quarta-feira, 13 de agosto de 2025

PF faz operação contra fraudes no INSS envolvendo ex-funcionários da Caixa; veja como era o esquema, FSP

 A PF (Polícia Federal) realizou na manhã desta quarta-feira (13) operação contra fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) em pagamentos de benefícios indevidos envolvendo ex-funcionários da Caixa Econômica Federal.

Chamada de Operação Recupera, a ação ocorre na capital do Rio de Janeiro e em Santa Catarina, nas cidades de Florianópolis e Tubarão, com o cumprimento de seis mandados de busca e apreensão, e bloqueio e indisponibilidade de bens dos acusados no valor de R$ 3 milhões.

Segundo as investigações, as fraudes teriam começado em 2018, com a concessão indevida de benefícios assistenciais e previdenciários ao inserir dados falsos por meio de sistemas da Caixa. O próprio banco apoiou a operação policial.

A imagem mostra a fachada de uma agência da Caixa Econômica Federal. O prédio é de cor clara, com uma entrada em destaque, marcada por uma porta de vidro e uma escada com corrimão. O número 1371 está visível na parte superior da entrada. À direita, há uma placa com o logotipo da Caixa, que é composto por um 'X' em azul e laranja. O ambiente é urbano, com algumas árvores ao redor.
Fachada da agência da Caixa Econômica Federal; PF deflagra operação contra fraudes no INSS envolvendo ex-funcionários do banco - Rafaela Araújo/Folhapress

Estariam envolvidos nos golpes ex-funcionários do banco, que se valiam de seus acessos para inserir os dados e receber benefícios de forma fraudulenta. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados. Na época, ainda eram contratados, mas foram demitidos em 2022 e, mesmo assim, seguiram com o golpe.

As investigações apontam para o envolvimento de quatro ex-servidores que realizavam prova de vida de pessoas que não existiam ou que já tinham morrido.

Com isso, conseguiam emitir as segundas vias dos cartões de benefícios para que o INSS fizesse o pagamento de aposentadoria, pensão e/ou BPC (Benefício de Prestação Continuada).

Eles também são acusados de utilizar documentos adulterados para habilitar benefícios e de atuar de forma sincronizada na inserção dos dados no sistema.

Segundo a PF, a Caixa instaurou procedimento disciplinar e já demitiu os envolvidos. Os ex-servidores tinham antecedentes como faltas disciplinares no banco por conta de concessão indevida de benefícios.

Mesmo após a demissão, em 2022, os suspeitos continuaram com o esquema, conseguindo com que terceiros fizessem o saque de ao menos 17 benefícios fraudados.

Em nota, a Caixa afirma que atua em conjunto com órgãos de segurança pública quando é identificado algum indício de fraude e que as informações relativas a essas operações são sigilosas.

O banco informa que tem aperfeiçoado seus sistemas de segurança de acesso a aplicativos e movimentações financeiras, "acompanhando as melhores práticas de mercado e as evoluções necessárias ao observar a maneira de operar de fraudadores e golpistas", além de monitorar todas as transações e suspeitos.

Ação é diferente da Operação Sem Desconto

Em abril deste ano, operação da CGU (Controladoria-Geral da União) levou à descoberta de escândalo envolvendo descontos indevidos em benefícios do INSS feitos por sindicatos e associações. A investigação aponta que, de 2019 e 2024, foram descontados R$ 6,3 bilhões, dos quais parte é ilegal.

O desconto de mensalidades atingiu patamares bilionários após 2022, após movimentações políticas no Congresso que impediram o endurecimento de regras para barrar débitos ilegais.

O Congresso retirou exigências que previam a necessidade de as associações confirmarem, após um período, se os aposentados gostariam de continuar com os descontos. O início da revalidação primeiramente foi adiado e depois retirado da legislação em 2022.

No mesmo ano, o INSS publicou duas normativas regulamentando os descontos em benefícios, mas sem normas que pudessem dificultar fraudes.

Investigação levou ao afastamento de quatro servidores públicos federais e à demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto e do ministro da Previdência, Carlos Lupi. Depois disso, INSS fechou acordo com STF (Supremo Tribunal Federal) para pagar o que foi descontado a segurados que não reconhecem a associação ou sindicato e dizem que nunca autorizaram quaisquer descontos.

Já foram devolvidos mais de R$ 1 bi a 1,6 milhão de aposentados e pensionistas. Há um acordo aberto para quem quer receber de forma administrativa os valores. O prazo de adesão vai até novembro.

'Sim, ele é um f.d.p., mas é o nosso f.d.p.' Ruy Castro- FSP

 Uma frase atribuída ao presidente americano Franklin Roosevelt nos anos 1940 sobre o ditador nicaraguense Anastasio Somoza tornou-se um clássico da realpolitik: "Claro, ele é um f.d.p. Mas é o nosso f.d.p.". Ela resume o apoio dos EUA a ditadores estrangeiros, no poder à custa de fraudar eleições, calar a Justiça, prender, torturar e matar opositores e violar direitos humanos em nome da "liberdade". Sim, a ex-URSS e seus satélites também praticavam esses crimes, de que eram com justiça acusados pelo bloco democrático. Mas este fazia vista grossa à legião de iguais fs.d.p. acobertados pelos presidentes americanos. Exemplos.

Idi Amin Dada, de Uganda. Hugo Banzer, da Bolívia. Ngo Dihn Diem, do Vietnã. François Duvalier, do Haiti. Ferdinand Marcos, das Filipinas. Mobutu, do Zaire. General Manuel Noriega, do Panamá. O xá Reza Pahlevi, do Irã. George Papadopoulos, da Grécia. General Pinochet, do Chile. Pol Pot, do Camboja. Halie Selassié, da Etiópia. Oliveira Salazar, de Portugal. Generalíssimo Franco, da Espanha. Somoza Jr., da Nicarágua. Ian Smith, da Rodésia. Alfredo Stroessner, do Paraguai. General Suharto, da Indonésia. Rafael Trujillo, da República Dominicana. General Jorge Rafael Videla, da Argentina. Todos sanguinários. Nenhum deles levou uma Lei Magnitsky.

Muitos tomaram o poder na esteira de ações da CIA à base de espionagem, desestabilização do poder constituído, fomento de greves e passeatas e farta verba para propaganda. No Brasil, em 1964, isso se deu por meio do infame Ipês, Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, financiado pelos americanos. Naturalmente, todos os generais que se seguiram em Brasília tiveram as bênçãos dos EUA.
Donald Trump deve se lembrar da frase de Roosevelt quando lhe falam de Bolsonaro. Para salvar Bolsonaro da cana e tê-lo de volta, tenta desestabilizar o Brasil, dando ordens a nossas autoridades como se fosse um bedel e abalando a economia do país.

O engraçado é que Bolsonaro também deve se lembrar da frase de Roosevelt quando pensa em Trump.

Gravidez precoce: 57 meninas de 10 a 14 anos dão à luz todos os dias no Brasil, FSP

 Cinquenta e sete meninas entre 10 e 14 anos se tornam mães todos os dias no Brasil. A informação é de um levantamento realizado pelo Instituto AzMina para o projeto "Meninas Mães".

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Menina de 11 anos descobriu estar grávida após sofrer abuso na zona rural de Teresina, capital do Piauí - Renato Andrade/Folhapress

Entre 2014 e 2023, o Brasil registrou uma média anual de 20 mil garotas que deram à luz, totalizando 204.974 nascimentos. Os dados foram extraídos do DataSUS.

Segundo a legislação brasileira, qualquer relação sexual com menores de 14 anos é considerada estupro de vulnerável.

De acordo com a pesquisa, as maiores taxas de fecundidade nessa faixa etária concentram-se em cidades distantes de hospitais autorizados a realizar o procedimento de aborto legal.

A dificuldade é ainda maior nas regiões isoladas da Amazônia Legal — da qual fazem parte os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e partes do Maranhão e Mato Grosso.

Além disso, o estudo aponta que a população indígena é a mais afetada pela maternidade infantil. Entre os 100 municípios com as maiores taxas de fecundidade, 90 apresentam forte presença indígena.

Campinápolis (MT), Nova Nazaré (MT), Assis Brasil (AC), Itacajá (TO), General Carneiro (MT), Jacareacanga (PA), Tocantínia (TO), Alto Alegre (RR) e Uiramutã (RR) registram as maiores taxas de fecundidade de meninas com até 14 anos, sendo Uiramutã a cidade com maior população indígena do país, conforme o último censo do IBGE, realizado em 2022.

"O que mais me marcou foi perceber a naturalização da gravidez infantil. No interior do Brasil, a falta de informação e o acesso precário às políticas públicas se somam a desafios e violações de direitos que essas meninas enfrentam muito antes da gestação. Conversei com profissionais de postos de saúde que sequer conheciam protocolos sobre aborto legal", diz Schirlei Alves, jornalista que integra o projeto.

O material completo do projeto será apresentado nesta quarta-feira (13) e estará disponível no site do instituto.