Já confessei a você que sou economista. É vergonhoso, mas não posso fazer nada.
Mas existem vários tipos da tribo de Econ. Quando eu era socialista, via tudo como a história da luta de classes. Assim, lutar é o que melhora a condição dos trabalhadores. Quando eu era keynesiana, via todas as despesas do Estado como tendo um efeito multiplicador. Portanto, o consumo causa produção. Desde os 30 anos ou mais, tenho sido o que considero uma economista real, ou seja, uma verdadeira liberal. Não vejo luta de classes nem efeitos multiplicadores. Já não acredito, como Marx, que os lucros dos capitalistas são roubados dos trabalhadores e acumulados na sala dos fundos, ou, como Keynes, que por magia o consumo pelo Estado não tem custo de oportunidade no consumo por... bem, por nós.
A grande implicação da economia real e do verdadeiro liberalismo é que todos ficarão vastamente mais ricos se o liberalismo substituir a luta de classes e os gastos do Estado. Quero dizer, 3.000% mais ricos desde 1800, o Brasil logo alcançando a França e os Estados Unidos.
Mas há um número infinito de pequenas implicações, pequenas observações explicadas pela escassez da economia real e pelos preços relativos. Precisamos dos pequenos, microassuntos para obter o macrorretorno. E assim como um arquiteto não consegue ver um edifício sem pensar na verticalidade e nos materiais, ou um fisioterapeuta não consegue ver uma pessoa andando de maneira estranha sem pensar em lesões nos joelhos e problemas nas costas, um economista real não consegue ver nenhum edifício ou pessoa sem querer relacionar suas estruturas e comportamentos aos preços de artigos escassos.
Por exemplo, notei novamente numa viagem recente à Itália que no continente europeu os elevadores são minúsculos em comparação com os dos Estados Unidos. Mas depois também notei que as escadas são normalmente maiores do que nos EUA, e então fiquei pensando. Resposta: a mão-de-obra já foi muito mais cara nos EUA do que na Itália. Como você leva um sofá grande até o quinto andar? Nos EUA, com dois homens e um grande elevador. Na Itália, com seis homens e uma escada larga.
Sim, é louco e talvez até falso. Mas, como uma economista real, aposto nos preços relativos.
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