milhões que acreditaram neles revoltam-se por terem sido feitos de trouxas e não querem repetir o erro —daí os altos índices de abstenção que se espera nas próximas eleições.
A economia acompanha a desmoralização política e vai para o buraco. Como investir num país em que não se sabe se o ministro com quem se conversa hoje não será apanhado e mandado para trás das grades antes de fechado o negócio? Até mesmo a Justiça está sub judice —para o povo, há juízes que, além da capa preta, deveriam usar máscara.
Diante desses casos, o grand-guignol de Neymar foi até inocente. O Brasil deveria disputar a Copa das falsificações. Um dia, teremos de pedir desculpas ao Paraguai pelo que já pensamos dele.
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