quinta-feira, 16 de novembro de 2023

QUEDA DE ÁRVORES NAS CIDADES: DIAGNÓSTICO E SOLUÇÕES, Álvaro Rodrigues

 Recorrentemente a todo final/início de ano repete-se a mesma novela: enchentes e

quedas de árvores trazendo incômodos e tragédias para a população urbana. Dois

fenômenos pelos quais ao homem, por seus erros, cabe a total responsabilidade. Com

especial destaque para as evidentes responsabilidades das administrações municipais.

No caso específico das árvores, por proceder ou permitir o plantio de espécies

arbóreas inteiramente inadequadas às especificidades do espaço urbano. Em cidades

como as nossas, de fiação aérea, tubulações enterradas sob a calçada e sarjetas e

intenso trânsito de veículos e pedestres, nunca se poderia adotar árvores de grande

porte, enraizamento destrutivo, fraca resistência ao ataque de pragas e extremamente

vulneráveis a ventos mais intensos. Nossas conhecidas Tipuanas (Tipuana tipu),

Sibipirunas (Caesalpinia pluviosa), Falsas Seringueiras (Ficus elastica), Figueiras

Benjamin (Ficus benjamina), Eucaliptos (Eucalyptus), Jacarandá-mimoso (Jacarandá

mimosaefolia), Quaresmeiras (Tibouchina granulosa) e outras, dominantes ao menos

na cena arbórea paulistana, constituem os exemplos mais evidentes dessa

inadequação, sendo comuns promotoras de vítimas, muitas delas fatais, e imensos

prejuízos patrimoniais com a queda de seus galhos, com seu tombamento total ou

com intercorrências com a rede elétrica. Infelizmente, essas espécies foram

generosamente e livremente espalhadas por nossas calçadas e praças, talvez por suas

características de fácil reprodução, rápido crescimento e segura pega.

Com absoluta certeza um programa de médio prazo, algo como cinco anos, de

impedimento de novos plantios, de remoção e progressiva substituição dessas

espécies arbóreas inadequadas já eliminaria algo como 90% dos problemas com

quedas de árvores e galhos.

A solução desse histórico problema por certo se completaria com um concomitante

programa de monitoramento e orientação da população para o plantio de espécies

arbóreas de pequeno e médio portes adequadas ao espaço urbano, incluindo oferta de

mudas e cuidados de manutenção.

Percebe-se que não é difícil e nem impossível vislumbrar e aplicar uma virtuosa e

prática solução para essa novela que recorrentemente atormenta as populações

urbanas, a ponto de ser muito difícil imaginar as razões pelas quais nossas

administrações municipais não tem tido a iniciativa de implementar esses programas.

Enfim, plantemos muitas árvores, milhões e milhões de árvores em nossas cidades,

elas nos são absolutamente necessárias, inclusive no combate às enchentes por

aumentarem a capacidade do espaço urbano em reter as águas de chuva, apenas

tomemos o inteligente cuidado de plantar as espécies arbóreas adequadas ao espaço a

que se destinam.

Geól. Álvaro Rodrigues dos Santos (santosalvaro@uol.com.br)

Ex-Diretor de Planejamento e Gestão do IPT e Ex-Diretor da Divisão de Geologia

Autor dos livros “Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática”, “A Grande Barreira da Serra do

Mar”, “Diálogos Geológicos”, “Cubatão”, “Enchentes e Deslizamentos: Causas e Soluções”, “Manual

Básico para Elaboração e Uso da Carta Geotécnica”, “Cidades e Geologia”

Consultor em Geologia de Engenharia, Geotecnia e Meio Ambiente

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