Um dos lugares mais importantes para a história de São Paulo, o largo São Francisco, vai passar por uma reforma urbanística no próximo ano. A Prefeitura abriu ontem (17) uma consulta pública para colher contribuições da população para o projeto e complementar seus estudos técnicos, a fim de definir prioridades e diretrizes para a intervenção.
O pedido de requalificação do espaço, que fica na região central da cidade, foi feito pela Faculdade de Direito da USP e pela associação dos antigos alunos da instituição.
Um diagnóstico preparado pela São Paulo Urbanismo, empresa municipal vinculada à SMUL (Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento), mostra, por exemplo, que trechos de ruas do entorno podem virar passagens exclusivas para pedestres.
A faculdade reivindica que a rua Cristóvão Colombo seja fechada, pensando em uma interligação com o prédio da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), hoje pertencente à USP.
O diagnóstico revela também que a área carece de mobiliário urbano, acessibilidade, cobertura nos pontos de ônibus, locais de permanência, canteiros e arborização.
A ideia é atender às novas demandas de uso do espaço público priorizando a mobilidade ativa e, ao mesmo tempo, valorizar o patrimônio histórico do largo, que inclui várias construções tombadas.
Nessa lista entram, além da Faculdade de Direito, o convento e as duas igrejas de São Francisco (Ordem Primeira e Ordem Terceira), a Fecap, os edifícios Frei Santana Galvão, Saldanha Marinho e Riachuelo e a antiga Secretaria de Viação e Obras Públicas. O lugar conta com 30 luminárias ornamentais da Light, que começaram a ser instaladas no Centro em 1927.
O largo São Francisco faz parte do Triângulo Histórico de São Paulo, cujos outros dois vértices estão no largo São Bento e no Pateo do Collegio. Suas igrejas estão entre as mais antigas da cidade. A da Ordem Primeira, atrelada ao convento, é de 1647 e a da Ordem Terceira, de 1787. As duas possuem estruturas originais preservadas e passaram por reformas.
A importância urbanística da área decorre também do fato dela ter sido uma fonte de água potável para os paulistanos pelo menos desde 1744.
Havia uma fonte canalizada e direcionada à rua que vinha do convento e jorrava incessantemente. Depois foi instalado um chafariz, construído e reconstruído algumas vezes em diversos pontos do largo.
A Faculdade de Direito começou a funcionar no local em 1827 com o nome de Curso Jurídico. Foi a primeira do Brasil, junto com a de Olinda, e trouxe agitação para a cidade com a vinda dos estudantes.
Trinta e cinco anos mais tarde, a área em torno dela ainda era bastante precária, com pavimento irregular, um pequeno espaço de calçada e apenas um poste de iluminação.
O prédio atual da faculdade foi construído nos anos 1930, quando as luminárias ornamentais já estavam instaladas e o largo era caminho dos bondes elétricos. Outra novidade que causava impacto era o edifício Saldanha Marinho, com 60 metros de altura, construído em 1933.
Na década de 1970, o largo ficou mais próximo de sua configuração atual com o aumento da calçada sobre o leito viário entre a faculdade e o canteiro central.
Adotou-se no novo calçamento o padrão com o mapa do estado de São Paulo criado por Mirthes Bernardes. Em 2014, uma faixa de estacionamento de carros foi convertida em ciclovia.
Com a requalificação, a Prefeitura diz que pretende preservar, manter e valorizar o conjunto do largo São Francisco. A iniciativa também faz parte da comemoração dos 200 anos da faculdade. O prazo para contribuições na consulta pública vai até o dia 14 de janeiro.



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