Candidato desiste de conversas com PR, mas terá que explicar flerte com Valdemar
A negociação frustrada de Jair Bolsonaro (PSL) com o PR de Valdemar Costa Neto encolhe a campanha do capitão reformado. O presidenciável dava como certa a formalização da aliança, que emprestaria uma máquina partidária de peso a sua candidatura. As dificuldades de articulação, porém, devem obrigá-lo a se recolher às próprias fileiras.
Além de perder os 45 segundos que o PR agregaria aos 8 do seu diminuto PSL, Bolsonaro precisará explicar a contradição de ter cortejado Valdemar até os acréscimos do segundo tempo. Como vai sustentar seu discurso raivoso contra a velha política se esteve prestes a abraçar um condenado por corrupção?
O revés ainda força o candidato a abandonar um vice dos sonhos, o senador e cantor evangélico Magno Malta (PR-ES). O capitão reformado recuou à caserna para buscar um novo parceiro, o general da reserva Augusto Heleno Pereira (PRP).
A sigla do novo vice acrescenta apenas quatro segundos a cada programa do deputado na TV e tem poucas candidaturas a governador e deputado, que costumam impulsionar as campanhas presidenciais.
Heleno é respeitado nas Forças Armadas, tanto nos quadros da reserva quanto da ativa. Trata-se, no entanto, de um jogo de soma zero: Bolsonaro reforça sua trincheira militar, mas acentua a imagem de uma candidatura de nicho único. Uma dupla fardada no poder não foi regra nem na ditadura. Três dos cinco presidentes militares tinham vices civis.
Além disso, Heleno é considerado uma caixa de ressonância de Bolsonaro. Ambos são considerados excessivamente francos. Na ativa, o general se insurgiu contra superiores: criticou a política indigenista de Lula e reclamou publicamente do emprego de tropas do Exército para patrulhar as ruas do Rio.
Depois do flerte malsucedido, Bolsonaro ataca a política que o traiu. O candidato sustenta que, se eleito, governará sem barganhas com o Congresso. Precisa ter em mente que estará sujeito aos mesmos personagens que o iludiram desta vez.
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