Mais de 3.000 casais passaram pelo Laboratório do Amor criado pelo psicólogo John Gottman na Universidade de Washington em 1986. Suas conclusões são que 69% das brigas conjugais envolvem temas que se repetem, e a maneira de abordá-los faz muita diferença.
A experiência do Love Lab foi extrapolada, na Universidade Columbia, para o Laboratório das Conversas Difíceis. Lá, pesquisadores estudam como viabilizar debates sobre pautas polêmicas como aborto, livre posse de armas ou casamento gay.
Segundo eles, não há conversa possível se a questão é colocada de forma simples: contra ou a favor. Sentindo-se sob ameaça, o cérebro não gasta energia com a curiosidade.
Quando o assunto é apresentado com nuances e complexidade, porém, as reações defensivas se desanuviam e há troca de ideias.
Não quer dizer que os participantes sejam demovidos de suas convicções, mas surgem propostas intermediárias, consensos, e aumenta o entendimento sobre os outros.
Um depoimento recente da colunista Monica Hesse, do Washington Post, é boa ilustração. Ela tentava convencer um conhecido de que os homens brancos não estavam sumindo dos comerciais de TV.
Em vão lhe mandou artigos e estudos. Resolveram medir as aparições por alguns dias. No decorrer da experiência, ela soube que o colega perdera para a ex-mulher uma disputa judicial sobre seus filhos e sentia um preconceito velado crescente contra homens brancos nos EUA.
Isso a fez repensar o assunto.
Quando estava perto de concordar com o amigo, ele lhe escreveu. Após o experimento empírico, havia mudado de opinião.
Já no Brasil, vários degraus abaixo, os esforços americanos parecem um luxo. Chamada a opinar sobre o aborto pelo STF, a professora da UnB Debora Diniz passou a ser ameaçada de morte. A proteção que recebeu é medida pessoal. Não basta, como escreveu Janio de Freitas nesta quinta (26). É preciso identificar a autoria das ameaças e interrompê-las.
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