Em junho de 2013 o país foi tomado por uma avassaladora e incontrolável multidão nas ruas, em um cenário apocalíptico que prometia não deixar pedra sobre pedra.
Cinco anos e uma Lava Jato depois, e a 71 dias da eleição, a velha política mostra sua pujança, lembrando que a maioria das pedras voltou lá para cima de suas outras irmãzinhas.
De novidade mesmo, embora carregando bandeiras da Era Mesozoica, só correntes de direita que integraram a locomotiva do impeachment e são hoje a argamassa da candidatura de Jair Bolsonaro (PSL).
No mais, o chamado centrão protagonizou uma marcha sem eira nem beira, de um lado a outro, até aderir a Geraldo Alckmin (PSDB).
O loteamento de uma futura gestão está traçado porque ali, naturalmente, ninguém é trouxa.
Vendo a cena, Bolsonaro não manifestou rubor em chamar de podre a fruta que antes tentara apanhar.
Na esquerda, a encenação da candidatura de Lula, o El Cid do PT, segue seu curso, na esperança de que ele cometa a proeza de, mesmo vendo o sol nascer quadrado, repetir o que em 2010, em muito melhores condições, fez com Dilma Rousseff.
Não satisfeitos, a maioria desses políticos carrega nos coletes vices os mais maleáveis possíveis, enquadráveis em qualquer molde, de empresário-flex a príncipe sem trono.
Uma piada muito divertida, não fosse o fato de que três vices assumiram o leme do país desde 1985.
Enquanto isso, outra eleição que deveria atrair atenção tão grande dá sinais inequívocos de que se tornará o mais do mesmo, se não pior.
A escolha dos deputados federais define a força financeira e política que os partidos terão nos próximos quatro anos, além de compor uma casa, a Câmara, que é responsável por aprovar ou barrar as principais medidas do Executivo, e que foi a condutora da derrubada de dois presidentes nos últimos 30 anos.
Toda a engrenagem das campanhas a deputado tende a beneficiar políticos já estabelecidos. Não deveria ser assim. Mas assim, parece, será.
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