"Cherchez la femme" é uma expressão popularizada por Alexandre Dumas no romance "Os Moicanos de Paris", de 1854, significando que, para resolver um crime, deve-se procurar a mulher. Menos misógina, "follow the money" (siga o dinheiro) é o resumo do caso Watergate, na década de 1970. Hoje a dica óbvia é quebrar a senha do celular.
O vício de usar o aparelho é tão irresistível que o bandido —seja um pé de chinelo ou um engravatado— sabe que vai se comprometer, produzindo provas contra si mesmo, mas não resiste à compulsão de teclar com os polegares.
Um caso célebre é o do tenente-coronel Mauro Cid, cujo celular foi apreendido em 2023 durante a operação da Polícia Federal sobre a inclusão de dados falsos no cartão de vacina de Bolsonaro. A investigação acabou arquivada, mas o conteúdo do aparelho de Cid foi mais importante para elucidar a trama golpista do que a própria delação premiada do ajudante de ordens.
A prisão em setembro do então deputado TH Joias, aliado do governador Cláudio Castro, sob a acusação de negociar armas com o Comando Vermelho, puxou um fio de conversas que jogam o Legislativo e o Judiciário fluminenses no centro da atual devassa que liga a elite política ao crime organizado.
Antes de ser preso, TH Joias limpou seus aparelhos, mas usou um novo para conversar com o ex-presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar. A partir de dados encontrados em três celulares de Bacellar, a PF prendeu o desembargador Macário Júdice Neto por obstrução de investigação e violação de sigilo funcional.
A troca de mensagens entre Bacellar e Macário é uma fofura: "Te amo", "Sou teu fã", "Saudade de falar com o amigo". Agora são os celulares do desembargador, já desbloqueados, que vão falar.
Um dos alvos da operação Unha e Carne é Gutemberg de Paula Fonseca, secretário estadual e homem de confiança de Flávio Bolsonaro. Nos corredores do Palácio Guanabara dizem que Gutemberg manda mais do que Cláudio Castro. A pré-campanha presidencial do filho 01 está em pânico.

Nenhum comentário:
Postar um comentário