São Paulo
A inexperiência é o único defeito que não piora com a idade. Devemos, então, concluir que há esperança para Hugo Motta, o jovem presidente da Câmara que vem metendo os pés pelas mãos num ritmo que surpreende até seus padrinhos políticos?
Só nesta semana ele cometeu dois lapsos graves. Preocupado em não reeditar a frouxidão com que lidou com o motim de parlamentares bolsonaristas em agosto, resolveu enfrentar a rebelião do deputado Glauber Braga com firmeza. Mandou suspender a transmissão ao vivo da sessão —o equivalente legislativo do policial desligando a câmara corporal—, retirou a imprensa do plenário e soltou a Polícia Legislativa em cima dos insurgentes. Os agentes da ordem não foram delicados nem urbanos.
Um observador caridoso poderá argumentar que esse foi um erro de execução, não de posicionamento. O objetivo de retomar a cadeira presidencial era corretíssimo. Talvez. Em mais dois ou três motins, Motta acabará acertando a dose.
O segundo grande equívoco da semana foi ter permitido que a condenada foragida Carla Zambelli conservasse seu mandato de deputada. É fato que Motta apenas seguiu o roteiro estabelecido pela Constituição para determinar a perda de mandato de parlamentares condenados com sentença penal definitiva. Ele não viu que a Carta escondia uma bela armadilha ao remeter o caso para o plenário.
Haveria caminhos alternativos, como cassar o mandato pela impossibilidade física de comparecer às sessões ou pela suspensão dos direitos políticos, situações em que a sanção é aplicada automaticamente pela Mesa, sem votação. E os erros desta semana se somam a vários outros de semanas anteriores. Meu espaço é exíguo então lembro apenas a "dafaecatio maxima" que foi ter bancado a PEC da Blindagem.
Respondendo à pergunta do início do texto, eu diria que em princípio sim. O cérebro humano é plástico, e pessoas são capazes de aprender. Mas, no caso de Motta, pelo andar da carruagem, não sei se ele terá o tempo de um segundo mandato para tornar-se menos inexperiente.

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