Publicamos hoje mais um trabalho na Nature Scientific Reports, que quantifica a responsabilidade de veículos a diesel e etanol na poluição do ar em São Paulo. Emissões veiculares respondem por 61% do total de poluentes em São Paulo. Ônibus, que são 5% da frota, respondem por cerca de 50% das concentrações de Black Carbon, Tolueno e Benzeno na atmosfera. Estes compostos são mutagênicos.
Fácil de resolver: Colocando filtros em ônibus, reduzimos as emissões de black carbon em 95%. Tecnologia viável, existente e testada em São Paulo. Custo baixíssimo. Evitaria 11.200 mortes por ano só em Sao Paulo...
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Porque a Câmara Municipal não aprova a legislação obrigando os ônibus a limpar nossa cidade?
Artigo de livre acesso: Disentangling vehicular emission impact on urban air pollution using ethanol as a tracer. Autores: Joel Brito, Samara Carbone, Djacinto A. Monteiro dos Santos, Pamela Dominutti, Nilmara de Oliveira Nilmara Oliveira Alves, Luciana Rizzo e Paulo Artaxo
Scientific Reports 8, 10679, DOI 10.1038/s41598-018-29138-7
Scientific Reports 8, 10679, DOI 10.1038/s41598-018-29138-7
Caminhões e ônibus são responsáveis pela metade da concentração de poluentes atmosféricos em São Paulo, diz novo estudo da USP
Levantamento mostra que veículos a diesel são responsáveis por maiores emissões de substâncias altamente cancerígenas
ADAMO BAZANI
Maior controle no tráfego de caminhões, expansão de linhas de metrô e aumento da frota de ônibus menos poluentes, como os modelos híbridos, elétricos com baterias e redes de trólebus.
Ações como esta que já são de amplo conhecimento para melhoria da mobilidade e condições do ar em médias e grandes cidades ganham mais uma prova de que são necessárias.
Estudo divulgado nesta segunda-feira, 16 de julho de 2018, pelo Instituto de Física (IF) da USP – Universidade de São Paulo mostra que apesar de representarem em torno de 5% da frota de veículos na região metropolitana de São Paulo, os ônibus e caminhões, justamente por causa do óleo diesel, emitem cerca da metade das concentrações de alguns tipos de poluentes altamente cancerígenos.
Os resultados revelam que os veículos pesados a diesel foram responsáveis pelas emissões e concentrações de 30% do monóxido de carbono (CO), entre 40% e 45% do benzeno e do tolueno, e 50% do “black carbon”.
Entre as substâncias estão partículas de escalas manométricas (partículas de poluição muito finas que entram na corrente sanguínea afetando cérebro, coração e pulmões, por exemplo), ozônio, acetaldeído. O “black carbon” é o composto resultante da combustão presente na “fumaça preta” dos escapamentos.
Estes níveis de concentração podem ser maiores ainda já que as medições realizadas na região central da capital paulista ocorreram durante três meses da última primavera, período com mais chuva e melhores condições de dissipação de poluentes.
O estudo foi publicado nesta segunda, 16 de julho, na revista “Scientific Reports, do grupo Nature” e, segundo a USP, tem a vantagem de ter realizado medições reais e não apenas estimativas feitas dividindo as medições gerais pela quantidade de veículos nas vias.
Pela metodologia, foi possível identificar a origem de poluentes de acordo com cada tipo de veículo e seu combustível.
Para isso, o estudo utilizou a quantidade de etanol no ar para fazer a diferenciação entre as emissões de vans, picapes, carros e motos e as emissões dos veículos pesados, como ônibus e caminhões.
Líder do estudo no Instituto de Física, o pesquisador Joel Ferreira de Brito, disse, segundo a agência da USP, que a análise do etanol ajuda a identificar as fontes de emissões de cada poluente.
“O grande diferencial desta análise foi o foco não no efeito do etanol em si, mas no seu uso como um traçador de poluentes, permitindo separar pela primeira vez fontes veiculares distintas”
Ainda segundo a nota, o pesquisador defende ônibus com matrizes energéticas que não sejam somente o diesel.
“Pelos resultados obtidos, certamente uma redução de uso de veículos na cidade de São Paulo, aliada à expansão das linhas de metrô, por exemplo, é o primeiro e mais eficaz modo de minimizar a poluição na cidade. Um ótimo custo-benefício pode também ser obtido diminuindo as emissões de poluentes pelos ônibus”, ressalta o pesquisador.
Já o professor Paulo Artaxo, que também integrou o estudo, defende o uso de filtros nos ônibus a diesel, como ocorre na Europa, que podem reduzir em até 95% das emissões de alguns tipos de poluentes.
“É muito importante que estas novas tecnologias, que são baratas e podem ser adotadas a curto prazo, sejam efetivamente implementadas em São Paulo e nas grandes cidades brasileiras”, disse.
Acompanhe a divulgação do artigo técnico na Scientific Reports, em inglês.
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