Depois de fincar bandeira ao lado dos últimos cinco presidentes da República, o MDB pode ser levado a um exercício de desapego em 2019. Isolado na disputa e confrontado pela massa de partidos do centrão, a sigla incluiu em suas contas a possibilidade de adotar postura independente ou até integrar a oposição no início do próximo governo.
O movimento seria mais uma migração forçada do que um autoexílio purificador. O partido foi ofuscado nas negociações eleitorais com o fortalecimento do bloco liderado por DEM, PP e PR. Para dirigentes dos dois campos, o MDB perdeu poder de barganha e chegará mais frágil à posse do próximo presidente.
Ainda que o centrão não seja um bloco monolítico, os 164 deputados do grupo representam um pilar atraente para a sustentação do futuro governo. Com 51 parlamentares na Câmara, o MDB poderia oferecer sua fidelidade ao Planalto, mas certamente seria tratado como coadjuvante.
Caso Geraldo Alckmin (PSDB) se torne presidente com a ajuda do centrão, os pontos mais vistosos do mercado imobiliário de Brasília já estarão prometidos a eles. Restaria aos chefes do MDB dois caminhos: entrar na fila das negociatas ou exercer o poder pela pressão.
Pelas contas do partido, seria mais eficaz incomodar o futuro presidente na oposição do que implorar por cargos de segunda classe desde a largada. Independente, o MDB se uniria ao PT e outras siglas derrotadas para conquistar a presidência do Senado, por exemplo, multiplicando seu poder de barganha.
A tática é aplicável em caso de vitória de outro candidato, quando o centrão pode se dissolver ou continuar unido para liderar as negociações com o futuro governante.
Embora a estratégia agrade à cúpula do MDB, o plano subestima o governismo inato de integrantes da sigla. De 1994 a 2006, o partido apoiou candidatos derrotados ou adotou neutralidade na corrida ao Planalto —o que não impediu alas do antigo PMDB de negociarem ministérios com os presidentes eleitos.
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