Um editor do jornal Clarín, de Buenos Aires, pediu-me que explicasse por que descrevi Javier Milei, o libertário eleito presidente da Argentina no último domingo, como não sendo um "liberal totalmente adulto". No entanto, eu gostei que os argentinos o tenham escolhido como dirigente em vez do estatista peronista, suave, mas corrupto.
Costumo chamar o verdadeiro liberalismo de "adultismo".
O liberalismo é a única das filosofias políticas que não trata os cidadãos como crianças.
O conservador quer policiar e dominar as crianças más chamadas "cidadãos".
A esquerda progressista quer subsidiar e dominar as crianças tristes.
Más ou tristes, são todas crianças figurativas.
E há uma versão mista, como provaram ser Lula e seus juízes, que silencia as crianças e confisca suas contas bancárias.
O verdadeiro liberalismo não está no espectro. Trata-os como adultos, pessoas que assumem a responsabilidade por si próprias, pelos seus filhos de fato e pelos poucos concidadãos que realmente precisam ser policiados ou subsidiados, como criminosos e pessoas em necessidade desesperada.
Ser "totalmente liberal", portanto, significaria agir como um adulto e tratar os outros como adultos com quem se pode argumentar.
O raciocínio liberal pleno compreende as inevitáveis compensações entre as virtudes na vida humana, como prudência, temperança, coragem, justiça, integridade, otimismo racional e amor.
Um liberal completo e verdadeiro não depende da supercoerência alcançável apenas ao se elevar sua virtude, como a justiça dos direitos de propriedade.
Milei aprendeu a falar de forma supercoerente com anarcocapitalistas como o meu querido e velho amigo Walter Block, professor americano de economia em New Orleans. Assim como Milei, aprendi muito com Walter.
Sim, um liberal deveria honrar ferozmente, ao estilo de Walter, a prudência e a justiça. Mas também amor, coragem, integridade e tudo o mais. As virtudes às vezes entram em conflito, como quando a mulher valoriza primeiro o amor e primeiro a coragem do marido. Eles devem encontrar um meio-termo.
Uma abordagem totalmente adulta do liberalismo permitiria entendimentos e compensações entre as muitas virtudes da vida real, como na questão do aborto. Milei não. Torci para ele vencer, porque uma vitória terá implicações mundiais para o fim do estatismo e o início de um novo adultismo, tal como aconteceu com a derrota de Bolsonaro e em breve de Trump. E o novo Lula censor?
Mas um não adulto não governará bem. Por favor, cresça.
Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves
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