domingo, 26 de novembro de 2023

Luiz Felipe Pondé - O mais absoluto tédio reina no coração do nosso mundo contemporâneo, FSP (definitivo)

 Suspeito que no coração do nosso mundo contemporâneo reina o mais absoluto tédio. Essa suspeita referente ao papel do tédio como motor de muitas das nossas ações tem vasta credencial na filosofia. Mas não irei tão longe. Ficarei no século 20.

Georges Bernanos (1888-1948) participa dessa linhagem filosófica, teológica e literária que teme o tédio como motor do pecado. A herança adâmica seria esse mesmo tédio que nos atravessa, ainda que tenhamos dificuldade de percebê-lo na imensa maioria das vezes. Penso mesmo que seja o tédio que mova essa coisa ridícula e típica dos nossos tempos chamada moda.

Da esquerda para à direita: um personagem deitado com rosto de lado entre lençóis e olhos fechados. Uma imagem estilizada de um coração, dois olhos grandes sobrepostos na imagem e uma cabeça com as duas mãos sobre a testa. A ilustração não apresenta uma narrativa aparente.
Ilustração da coluna Pondé - 27.nov.23 - Ricardo Cammarota

Num de seus clássicos, publicado no Brasil pela É Realizações, "Diário de um Pároco de Província", há um padre como protagonista —muito comum na obra de Bernanos, que quase foi padre, mas percebeu, a tempo, que sua vocação era de escritor, para nossa sorte—, que bebe e se afoga junto com seus paroquianos no tédio que cobre a vila como uma manta de pó.

Nosso narrador protagonista descreve esse tédio como uma espécie de poeira que cobre nossos olhos e penetra nossa boca, mas que percebemos apenas quando o pó fica entre nossos dentes. Uma boca cheia de areia, que não se sabe de onde vem e que é invisível.

O tédio reina absoluto entre nós. Essa inquietação tipicamente contemporânea que leva rios de gente para filas infernais nos fins de semana em busca de lazer e relaxamento —isso mesmo, relaxamento!— geme em nosso estomago.

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Mas, se temos tantas coisas a fazer, tantas coisas a nossa disposição, sendo que grande parte da humanidade nunca foi tão rica, por que tanto tédio? Por que inventar coisas para não sentir a pura passagem das horas?

Ao mesmo tempo, Bernanos descreve num outro grande livro, também publicado pela É Realizações, que esse mal em nós funciona como uma espécie de calor que nos derrete. Assim, a vida acompanhada pela solidão do mal brilha como fogo ardente no seu "Sob o Sol de Satã".

São infinitos os mecanismos à disposição do tédio. A busca de inovação nos assola, assim como quem sofre de uma sede eterna que tem à sua volta apenas água salgada para beber. Quando pensamos na obsessão pela inovação, percebemos que ultrapassamos a simples escala de uma psicologia subjetiva para adentrarmos numa sociologia objetiva.

A tara pela inovação se inscreve na estrutura material da vida moderna, sem pena e sem solução. Sem remédio. Todos hão de inovar, sob pena de extinção. As famílias, as pessoas, as empresas, os governos, as igrejas, as religiões. A histeria que toma conta das formas inovadas de espiritualidade carrega em si essa face deformada pelo tédio.

Um dos modos mais antigos de enfrentamento infeliz desse tédio que nos consome é sua negação por meio da autoafirmação de nossa autossuficiência. O afeto que habita esse processo é o orgulho, grande causador de tantos pecados na tradição cristã. Assim como uma entidade que passa a noite a gritar dentro da escuridão, o delírio da autossuficiência se dissolve na agonia do seu oposto, a insuficiência.

Como dizia acima, a moda talvez seja uma das formas mais recentes desse tédio ancestral. Muita luz, muito barulho, muitos amores, muitas juras de se reinventar, muitos lugares a ir e a não ver em estando lá, muitas compras, muita diversão alucinada, tudo para que o tempo passe sem que passemos por ele. Como não ver que toda essa fúria de conteúdo produzido em toda parte é o tédio que se esconde sob a face de uma falsa inteligência?

Essa maldição é como uma úlcera que consome o estômago. As modas de comportamento, de alimentação, de emagrecimento, de auto exposição grassa entre nós sem que nenhuma graça seja pressentida a nossa volta. Ano sabático? Uma das últimas modas a jurar que vencerá o tédio. O mundo não está só consumido pelos combustíveis fósseis, mas também pelos nossos desejos. A busca do sucesso talvez seja, entre as modas, a que mais faz vítimas.

Muitos acham que encontrarão a cura vivendo perto da natureza, mas esta, aos olhos dos homens, também é inundada pelo tédio da vida e da morte.

Juca Kfouri - O futuro branco do Corinthians, FSP

 Como se previa, a oposição venceu a eleição no Corinthians.

Não por suas qualidades, mas pelos incontáveis defeitos da situação.

O resultado é pior que o 5 a 1 imposto pelo Bahia, em Itaquera, na noite anterior à eleição. Porque submeterá o clube a três anos de desvario se não houver impeachment antes, como alguns maquiavélicos eleitores vitoriosos preveem.

Fácil explicar o comportamento dos que elegeram Augusto Melo, mal comparando aos que elegeram Javier Milei na Argentina. Como votar no ministro da Economia com a inflação a 140% ao ano?

Augusto Melo, o novo presidente do Corinthians - José Manoel Idalgo - 25.nov.23/Ag. Corinthians

Como votar no candidato apoiado, a contragosto, por Duilio Monteiro Alves, que não ganhou nada no futebol masculino e nada teve a ver com as vitórias do feminino —e até o abandonou no infame episódio da contratação de Cuca?

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Em nome do quê?

O que de bom ele fez em sua gestão além de não ter atrapalhado o trabalho no futebol feminino?

É tão verdade que Monteiro Alves nem sequer fez alusão aos títulos das Brabas ao fazer o balanço de seu terrível reinado nos últimos três anos.

Futebol feminino que pode ser melado agora porque a diretora Cris Gambaré denunciou, em nota, o machismo e a misoginia do presidente eleito.

Futebol feminino que ganhou tudo o que disputou em 2023, ao culminar com o tetracampeonato paulista, conquistado no domingo (26) sobre o São Paulo, em Itaquera, diante de 40.235 mil torcedores, com sonora goleada por 4 a 1, para coroar as façanhas do pentacampeonato no Campeonato Brasileiro e também do tetra na Libertadores.

É o futebol feminino que tem dado alegrias ao corintiano - Adriano Vizoni/Folhapress

O futuro do Corinthians está em branco no sentido de que nada se espera dele —a não ser mais dívidas, mais incompetência, menos transparência, mais sugadores do sangue alvinegro agora que novo bando chegou ao poder.

O futuro do Corinthians é branco para ser preenchido pelas denúncias que virão e serão objeto de inquéritos policiais.

Ser goleado é triste para qualquer torcedor, mas não existe clube nenhum no mundo que tenha escapado e, se de fato grande, deixado de dar a volta por cima. A humilhação tem o condão de estimular a redenção.

Fatal mesmo é a perda de compostura, embora seja verdade que os que mandam e desmandam no Corinthians há 16 anos estejam longe de ser exemplo, com as exceções de praxe.

Foram os atuais cartolas, redundante dizer, os responsáveis pela vitória de gente ainda pior que eles.

Independentemente de o time ser rebaixado no Campeonato Brasileiro, fato é que o clube acaba de dar mais um passo na direção do apequenamento porque, como se sabe, os espertos acabam devorados pela esperteza.

Se o baixo clero alvinegro estava no poder, doravante estará o alto, mas dos maus feitos.

Não se pode acreditar numa palavra do mitômano eleito presidente, nem mesmo na farsa do colete à prova de bala com que foi ao palco (ao circo?) da eleição, porque, se ameaças houvesse, ele as teria mostrado.

Assim como inventou os tais ex-governadores paulistas e corintianos que o procuraram, ou o curso que teria feito na USP, outros dois de seus menores pecados, apenas demonstrações de quão mitômano é. Em tempo: André Franco Montoro, Luiz Antônio Fleury Filho e Alberto Goldman, que se enquadrariam, já faleceram.

Pobre Sport Club Corinthians Paulista!

Se o piloto era muito ruim, agora sumiu.

Como fazer um elogio bom de verdade, segundo especialistas, NYT FSP

 Jancee Dunn

THE NEW YORK TIMES

Oferecer um elogio tem se mostrado benéfico tanto para quem elogia quanto para quem recebe. Mas muitas vezes nos seguramos porque estamos preocupados com a impressão que iremos causar, disse Erica Boothby, uma psicóloga social da Wharton School da Universidade da Pensilvânia (EUA).

"A realidade é que essas mensagens geralmente são muito mais bem-vindas do que esperamos", disse ela.

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Seja específico ao elogiar amigos ou entes queridos - Catarina Pignato

Recentemente, Milo McCabe me deu uma "aula de elogios" do lado de fora da principal filial da Biblioteca Pública de Nova York. O comediante britânico, que interpreta um personagem chamado Troy Hawke em vídeos virais, é conhecido por elogiar atletas em eventos esportivos.

Boothby, McCabe e outros especialistas dão conselhos de como elogiar.

ELOGIAR UM ESTRANHO? SEJA BREVE E SINCERO

Primeiro, avalie a linguagem corporal das pessoas para ver se elas parecem abertas a serem abordadas, disse McCabe. Procure características atraentes, acrescentou ele. Se alguém claramente se esforçou para se vestir bem, isso deve ser notado imediatamente. "Eu adoro esse blazer azul pastel", disse ele a um homem mais velho, cujo rosto se iluminou. Seja positivo, breve e continue se movendo, para que as pessoas se sintam tranquilizadas de que você não tem segundas intenções, disse McCabe.

ELOGIAR UM AMIGO OU FAMILIAR? SEJA ESPECÍFICO

Se você está elogiando alguém que conhece, tente torná-lo distinto, disse Barbara Fredrickson, diretora do Laboratório de Emoções Positivas e Psicofisiologia da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill (EUA).

Em vez de dizer que você gosta do riso de uma pessoa, descreva como isso te faz sentir. ("Ouvir você rir me faz querer rir também.") Ou, se você está elogiando algo que alguém fez, explique por que você admira isso, disse Fredrickson. "Em vez de apenas dizer: 'Ah, que jantar maravilhoso você fez'", ela disse, "você pode dizer: 'Você sempre é tão bom em encontrar uma nova receita e ser criativo'".

NÃO DUVIDE DE SI MESMO

Se você tem um pensamento positivo sobre alguém, disse Fredrickson, considere compartilhá-lo. Melhor ainda, procure oportunidades para encaixar um elogio em sua conversa. A maioria das pessoas está "no domínio de seu crítico interno", disse McCabe. "Mas se você pode dar a alguém um bom elogio —que você realmente quer dizer— você meio que dá um soco no crítico interno deles."