sexta-feira, 20 de julho de 2018

Vitorioso ou derrotado, PSDB ficará a reboque de outros partidos, FSP

Aposta final no centrão envolve fatura alta para os tucanos a partir de 2019

Vitorioso ou derrotado na eleição, o PSDB precisará aprender a desempenhar uma função diferente na cena política a partir de 2019. Após décadas de protagonismo, a sigla deve deixar as urnas desfigurada e possivelmente enfraquecida.
A estagnação de Geraldo Alckmin nas pesquisas afastou potenciais aliados e tornou evidente que os tucanos deixaram de ser um polo gravitacional incontestável. Os caminhos para revigorar sua candidatura são escassos —e todos envolvem alianças com partidos que devem cobrar faturas altas no futuro.
O bloco liderado por DEM e PP é a aposta final de Alckmin. A adesão dessas legendas a sua campanha ainda é considerada incerta e, caso se concretize, será tardia.
Se ganhar a eleição, o tucano precisará dar crédito considerável às siglas que emprestaram suas máquinas políticas para fazê-lo renascer das cinzas na última hora. Num eventual governo Alckmin, o centrãoserá sócio majoritário, e o PSDB ficará a reboque desse grupo no Congresso.
A perspectiva de derrota, além de parecer mais provável hoje, tem consequências dramáticas. Depreciada, a grife tucana deve ter mais dificuldades do que no passado para se reerguer caso fracasse na corrida.
Abatido em 2002, 2006, 2010 e 2014, o PSDB conseguiu preservar certo protagonismo político na oposição, mas o ciclo parece ter chegado ao fim. Se perder a eleição, o tucanato precisará se acotovelar com os profissionais do centrão —seja para aderir ao novo governo, seja para formar o novo bloco de oposição.
A deterioração do PSDB com a corrupção revelada pela Lava Jato, as divisões internas e a redução do peso nacional do partido ameaçam torná-lo uma sigla indistinta das demais.
Os tucanos se organizam há anos em torno de uma fila de presidenciáveis que acreditam ter cadeira cativa nos altares da política. Faltou ensaiar para um papel menos pretensioso. Como observou o colunista Celso Rocha de Barros, “se o PSDB perder essa eleição, há chances razoáveis de o partido acabar”.
Bruno Boghossian
Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).
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