sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

Prepotência pôs Alexandre de Moraes no topo da lista de malas do ano, Mario Sergio Conti - FSP

 A política disputa com a Sansonite o galardão de maior produtora de malas do Brasil. É uma praga mundial, quem sabe interestrelar: eis aí o narcisista e desonesto Donald Trump, exemplo escarrado do que a política se tornou, impondo seu obsceno corpanzil a terráqueos e alienígenas.

Com isso, políticos hipertrofiam a lista dos malas do ano, perturbando a sensata gente que não se liga em baixarias. O adágio atribuído a Platão tem seu grão de verdade: quem não gosta de política é governado pela choldra que gosta. Aos políticos, pois, mas sem ranhetice. Desprezá-los é uma forma de crítica, senão de vingança.

Uma pessoa caminha da direita para esquerda da ilustração, ela carrega uma bolsa tira colo, uma mala de mão e outra mala de rodinhas. A pessoa está vestida com trajes de verão: camisa verde, shorts azul e chinelo de dedo verde. 
Ilustração de Bruna Barros para coluna de Mario Sergio Conti de 27 de dezembro de 2025 - Bruna Barros

Hugo Motta
Ninguém sabia da sua existência até ontem, salvo o povo bom e amigo de Patos, na Paraíba, que há três gerações elege estropícios do clã Motta. Tornou-se deputado aos 22 anos e não largou mais o uniforme de janota e a rapadura. Como não se lhe conhece uma ideia, requisito imperativo para triunfar no Poder Legislativo, elegeu-se cacique da Câmara. Sua obra mais vistosa é o topete, mantido à força de barris de gomalina trazidos da Paraíba por comboios de jamantas.

Davi Alcolumbre
Sabe-se vagamente quem é porque veste os ternos mais amarfanhados de Brasília, além de presidir o Senado, ao que parece pela segunda vez. Tentou se formar economista na sua Macapá natal e em boa hora malogrou —um a menos!— virando vendedor de não se sabe o quê. Homem de princípios de aço, enalteceu Bolsonaro em prosa e verso e exalta Lula em verso e prosa. Na hora do vamos-ver, quebrou lanças em defesa de Aécio Neves, mala metafórico vidrado em malas literais.

Eduardo Bolsonaro
O zero à esquerda dispensa apresentações. Mas relembre-se que iniciou sua pândega carreira quando papai mexeu os pauzinhos e foi nomeado escrivão de polícia em Guajará-Mirim, o segundo maior município de Rondônia —pensa que o Bananinha é pouca porcaria?

Michelle Bolsonaro
A prisão de sua cara metade lhe avivou o ar de megera. O casal traz à memória o dito de Samuel Butler, escritor britânico do século 19: "Deus foi bom ao casar o sr. Carlyle com a sra. Carlyle, fazendo duas pessoas infelizes em vez de quatro". Nossa literatura melhoraria muito se, para fazer troça dos Bolsonaro, Reinaldo Moraes plagiasse o darwinismo de Butler em "O Caminho de Toda Carne".

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Sóstenes Cavalcante
Mergulhou num lago de óleo de peroba para lustrar a cara de pau. A polícia achou R$ 470 mil em espécie num flat do prócer bolsonarista e ele disse que esqueceu de pôr a dinheirama no banco devido à "correria do trabalho". Vá trabalhar assim no raio que o parta.

Fábio Jr.
Chega de políticos, ô raça! Tutty Vasques disse tudo: "Toda vez que entra no ar o comercial da Amil com o Fábio Jr. cantando ‘Pai’, que Deus me perdoe, tenho vontade de dar um tiro na televisão e matar o velho. Anota aí: no meu governo, conto de fadas sobre plano de saúde em propaganda enganosa será considerado crime hediondo inafiançável."

Ivete Sangalo
É uma mala que não fecha, tantos são os badulaques que leva. Frango, tintura para cabelo, sidra, remédio, comida congelada, um troço chamado Piracanjuba, viagens, cerveja, banco, eletrodoméstico, café, sabonete —anuncia de tudo. É ligar o rádio, ou a televisão, ou o celular, ou o computador e lá está ela, engabelando os bugres. Nem com a bufunfa de Sóstenes Cavalcante daria para comprar tudo o que propagandeia.

Neymar
Abandonou o futebol há mais de uma década, mas não há quem lhe tire o título de jogador mais ranzinza da Via Láctea desde o Big Bang.

Galvão Bueno
Tem gente que não liga o desconfiômetro nem toma simancol. Já deu, é hora de pendurar as chuteiras e parar de aporrinhar o próximo.

Dias Toffoli
Acreditou-se que atingiu o ápice da sabujice ao impedir Lula de ir ao enterro do irmão. Santa ingenuidade. Assim que Lula foi eleito, ajoelhou-se a seus pés, açoitou-se, verteu lágrimas de crocodilo e implorou perdão. Agora, em junho, superou-se e foi de jatinho com uma turma de tipos suspeitos ver um jogo no Peru. Como os maus vinhos, piora com o passar dos anos. Logo, logo vira vinagre.

Alexandre de Moraes
Ao apagar das luzes de 2025, atropelou o páreo e abiscoitou a taça de mala do ano. Aliás, não é um mala, e sim um contêiner de prepotência e arrogância. Como se acha acima da gentalha maledicente, não se digna a esclarecer se sua mulher assinou um contrato de R$ 129 milhões com o Bando Master. Almeja ser estátua equestre.


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